Manoel Vieira Leão
Manoel Vieira Leão | |
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Dados pessoais | |
Nascimento | c.1727 Rio de Janeiro |
Morte | c.1803 Rio de Janeiro |
Vida militar | |
País | Brasil colônia |
Hierarquia | Sargento-mor |
Batalhas | Guerra hispano-portuguesa (1776-1777) |
Manoel Vieira Leão (Portugal, c.1727 — Rio de Janeiro, c.1803) foi um engenheiro militar, cartógrafo e topógrafo português que prestou importantes serviços no Brasil durante o período colonial, sobretudo nos atuais estados do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Santa Catarina. Foi duramente responsabilizado pela conquista de Santa Catarina por parte dos espanhóis no contexto da Guerra hispano-portuguesa (1776-1777), o que provocou a sua prisão por mais de oito anos.
Biografia[editar | editar código-fonte]
Após a conclusão de seus estudos em Portugal, partiu para o Rio de Janeiro em 11 de fevereiro de 1752, quando ocupava o posto de primeiro-tenente, com destino à Capitania do Rio Grande de São Pedro, juntamente a outros militares para a realização dos trabalhos de demarcação no sul do Brasil, conforme acordado entre as coroas de Portugal e Espanha no Tratado de Madrid (1750). Durante os primeiros momentos das demarcações, acompanhou Gomes Freire de Andrade, percorrendo diversas regiões à margem norte do Rio da Prata. Todavia, por volta de agosto e 1754, partiu do Forte Jesus, Maria e José compondo as forças portuguesas que tinham por objetivo colaborar na evacuação da Região das Missões, em consequência da Guerra Guaranítica.[1][2]
Elaborou, também, quando tinha 28 anos de idade, o projeto arquitetônico para a construção da Catedral de São Pedro, em Rio Grande, fundada oficialmente no ano de 1755.[3][4]
A partir de abril de 1759, como membro das partidas demarcadoras, participou na segunda fase de laboração da primeira equipe, chefiada por José Custódio de Sá e Faria. Participou do reconhecimento do Rio Ibicuí, tarefa que lhe conferiu considerável destaque no desenrolar desses trabalhos, o que ficou evidenciado pelo fato de ter sido Vieira Leão o segundo demarcador português, somente atrás de Sá e Faria, a assinar o diário da referida equipe. [5]
Ainda neste ano de 1759, foi proposto para ocupar o posto de Capitão do Regimento de Artilharia do Rio de Janeiro, sob a indicação de Freire de Andrade, o que se concretizou somente em fins do ano de 1761, quando Vieira Leão foi transferido para a província fluminense. No Rio de Janeiro, prestou valiosos serviços para a coroa lusa, o que rendeu-lhe a nomeação para o posto de governador da Fortaleza de São Sebastião do Castelo e o recebimento da patente de Sargento-Mor. Ainda nessa localidade, elaborou um importante trabalho cartográfico intitulado Carta topográfica da capitania do Rio de Janeiro, sob ordem do Vice-rei Conde da Cunha, o qual requereu, ainda, diversas outras cartas topográficas[nota 1] a Vieira Leão durante a sua atuação no Rio de Janeiro.[6][7]
Ainda no Rio de Janeiro, Vieira Leão solicitou que lhe fosse concedido o governo do Forte da Praia Vermelha juntamente ao posto de Tenente-coronel, o que lhe foi negado.[8]
Prisão[editar | editar código-fonte]
No contexto da Guerra hispano-portuguesa (1776-1777), Vieira Leão encontrava-se na Ilha de Santa Catarina quando a mesma foi conquistada pelos espanhóis, sob a liderança do governador do Prata, Pedro de Cevallos. Juntamente à José Custódio de Sá e Faria, foi um dos militares mais responsabilizados pela derrota, o que culminou na sua prisão na Ilha de Villegaignon, no Rio de Janeiro, sendo em seguida levado para Portugal, onde ficou detido pelo período de oito anos, até ser libertado e reformado no seu posto por uma cédula real, em 14 de janeiro de 1786, ocasião em que teve, inclusive, de volta os seus bens, outrora apreendidos pela justiça e agora entregues a seu filho Alexandre José de Azevedo Leão Coutinho no momento de sua soltura.[9][7][10]
Em liberdade novamente, Manoel Vieira Leão retornou as atividades de outrora e elaborou, ainda, outros trabalhos cartográficos, entre eles a Carta geográfica de uma parte da província do Rio de Janeiro, em 1801. Todavia, já septuagenário, faleceu por volta do ano de 1803, no Rio de Janeiro.[7]
Notas
- ↑ No total são 15 cartas topográficas aglutinadas em um pequeno livro intitulado "Cartas topographicas da capitania do Rio de Janeiro".
Referências
- ↑ Ferreira 2001, p. 251.
- ↑ Tavares 2000, p. 196.
- ↑ Torres 2006, pp. 59-60.
- ↑ Chaves 2019.
- ↑ Ferreira 2001, pp. 251-252.
- ↑ Tavares 2000, p. 197.
- ↑ a b c Ferreira 2001, p. 252.
- ↑ Barreto 1976, p. 802.
- ↑ Viterbo 1964, p. 15.
- ↑ Barreto 801, p. 1976.
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- Barreto, Abeillard (1976). Bibliografia sul-riograndense: a contribuição portuguesa e estrangeira para o conhecimento e a integração do Rio Grande do Sul. Rio de Janeiro: Conselho Federal de Cultura. p. 802
- Chaves, Ricardo (2019). «Catedral de São Pedro: conheça a história da primeira igreja portuguesa construída no RS». GZH. Rio Grande
- Ferreira, Mário (2001). O Tratado de Madrid e o Brasil meridional: os trabalhos demarcadores das partidas do sul e a sua produção cartográfica (1749-1761). Lisboa: Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses. pp. 251–252. ISBN 9789727870264
- Tavares, Aurélio (2000). A engenharia militar portuguesa na construção do Brasil. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Editora. pp. 196–197. ISBN 9788570112767
- Torres, Luiz (2006). «A Catedral de São Pedro». Rio Grande. BIBLOS. Volume 18: 55-64
- Viterbo, Sousa (1964). Expedições científico-militares enviadas ao Brasil. Lisboa: Edições Panorama. pp. 15–17