Manachir Restúnio
Manachir Restúnio | |
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Morte | Antes de 339 |
Etnia | Armênio |
Ocupação | Nobre |
Religião | Catolicismo |
Manachir Restúnio (em armênio/arménio: Մանաճիհր; romaniz.: Manačihr) foi um nobre armênio do século IV, ativo durante o reinado do rei Cosroes III (r. 330–339).
Nome
[editar | editar código-fonte]Manachir (Մանաճիհր, Manačihr) é a forma armênia do persa médio Manaschir (Manaščihr), que por sua vez derivou do avéstico Manuschitra (Manušciθra), "aquele que tem a natureza de Manu".[1][2]
Vida
[editar | editar código-fonte]Manachir pertencia à família Restúnio e presume-se que fosse naapetes (chefe) de sua família, a julgar pelas menções a ele como "grão-príncipe" e "senhor do reino".[3] Estava ativo sob Cosroes III (r. 330–339) e segundo Moisés de Corene, foi nomeado como comandante-em-chefe do exército sul da Armênia,[4][5] mas essa divisão do exército não é conhecida nesse período, indicando uma confusão de Moisés.[3][a] Moisés segue seu relato afirmando que o general Antíoco, enviado pelo imperador Constâncio II (r. 337–361) para ajudar Cosroes a combater o rebelde Bacúrio, enviou Manachir à Assíria e Mesopotâmia com seu exército e com o exército da Cilícia. Supostamente matou Bacúrio e capturou seu filho Hexai, que foi enviado a Cosroes;[6] Fausto, o Bizantino não menciona-o entre os nobres que mataram Bacúrio e dá destino diferente a Hexai.[7]
Moisés e Fausto, por conseguinte, citam-no confrontando o bispo Jacó de Nísibis. Para Moisés, Manachir fez massacres nas províncias sob seu controle, não apenas de guerreiros mas de camponeses, e levou muitos cativos de Nísibis, inclusive oito diáconos de Jacó. Jacó visitou-o e pediu que libertasse os cativos comuns, pois não eram culpados, mas Manachir se recusou e aduziu o rei em desculpa. Jacó escreveu ao rei e Manachir ordenou, por instigação dos locais, que os diáconos fossem jogados ao mar. Jacó se enfureceu, subiu numa montanha sobre a qual toda a província de Manachir era visível e amaldiçoou o país. Várias calamidades ocorreram e Manachir morreu em sofrimento, mas seu filho e herdeiro, cujo nome não é citado, conseguiu sucedê-lo por intercessão de Jacó.[8]
Segundo Fausto, num relato bem diferente, Manachir foi visitado por Jacó. Jacó ouviu dizer que era perverso, insensível e desonesto e que, da ira da amargura de sua alma, matou inúmeras pessoas. Para lá se dirigiu com a intenção de ensinar e aconselhar para atenuar sua natureza violenta. Fausto afirmou que quando Manachir viu Jacó, o desprezou, ridicularizou e zombou. E por seu comportamento selvagem, ordenou que 800 homens, a quem escravizou, fossem trazidos diante dele e então lançados ao mar de um promontório. Então ordenou que Jacó fosse ridicularizado e expulso de sua terra e disse: "Tu vês o quanto exaltei a ti por tuas boas palavras? Aliviei-os de seus laços e ainda estão nadando no mar". Jacó partiu e do alto de uma montanha lançou uma maldição sobre sua terra. Dois dias após sua partida, Manachir, sua esposa e sete filhos pereceram.[9]
Notas
[editar | editar código-fonte]- [a] ^ Segundo Nina Garsoïan, essa divisão do exército em porções não é conhecida em outras fontes e aparenta ser uma confusão de Moisés a respeito das quatro "portas", inspiradas nos quatro pontos cardeais, como registrado na Lista Militar (Զորնամակ, Zōrnamak), o documento que indica a quantidade de cavaleiros que cada uma das família nobres devia ceder ao exército real em caso de convocação.[10]
Referências
- ↑ Fausto, o Bizantino 1989, p. 386.
- ↑ Ačaṙyan 1942–1962, p. 192.
- ↑ a b Fausto, o Bizantino 1989, p. 386.
- ↑ Dodgeon 2002, p. 273-274.
- ↑ Moisés de Corene 1978, p. 237.
- ↑ Moisés de Corene 1978, p. 259.
- ↑ Moisés de Corene 1978, p. 259, nota 1.
- ↑ Moisés de Corene 1978, p. 259-260.
- ↑ Fausto, o Bizantino 1989, p. 78-79 (III.10.35-36).
- ↑ Fausto, o Bizantino 1989, p. 419.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Ačaṙyan, Hračʻya (1942–1962). «Մանաճիհր». Hayocʻ anjnanunneri baṙaran [Dictionary of Personal Names of Armenians]. Erevã: Imprensa da Universidade de Erevã
- Dodgeon, Michael H.; Lieu, Samuel N. C. (2002). The Roman Eastern Frontier and the Persian Wars (Part I, 226–363 AD). Londres: Routledge. ISBN 0-415-00342-3
- Fausto, o Bizantino (1989). Garsoïan, Nina, ed. The Epic Histories Attributed to Pʻawstos Buzand: (Buzandaran Patmutʻiwnkʻ). Cambrígia, Massachusetts: Departamento de Línguas e Civilizações Próximo Orientais, Universidade de Harvard
- Moisés de Corene (1978). Thomson, Robert W., ed. History of the Armenians. Cambrígia, Massachusetts; Londres: Harvard University Press