Maria Bashir
As referências deste artigo necessitam de formatação. (Abril de 2017) |
Maria Bashir | |
---|---|
Prêmio Internacional Mulheres da Coragem 2011 | |
Conhecido(a) por | Primeira mulher promotora no Afeganistão |
Nascimento | 1970 |
Residência | Herat, Afeganistão |
Nacionalidade | Afegã |
Alma mater | Universidade de Cabul |
Ocupação | Procuradora-chefe, na província de Herat |
Prêmios | Prêmio Internacional às Mulheres de Coragem, em 2011. |
Maria Bashir é uma promotora afegã, que é a única mulher a ter tido tal cargo no país até 2009. Com mais de quinze anos de experiência no serviço civil afegão - o Talibã, policiais corruptos, ameaças de morte, tentativas falhas de assassinato - ela viu de tudo. Ela foi banida do seu trabalho durante o regime talibã, em que ela passou a ensinar meninas ilegalmente em sua casa, quando era proibido que mulheres fossem vistas na rua desacompanhadas de homens. Na era pós-talibã, ela foi chamada de volta ao serviço, e se tornou Promotora Chefe da província de Herat em 2006.[1] Tendo como foco principal erradicar a corrupção e a opressão de mulheres, ela lidou com cerca de 87 casos, somente em 2010.
Em reconhecimento ao seu trabalho, o departamento de estado dos Estados Unidos, a condecorou com o Prêmio Internacional às Mulheres de Coragem, que é concedido anualmente a mulheres ao redor do mundo que tenham mostrado liderança, coragem, engenhosidade e disposição de sacrificar-se por outrem, especialmente para lutar pelos direitos das mulheres, frequentemente arriscando suas próprias vidas.[2] Bashir também esteve na Time 100, em 2011, uma lista anual com as cem pessoas mais influentes no mundo, composta pela revista Time.[3]
Início da vida e educação
[editar | editar código-fonte]Bashir, a filha mais velha, era uma estudante brilhante já em seus anos escolares. Ela recebeu encorajamento de seu pai para continuar seus estudos após a escola, em um país bastante restritivo para com as mulheres.[4] Quando seus exames para admissão na faculdade apresentaram apenas três opções para ela escolher, ela preencheu o formulário escrevendo "direito" abaixo delas. O Ministro do Ensino Superior, que analisa e aprova as candidaturas, ficou impressionado com a sua determinação e ela foi aprovada para estudar Direito. Ela graduou-se em 1994, após quatro anos de curso, na Universidade de Cabul e mais tarde passou por um treinamento de um ano em Cabul para tornar-se promotora de justiça.
Vida pessoal
[editar | editar código-fonte]Em 1996, após a sua graduação, Bashir casou-se com um homem progressista, que possui um negócio de importação com sede na China, e mudou-se para a sua cidade, Herat.[5] Bashir tem dois filhos e uma filha. Seu filho mais velho estuda na Alemanha e os outros dois (Sajad and Yasaman) tem aulas em casa, pois as ameaças de morte dirigidas à Bashir e sua família tornam difícil a educação formal.
Sob o regime Talibã
[editar | editar código-fonte]Após seu treinamento, Bashir iniciou a sua carreira na Procuradoria Geral como investigadora criminal em Cabul, e mais tarde em Herat.[6] Pouco tempo depois de sua mudança para Herat, em 1995, o Talibã ocupou a cidade e impediram que mulheres trabalhassem. Bashir teve que ficar em casa, como as outras mulheres, até 2001, quando a invasão americana permitiu que as mulheres começassem a trabalhar novamente, retomando seu cargo de investigadora criminal. O Talibã tornou ilegal para as mulheres e meninas ler ou trabalhar, garantindo que estivessem dependentes dos homens. Bashir começou a lecionar para meninas secretamente, em sua residência, com as estudantes trazendo livros e outros materiais necessários em sacolas de compras. Ela acreditava que o regime Talibã ia cair, e queria que as mulheres estivessem preparadas para juntar-se à força de trabalho quando isso acontecesse. O Talibã estava ciente de suas atividades e convocou seu marido duas vezes para explicar o que ela estava fazendo.
De volta no ministério público
[editar | editar código-fonte]Em setembro de 2006, o procurador geral, considerado conservador, visitou Herat, para uma reunião com os promotores de quatro províncias. Bashir era a única mulher presente. No fim de seu discurso, ela questionou a sua política de mudanças no escritório dos procuradores, especialmente em relação a permitir mulheres a trabalhar lá. O procurador geral expressou sua aprovação, e também demonstrou satisfação acerca do trabalho dela como promotora adjunta na investigação da morte da poeta e jornalista Nadia Anjuman: em que ela acusou o marido de Nadia de assassiná-la. Antes de ir embora de Herat, mais tarde naquele mês, o Procurador Geral a nomeou Procuradora-Chefe da província.
Crítica sobre a nova constituição Afegã
[editar | editar código-fonte]A indicação de Bashir agradou o governo estadunidense, que considerou um progresso significativo na ocidentalização do país após o regime Talibã. A então Secretária de Estado Condoleezza Rice levou Bashir para Washington para homenageá-la.[7] Bashir, no entanto foi crítica: afirmou que embora a nova constituição permitisse direitos iguais para mulheres, muitos juízes ainda baseavam-se na antiga Lei islamica Charia. Após afirmar que a falta de liberdade que as mulheres tem para escolher os seus parceiros, ela pontuou que enquanto os homens não são julgados por adultério, as mulheres ainda eram apedrejadas até a morte por acusações similares. Comentando sobre o processo de divórcio imparcial e a maneira como os homens ganhavam a custódia dos filhos, as mulheres muitas vezes optam pelo suicídio. Sobre os problemas de corrupção no Afeganistão, ela sugeriu uma reorganização estrutural, que acabasse com indicação de pessoas baseando-se na sua etnicidade, como estava sendo feito por Hamid Karzai. Ela também recomendou que os esforços anti-corrupção podem somente ser bem sucedidos se forem feitos junto com aumento de salários para servidores públicos, pois os salários ínfimos que recebem os forçam a buscar dinheiro "em outro lugar" para complementá-los. Também demonstrou preocupação com a falta de poder das leis, o que torna o sistema legal fraco.
Tentativas de assassinato
[editar | editar código-fonte]O trabalho de Bashir não foi visto com bons olhos por fanáticos, por ela ser uma mulher. Somado a isso estavam suas atividades anti-corrupção e seu encorajamento para que mulheres vítimas de violência doméstica denunciassem os seus maridos. Ela começou a receber ameaças via telefone, demandando a sua renúncia. Alguns clérigos de Herat também emitiram uma fatwa sobre mulheres desacompanhadas em lugares públicos. Isso alarmou Bashir, que solicitou que as autoridades do estado garantissem a sua segurança. Mas as autoridades não atenderam seu pedido, e mais tarde em 2007, uma bomba explodiu do lado de fora de sua casa, por volta do horário que seus filhos normalmente estariam brincando do lado de fora. Estava chovendo, e por essa razão, seus filhos estavam dentro de casa. Mais tarde o governo dos Estados Unidos contratou guardas armados para prover a sua segurança. Em outro incidente, o filho de um de seus seguranças foi sequestrado e assassinado, tendo os criminosos confundido o menino com o filho de Bashir. Eventos como esse forçaram as crianças a estudar em casa, o que a perturba por ter sido a razão deles não receberem educação formal.
Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ http://news.bbc.co.uk/panorama/hi/front_page/newsid_8204000/8204286.stm Em falta ou vazio
|título=
(ajuda)Em falta ou vazio|título=
(ajuda) - ↑ «International Women of Courage Award recipients - 2011». United States Department of State
- ↑ http://www.time.com/time/specials/packages/article/0,28804,2066367_2066369_2066487,00.html Em falta ou vazio
|título=
(ajuda)Em falta ou vazio|título=
(ajuda) - ↑ http://www.unodc.org/afghanistan/en/frontpage/2010/January/interview-maria-bashir.html Em falta ou vazio
|título=
(ajuda)Em falta ou vazio|título=
(ajuda) - ↑ http://www.bbc.co.uk/news/world-south-asia-13048968 Em falta ou vazio
|título=
(ajuda)Em falta ou vazio|título=
(ajuda) - ↑ http://motherjones.com/politics/2011/01/self-immolation-afghanistan-maria-bashir-herat Em falta ou vazio
|título=
(ajuda)Em falta ou vazio|título=
(ajuda) - ↑ http://www.newstatesman.com/200611270016 Em falta ou vazio
|título=
(ajuda)Em falta ou vazio|título=
(ajuda)