Saltar para o conteúdo

Maria Dimpina Lobo Duarte

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Maria Dimpina Lobo Duarte ou Maria Dimpina de Arruda Lobo (Cuiabá, 15 de maio de 1891[1] - 10 de dezembro de 1966) foi a primeira funcionária pública do estado de Mato Grosso, uma das fundadoras do Grêmio literário Júlia Lopes e da Federação Mato-grossense pelo progresso feminino. [2][3].

Maria Dimpina
Maria Dimpina
Nome completo Maria Dimpina Lobo Duarte
Nascimento 15 de Maio de 1891
Cuiabá - Mato Grosso
Morte 10 de Dezembro de 1966
Nacionalidade Brasileira
Ocupação Professora, redatora, educadora, editora, diretora, funcionária pública

Popularmente conhecida como Professora Maria Dimpina, nasceu em 15 de maio de 1891, filha de Francisco de Arruda Lobo e Amélia Inocências. Formou-se em Ciências e Letras pelo Liceu Cuiabano no ano de 1909, muito jovem, com apenas 18 anos, sendo a primeira mulher a alcançar esse título nesta tradicional escola. Dedicou sua vida ao magistério, [4]lecionando na Escola Modelo Barão de Melgaço, mais tarde, fundou o Colégio São Luiz (instituição particular), onde era proprietária, diretora e professora. Foi uma das fundadores da A Violeta, que circulou entre 1916 e 1950, na qual foi diretora, redatora e efetiva colaboradora, utilizava dos pseudônimo Arinapi e Martha em seus artigos e crônicas na revista. [1]

Maria Dimpina era integrante da elite cuiabana, casou-se com Firmo Pinto Duarte, sendo mãe de sete filhos. Seu marido foi funcionário dos Correios. Em determinado período, foi transferido para outra cidade do estado de MT, o que gerou um grande problema: Dimpina teria que abandonar seu trabalho para acompanhá-lo ou permanecer em Cuiabá, distante dele. De pronto, ela escreveu uma carta ao presidente Getúlio Vargas para expressar seu descontentamento, que era comum a muitas mulheres brasileiras. Sensibilizado pela situação, o presidente determinou que o casal permanecesse em Cuiabá e criou uma lei para garantir que todas as funcionárias públicas federais pudessem acompanhar seus maridos em caso de transferência sem perder o emprego. Esse direito ao exercício provisório em caso de deslocamento do cônjuge está atualmente estabelecido no artigo 84, parágrafo 2º da Lei 8.112/1990. [5]

Na revista A Violeta, Maria Dimpina atuava como redatora e escrevia, entre outros textos, crônicas para o periódico. Nessas crônicas, além de relatar a vida cotidiana de Cuiabá, ela lutava por “melhorias nas condições educacionais das mulheres mato-grossenses”[6]. Sua perspectiva como educadora certamente moldou sua defesa pela educação e profissionalização das mulheres. Em suas palavras, “A educação da mulher deve ser uma das primeiras preocupações do governo.” Como cronista, ela advogava que às mulheres fosse concedido o direito de se profissionalizar.

O esforço de Maria Dimpina para fundar a Escola Doméstica em Cuiabá também se refletiu em seus escritos, e a instituição foi estabelecida em 1946. Entre os aprendizados propostos na Escola Doméstica, destacam-se jardinagem, cuidados pessoais de higiene, desenho, música e costura.

A educadora Maria Dimpina era uma mulher religiosa que valorizava, acima de tudo, a estrutura familiar. Nessa estrutura encontram-se as relações entre o casal (marido e mulher) e filhos, envolvendo equilíbrio entre fidelidade, cuidados e afetos. Apesar de se enquadrar na estrutura patriarcal de relações, Dimpina acreditava que a mulher tinha total legitimidade para buscar instrução sempre que fosse possível, mesmo que para a sociedade da época parecesse atípico.

É indiscutível o posicionamento dito feminista de Maria Dimpina na defesa da educação das mulheres, mesmo que de maneira discreta. Sua atuação como redatora e cronista da revista foi essencial para o compartilhamento de suas ideias. Por um longo período, foi a principal porta-voz das mulheres mato-grossenses, destacando-se na luta pelo direito ao voto e por outros direitos femininos.

Escola Cívico Militar Profª Maria Dimpina Lobo Duarte

Três anos após seu falecimento, por suas contribuições à sociedade mato-grossense, a Prefeitura Municipal de Cuiabá homenageou-a ao dar seu nome a uma escola no bairro Coxipó da Ponte

Rua Maria Dimpina Lobo Duarte, Boa Esperança

Localizada próximo a Universidade Federal do Mato Grosso, no bairro Boa esperança.

Referências

  1. «Maria Dimpina Lobo Duarte (1891 – 1966)». Memória Feminista Antirracista. Consultado em 27 de julho de 2024 
  2. Freire, Nilza Queiroz (1 de dezembro de 1999). «Maria Dimpina Lobo Duarte». Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso (57): 160–175. ISSN 2965-6354. Consultado em 30 de julho de 2024 
  3. «Maria Dimpina Lobo Duarte (1891-1966) – Mulher 500 Anos Atrás dos Panos». 13 de março de 2018. Consultado em 27 de julho de 2024 
  4. Freire, Nilza Queiroz (1 de dezembro de 1999). «Maria Dimpina Lobo Duarte». Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso (57): 160–175. ISSN 2965-6354. Consultado em 30 de julho de 2024 
  5. Moura da Silva, G., & Vieira Campos Ferreira , N. . (2020). Formação feminina na escola doméstica dona Júlia - Cuiabá-MT (1946-1949). Linhas Crí­ticas, 26, e31382.
  6. Moura da Silva, G., & Vieira Campos Ferreira , N. . (2020). Formação feminina na escola doméstica dona Júlia - Cuiabá-MT (1946-1949). Linhas Crí­ticas, 26, e31382.