Manuel Joaquim de Sousa
Manuel Joaquim de Sousa | |
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Manuel Joaquim de Sousa discursando num comício do 1º de maio, no Parque Eduardo VII, em Lisboa. | |
1º Secretário Geral da CGT | |
Dados pessoais | |
Nascimento | 24 de novembro de 1883 Porto, Portugal |
Morte | 27 de fevereiro de 1944 (60 anos) Lisboa, Portugal |
Manuel Joaquim de Sousa (Paranhos, Porto, 24 de Novembro de 1883 - Lisboa, 27 de Fevereiro de 1944) foi uma das figuras de destaque do movimento anarco-sindicalista português e um dirigente sindical importante da I República. [1] [2] Em 1919, foi eleito como primeiro secretário-geral da Confederação Geral do Trabalho e mais tarde foi o redactor principal do diário confederal “A Batalha”. [1] [3] [4] Orador influente, jornalista e polemista (para alguns, muito sectário ideologicamente – ver, como exemplo, a questão da sua “obstinação” contra a revolução russa e os marxistas, uma vez que se oponha a qualquer forma de autoritarismo), marcou uma geração de sindicalistas libertários. [1] [2] [3]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Depois de escassos meses de escola primária, as necessidades económicas da família atiraram-no, ainda criança, para o mundo do trabalho e da exploração.[1] [2]Servente de carpinteiro e de alfaiate, aos 12 anos começou a trabalhar de sapateiro, o que viria a ser a sua profissão.[1][2] Desde muito novo interessado pelas leituras, é atraído pelos ambientes anarquistas nortenhos do fim do século XIX e faz a sua aprendizagem militante nas associações de classe dos sapateiros portuenses. [1] [2]
Carlos Nobre, Benjamim Relido e, sobretudo, Serafim Lucena, são então homens de grande projecção do anarquismo. [1] Por volta de 1903 comprou o seu primeiro jornal anarquista "O Despertar". Uns anos mais tarde, em 1908, participa no Grupo de Propaganda Libertária onde publica um folheto intitulado O primeiro de Maio e as suas Origens - grupo que em seguida se transforma no Comité de Propaganda Sindicalista do Porto, peça importante na construção do sindicalismo revolucionário [1]. Participa do jornal anarquista "A Vida" (1905-1910) dinamizado por Serafim Cardoso Lucena e Joaquim Henrique Teixeira Júnior. Posteriormente, após o encerramento do periódico "A VIda" (por questões legais) lança-se com outros camaradas, como António Alves Pereira e Serafim Cardoso Lucena, num novo protejo, o jornal, "A Aurora" (1910-1920).Toma parte activa no 1.° e no 2.° Congresso Sindicalista. Neste último, em 1911, são constituídas duas Uniões Operárias, a de Lisboa e a do Porto, sendo Manuel Joaquim de Sousa escolhido para secretário-geral da última. [1] [3] Impulsiona a actividade do Centro e Biblioteca de Estudos Sociais, verdadeiro foco de irradiação cultural e doutrinária do anarquismo nortenho. Publica então um livro intitulado O Sindicalismo e a Acção Directa, onde descreve o método da Acção Directa no contexto sindicalista. [1] [4][5]No 1º Congresso Anarquista Português defenderia em duas sessões as teses «Organização Anarquista» e «Sindicalismo e Anarquismo».
Em 1914 representa a organização sindicalista do norte no Congresso Operário de Tomar, onde nasce a União Operária Nacional, a primeira central sindical portuguesa, de orientação nitidamente sindicalista revolucionária. [1][3]
Tomou também parte na delegação portuguesa ao Congresso Contra a Guerra, em 1915, no Ferrol, a qual foi presa e expulsa para Portugal. [1][3] Tempos depois passou a viver em Lisboa e no ano de 1919 participa do Congresso de Coimbra onde a UON dá lugar à CGT. [1][3] Manuel Joaquim de Sousa foi redactor das bases da Confederação, bem como da tese "Relações Internacionais".[1] Eleito secretário-geral do primeiro Comité Confederal, ocupou esse cargo durante três anos, até ao Congresso da Covilhã.[1][3] Anos de intensa fermentação revolucionária, o entusiasmo suscitado pela revolução russa, as lutas na Alemanha, na Hungria, na Itália; e, em Portugal, as greves de grandes proporções dos ferroviários, dos correios e telégrafos, do professorado, do funcionalismo, da construção civil, da metalurgia, e outros movimentos proletários. [1] Sousa propõe a criação e redige as bases da Liga Operária de Expropriação Económica, que, seria paralelamente à C.G.T. e no plano consumidor, o organismo económico da Revolução. [1] Ainda neste período, e como anarco-sindicalista, Manuel Joaquim de Sousa critica publicamente as posições e actividades dos maximalistas e do Partido Comunista numa série de artigos intitulados "A boa paz", publicados por A Batalha, de que era, ao tempo, director. [1][3]
Em 1925 representa a sua Federação do Calçado no Congresso de Santarém.[1] Preso após o 7 de Fevereiro de 1928, é forçado, como todos os outros, a uma semi-clandestinidade. [1][2] Participa então na criação da Aliança Libértária, e entra no seu comité executivo de Lisboa. Por estas actividades, é de novo preso, em 1933, encontrando-se na cadeia na altura do 18 de Janeiro do ano seguinte. [1][2] Doente, mas sempre mantendo o contacto com os companheiros inteira-se das suas actividades clandestinas. [1]
Encontra-se colaboração da sua autoria na revista Renovação (1925-1926) [6].
Morreu em Lisboa, a 27 de Fevereiro de 1944. [1]
Obras
[editar | editar código-fonte]- Sindicalismo e Acção Directa (1931)
- O Sindicalismo em Portugal: esboço histórico (1931)
- Últimos tempos de Acção Sindical Livre e do Anarquismo Militante (1989)
Referências
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w E. Rodrigues (1982). A oposição Libertária em Portugal. 1939-1974. Lisboa. Sementeira.
- ↑ a b c d e f g Manuel Joaquim de Sousa, Últimos Tempos de Acção Sindical Livre e do Anarquismo Militante, Edições Antigona, Lisboa, 1989
- ↑ a b c d e f g h Manuel Joaquim de Sousa, O Sindicalismo em Portugal, Edição do Movimento Operário Português, Porto, 1974
- ↑ a b «SINDICALISMO REVOLUCIONÁRIO EM PORTUGAL, Joana Dias Pereira». Universidade Federal de Santa Catarina, Revista Mundos do Trabalho. Consultado em 25 de Junho de 2014
- ↑ «Arquivo Histórico». Biblioteca Municipal de Matosinhos Florbela Espanca. Consultado em 25 de Junho de 2014
- ↑ Jorge Mangorrinha (1 de Março de 2016). «Ficha histórica:Renovação : revista quinzenal de artes, litertura e atualidades (1925-1926)» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 18 de maio de 2018
Precedido por Criação da Confederação Geral do Trabalho (Portugal) |
Secretário-Geral da Confederação Geral do Trabalho (Portugal) 1919 - 1920 |
Sucedido por José Santos Arranha |