Mansão Matarazzo
A Mansão Matarazzo foi um casarão da cidade de São Paulo, Brasil, construído em 1896, pelo conde Francesco Matarazzo, imigrante italiano e patriarca da família. A mansão ocupava o número 1230 da Avenida Paulista, na esquina com a Rua Pamplona.[1][2][3]
Características
[editar | editar código-fonte]O palacete foi construído em estilo neoclássico, com área de 4 400 metros quadrados, implantado num terreno de doze mil metros quadrados de jardins. Contava com dezenove quartos, dezessete salas, três adegas, refeitórios, uma cozinha com azulejos até o teto e uma biblioteca repleta de livros raros. A decoração interior era composta por móveis venezianos, portas florentinas, mesas chinesas, pratarias e porcelanas de diversas proveniências, quadros de elevado valor de Rubens, Brueghel e Canaletto. A encimar a fachada, estava o brasão dos Matarazzo, esculpido em mármore travertino. A casa foi cenário de festas grandiosas, frequentadas pela alta sociedade paulistana.
Ampliação e reformulação
[editar | editar código-fonte]Entre os anos 1920-30, a casa foi adaptada com uma série de mudanças, a partir das aquisições de terrenos ao redor e a construção do nível superior. Nesta primeira fase, a mansão servia como residência do Conde Francesco Matarazzo.[1]
No início dos anos 1940 sofreu uma reformulação total. Francisco Matarazzo Júnior, que sucedeu o pai no comando do Grupo Matarazzo, encomendou ao arquiteto Marcello Piacentini um novo projeto para a residência, que foi totalmente reconstruída. Na mansão ocorreu uma das mais lendárias festas da elite brasileira, o casamento de Filomena Matarazzo com o industrial carioca João Lage. A celebração ficou conhecida como a “milésima segunda noite da Avenida Paulista” e durou três dias.[4]
Decadência
[editar | editar código-fonte]Após a morte do conde Chiquinho Matarazzo, em 1977, a mansão entrou em decadência. A condessa Mariângela, viúva do conde, e sua filha, Maria Pia Matarazzo, moraram no local até 1989. Depois disso, a casa ficou abandonada. Em seguida, a família e a prefeitura de São Paulo entraram em conflito a respeito do projeto de tombamento do imóvel.
Tombamento e anulação
[editar | editar código-fonte]A Mansão Matarazzo foi tombada em 1989, a contragosto da família, numa polêmica disputa judicial entre os Matarazzo e a Prefeitura de São Paulo, à época dirigida pela prefeita Luiza Erundina, que pretendia instalar no imóvel o Museu do Trabalhador. A família, que exigia uma indenização milionária, ainda tentou implodir a casa durante uma madrugada, por meio de uma bomba detonada em seu porão. Embora a implosão não tenha ocorrido, o artefato comprometeu sua estrutura. O projeto do museu não foi adiante e, em 1994, a família conseguiu reverter na justiça o tombamento e reaver a mansão.[5]
Demolição
[editar | editar código-fonte]O processo de demolição começou em 1996, ano do centenário da mansão. O terreno foi vendido à Cyrela Commercial Properties e a uma empresa do grupo Camargo Corrêa (atual Mover Participações), por 125 milhões de reais, que ali construiu o Shopping Cidade São Paulo. Até 2011, existia no local um estacionamento. Em março daquele ano foi dado alvará para o início das obras de construção do shopping, não restando nada tombado no terreno.[6]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ a b «Série Avenida Paulista: da mansão Matarazzo ao Cidade São Paulo». Projeto São Paulo City. 25 de setembro de 2016. Consultado em 3 de agosto de 2020
- ↑ «G1 > Economia e Negócios - NOTÍCIAS - Empresas pagam R$ 130 milhões por terreno da mansão Matarazzo». g1.globo.com. Consultado em 3 de agosto de 2020
- ↑ «Livro reúne histórias sobre pontos de São Paulo com passados difíceis». VEJA SÃO PAULO (em inglês). Consultado em 3 de agosto de 2020
- ↑ Borges, Gustavo (3 de maio de 2016). «Mansão Matarazzo termina de ser demolida». HISTORY. Consultado em 3 de agosto de 2020
- ↑ «Família Matarazzo vende terreno na av. Paulista por R$ 125 mi» (html). Folha.com. 11 de Janeiro de 2007
- ↑ «Prefeitura de SP autoriza início das obras de shopping na Av. Paulista» (html). G1. 8 de abril de 2011