Massacre de El Calabozo
Massacre de El Calabozo | |
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Local | El Calabozo, Departamento de San Vicente, El Salvador |
Data | 21-22 de agosto de 1982 |
Mortes | 200+[1] |
Responsável(is) | Batalhão Atlacatl do Exército Salvadorenho |
O massacre de El Calabozo foi um incidente ocorrido durante a Guerra Civil Salvadorenha nos dias 21 a 22 de agosto de 1982, em que mais de duzentas pessoas, incluindo crianças e idosos, foram mortas em El Calabozo pelo Batalhão Atlacatl do Exército Salvadorenho.[2] A ação está vinculada com a chamada operação Azenón Palma.[3]
Massacre
[editar | editar código-fonte]Em agosto de 1982, os militares salvadorenhos atacaram o departamento de San Vicente, área onde se sabia que a Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional possuía bases. O departamento foi bombardeado por vários dias antes que as forças terrestres avançassem, fazendo com que muitos civis fugissem.[1]
Na noite de 21 de agosto, um grupo de pessoas deslocadas internamente foi surpreendido às margens do rio Amatitán pelo Batalhão Atlacatl, uma unidade de contra-insurgência treinada pelos Estados Unidos.[4] O Batalhão Atlacatl havia sido responsável pelo massacre de El Mozote, no qual até 900 civis capturados foram mortos.[5] Em um local chamado "El Calabozo" ("O Calabouço"), o batalhão cercou os deslocados internos e abriu fogo à queima-roupa.[1] Os soldados lançaram alguns dos corpos no rio e jogaram ácido em outros, tornando impossível confirmar o número exato de mortos, porém mais de duzentos foram dados como desaparecidos após o incidente pelos familiares sobreviventes. Os mortos incluíam bebês e idosos.[1][4]
Investigações
[editar | editar código-fonte]O Ministro da Defesa José Guillermo García afirmou que o governo investigou o incidente e determinou que nenhum massacre ocorreu.[6][7] Em 1992, os sobreviventes apresentaram queixa às autoridades, solicitando uma investigação.[8] Embora a Comissão da Verdade para El Salvador tenha documentado a existência do massacre, o governo encerrou o caso em 1993 sem acusações.[9] Até 2012, o governo salvadorenho não havia reconhecido a existência do massacre nem processado os responsáveis.[10]
Em 2016, foi promovida a reabertura do processo, após a Suprema Corte de Justiça de El Salvador declarar a inconstitucionalidade da Lei de Anistia promulgada em 1993, que impedia o prosseguimento das ações judiciais e o esclarecimento dos crimes cometidos antes 1 de janeiro de 1992, no contexto da guerra civil ocorrida de 1980 a 1992.[11]
Em 2016, o Ministério da Cultura declarou como Patrimônio Cultural o local de memória histórica onde ocorreu o massacre.[12]
Referências
- ↑ a b c d «La masacre que quedó impune en El Salvador» (em espanhol). BBC News. 22 de agosto de 2012. Cópia arquivada em 4 de novembro de 2012
- ↑ «El Salvador entrega osamentas de la masacre de El Calabozo». Los Angeles Times. 23 de janeiro de 2020
- ↑ «Documentos recién desclasificados señalan archivo de inteligencia sobre El Salvador». Center for Human Rights. University of Washington. 20 de maio de 2020
- ↑ a b «El Salvador: Killed in cold blood on the banks of the river at El Calabozo». Amnesty International via UNHCR. 22 de agosto de 2012. Cópia arquivada em 16 de abril de 2013
- ↑ Alex J. Bellamy (2012). Massacres and Morality: Mass Atrocities in an Age of Civilian Immunity. [S.l.]: Oxford University Press. p. 214. ISBN 978-0199288427
- ↑ Tom Rosenstiel and Amy S. Mitchell (2003). Thinking Clearly: Cases in Journalistic Decision-Making. [S.l.]: Columbia University Press. p. 145. ISBN 0-231-12589-5
- ↑ «El caso de El Calabozo: cuerpos calcinados que reclaman justicia a dos años de la reapertura del proceso penal». Justicia en las Américas. 6 de dezembro de 2018
- ↑ Armando G. Tejeda (22 de agosto de 2012). «Insta AI a investigar matanza en El Salvador hace 30 años». Periódico La Jornada
- ↑ «El Salvador: Asesinados a sangre fría a orillas del río en El Calabozo». Amnistía Internacional. 22 de agosto de 2012
- ↑ «El Salvador urged to respond to El Calabozo massacre survivors' demands». Amnesty International. 1 de novembro de 2012. Cópia arquivada em 4 de novembro de 2012
- ↑ «El Salvador entrega osamentas de la masacre de El Calabozo». Infobae. 23 de janeiro de 2020
- ↑ «Secultura declara Bien Cultural el lugar donde ocurrió la masacre de El Calabozo». Ministerio de Cultura. Novembro de 2016