M3 (submetralhadora)
A M3 é uma pistola-metralhadora (português europeu) ou submetralhadora (português brasileiro) desenvolvida pelos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial como uma substituta mais barata para a pistola-metralhadora Thompson. A M3 foi preparada para o mesmo cartucho .45 ACP disparado pela Thompson, porém era mais barata para produzir em massa e era mais leve, embora, ao contrário da crença popular, fosse menos precisa.[12] Devido ao seu formato recebeu o apelido de "Pistola de Graxa" (em Inglês "Grease Gun").[13]
A M3 pretendia substituir a Thompson e começou a entrar no serviço de linha de frente em meados de 1944. A variante M3A1 foi usada na Guerra da Coreia e em conflitos posteriores.
Uma versão com silenciador da M3 também foi utilizada durante a Guerra do Vietname pelas equipas dos Navy SEALs.
O fuzil M14, adotado nos EUA em 1959, destinava-se a substituir a M3A1 (bem como o M1 Garand, o M1918 BAR e a carabina M1)[14] mas o recuo do cartucho 7,62×51mm NATO do M14 provou ser muito poderoso para o papel de submetralhadora. O M14, por sua vez, foi substituído pelo fuzil M16 em 1964, e este (de cartucho intermediário 5,56×45mm NATO) foi um substituto melhor para a M3A1. As submetralhadoras M3A1 foram aposentadas do serviço de linha de frente dos EUA depois de 1959, mas continuaram a ser usadas, por exemplo, como armas para tripulações de veículos blindados, pelo menos até a Guerra do Golfo (1990-1991).
História e Design
[editar | editar código-fonte]Quando a Segunda Guerra Mundial começou a pistola-metralhadora Thompson era a padrão dos Estados Unidos. Contudo, a Thompson era mais cara, em termos de tempo e custos de produção, quando comparada com outras pistolas-metralhadoras. Outros modelos novos da Thompson tinham reduzido em muito o custo de produção (por exemplo a M1928 contra a M1A1), mas um novo design poderia baixar o custo ainda mais. O conceito básico de uma nova arma, barata e desenhada para produção em massa tem as suas origens na Chauchat da Primeira Guerra Mundial, a pistola-metralhadora mais produzida da guerra. A M3 de calibre .45 tinha sido introduzida em 1942, sendo desenhada especificamente para uma produção mais simples sem utilizadas partes de metal estampadas. Esforços semelhantes para produção de uma pistola-metralhadora de baixos custos de produção foram feitos pela Grã-Bretanha (Lanchester e Sten), Alemanha (MP34), etc… A União Soviética, França, e Itália viriam também a desenvolver armas mais baratas nos anos 40.
Operadores
[editar | editar código-fonte]- Argentina[15]
- Áustria[16]
- Bolívia[17]
- Brasil[18]
- Burundi: Rebeldes do Burundi[19]
- República Popular da China: Capturada e usada na Guerra da Coreia por soldados chineses do Exército de Libertação Popular.
- República da China Enviada via Lend-Lease ao Exército Nacional Revolucionário Chinês, junta com a Thompson, para substituir as cópias chinesas desatualizadas das submetralhadoras MP 18 e MP 28 usadas durante a Segunda Guerra Sino-Japonesa e os primeiros anos da Guerra Civil Chinesa.[20] Cópias feitas como Type 36 e Type 37, cujo número recebeu o nome do Calendário Republicano Chinês[3][21]
- Frente Nacional de Libertação do Congo[6]
- Cuba[22]
- Equador[17]
- França: Usada durante a Segunda Guerra Mundial pelas forças da França Livre[17] e durante as guerras da Indochina[23] e da Argélia[24]
- Grécia Usada pelas forças armadas gregas durante a Segunda Guerra Mundial e no período pós-Segunda Guerra Mundial.[2][25]
- Granada[26]
- Guatemala[17]
- Haiti[27]
- Indonésia:[10] Obtida do Exército Real das Índias Orientais Holandesas após a independência da Indonésia.
- Irão[28] Usada pela Guarda Imperial Iraniana.[29]
- Resistência italiana: Fornecida nas versões .45 ACP e 9 mm.[30]
- Japão: Utilizada pelas Forças de Autodefesa do Japão até a adoção da Minebea PM-9.[31][32][33] Conhecida por ser usada pelas tripulações de tanques da
Força Terrestre de Autodefesa do Japão como arma de defesa pessoal. Todas as armas foram aposentadas em 2011.[34]
- Coreia do Sul: O Exército recebeu 748 M3 antes da Guerra da Coreia. A M3 em serviço no Exército atingiu 4.565 (dezembro de 1950), 7.350 (dezembro de 1951), 23.311 (dezembro de 1952) e 39.626 (27 de julho de 1953) unidades.[35] Mais tarde usada pelo Comando de Guerra Especial até ser substituído pela K1A.
- Coreia do Norte:[17] Usada por espiões infiltrados na Coreia do Sul.
- Reino do Laos: Recebida pelo governo dos EUA durante a Guerra do Vietnã de 1955–1975.[36]
- Macedônia: 707 submetralhadoras M3 excedentes foram transferidas para a Macedônia em 1999.[17]
- Marrocos: 1.472 submetralhadoras M3A1 excedentes foram transferidas para Marrocos na década de 1990.[37]
- Noruega Variante de 9 mm fornecida à resistência norueguesa durante a Segunda Guerra Mundial pelo OSS (junto com a submetralhadora United Defense M42).[38]
- Paraguai[39]
- Filipinas:[17] Suas submetralhadoras M3 foram liberadas dos estoques de reserva pela Marinha Filipina devido a restrições orçamentárias.[40] As modificações feitas nas armas recondicionadas incluem um supressor integral e um trilho Picatinny.[41] A arma foi testada com um protótipo em maio de 2004.[40]
- União Soviética[42]
- Taiwan: Ainda em serviço na década de 1960.[43]
- Tailândia: Usada pelas Forças Aéreas Reais Tailandesas.
- Turquia[25]
- Reino Unido: Em uso pela 78ª Divisão Britânica depois de novembro de 1944[44] e mais tarde usado por soldados do 41 Comando na Coreia[45]
- Estados Unidos[1][17][46]
- Vietnã do Norte: Usada pelo Việt Cộng e pelo Việt Minh.[47]
- Vietnã do Sul[48][49]
- Movimento Papua Livre[50]
Referências
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Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- «Small Arms Review: The M3A1 Grease Gun» (em inglês)
- Submetralhadoras dos Estados Unidos
- Armas de infantaria da Guerra Fria
- Armas de fogo dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial
- Submetralhadoras da Segunda Guerra Mundial
- Armas de infantaria dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial
- Submetralhadoras de 9 mm Parabellum
- Submetralhadoras de .45 ACP
- Armas de infantaria do Brasil na Segunda Guerra Mundial
- Armas de fogo silenciadas