Saltar para o conteúdo

Madalena Penitente (Ticiano, 1533)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Madalena Penitente
Madalena Penitente (Ticiano, 1533)
Autor Ticiano
Data 1533
Gênero arte sacra, nu artístico
Técnica tinta a óleo, painel
Dimensões 84 centímetro x 69 centímetro
Localização Galeria Palatina

Madalena Penitente é uma pintura de Maria Madalena por Ticiano, datada de cerca de 1533 e assinada "TITIANUS" no vaso de unguentos, à esquerda. Está atualmente exposta na Sala di Apollo do Palazzo Pitti , em Florença, Itália.

História[editar | editar código-fonte]

O quadro foi encomendado pelo Duque de Mântua, Federico Gonzaga, como imagem devocional para a famosa poeta Vittoria Colonna (1490-1547). No entanto, acredita-se que Vittoria ofereceu a Madalena a Eleonora Gonzaga, pois a pintura foi encontrada, em 1631, na coleção do seu filho, o Duque de Urbino.[1] Vittoria, uma sábia e devota mulher, obteve grande inspiração na imagem de Ticiano, mesmo apesar deste retrato de Madalena ser muito sensual. Madalena surge radiante sobre um plano de fundo escuro, como se a luz que a ilumina fosse interior, levando Vittoria a acreditar que Madalena "brilhava com a sua paixão ardente por Cristo".[2]

Análise[editar | editar código-fonte]

A representação de Madalena como uma mulher pecadora, que reencontrou o caminho da virtude quando encontrou Jesus, era muito popular no século XVI, permitindo aos artistas combinarem o erotismo e a religião sem provocarem escândalo. A versão de Ticiano apresenta Madalena durante um momento de grande exaltação e profundo arrependimento, com lágrimas nos olhos (uma referência à unção de Jesus) e o olhar levantado para o céu. A sua nudez, cujo erotismo não passou despercebido a Vasari, refere-se à lenda medieval, de que as roupas de Madalena se desfizeram durante os trinta anos que ela passou no deserto, em penitência, após a Ascensão de Jesus. De facto, na arte ocidentl, a maioria dos artistas retrata Maria Madalena sem roupas, ou apenas com vestidos soltos, tal como na representação posterior de Ticiano, de 1565. De acordo a Lenda Dourada, Madalena passou os seus últimos anos nua e sozinha num eremitério, nas montanhas da Provença, alimentado por anjos que a visitavam diariamente. A ausência de roupas simbolizava também o abandono de todos os bens materiais, a favor da fé em Cristo. Os cabelos louros, as carnes abundantes e os lábios cheios correspondem ao ideal de beleza da época da Renascença.

Referências

  1. Goffen, Rona. Titian's Women. Yale UP, 1997.
  2. Debby, Nirit Ben-Aryeh (2003-01-01). "Vittoria Colonna and Titian's Pitti "Magdalen"". Woman's Art Journal. 24 (1): 29–33. doi:10.2307/1358804.