Saltar para o conteúdo

Michael Shen Fu-Tsung

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Michael Shen Fu-Tsung

Shen na pintura O Chinês Convertido (1687) de Godfrey Kneller.
Nascimento 1657
Nanquim, Jiangsu
Morte 2 de setembro de 1692 (35 anos)
Moçambique, Reino de Portugal
Nacionalidade chinês
Ocupação Mandarim
Religião Catolicismo

Michael Alphonsius Shen Fu-Tsung (Nanquim, 1657Moçambique, 2 de setembro de 1692), também conhecido como Michel Sin, Michel Chin-fo-tsoung, Shen Fo-tsung ou Shen Fuzong[1] (chinês: 沈福宗, pinyin: Shěn FúzōngWade–Giles: Shen Fu-tsung)[2] foi um mandarim chinês que converteu-se ao catolicismo.

Foi levado para a Europa pelo padre jesuíta Philippe Couplet, o procurador das missões jesuítas na China que partiu de lá para Roma para reencontrar-se com o Papa. Eles partiram de Macau em 1681, e juntos visitaram os Países Baixos do Sul, Estados Papais, França e a Inglaterra. Posteriormente, Shen tornou-se um jesuíta em Portugal, e faleceu em Moçambique quando regressava a casa.

Visita à Europa

[editar | editar código-fonte]

Países Baixos Espanhóis e Estados Papais

[editar | editar código-fonte]

Michael Shen Fu-Tsung e Philippe Couplet partiram de Macau e chegaram de barco aos Países Baixos Espanhóis em outubro de 1682. Eles visitaram Malinas, a cidade onde Couplet e sua família nasceram, e então partiram para Roma, onde Couplet tentou obter uma autorização papal para celebrar a missa em língua chinesa.[3]

O nome chinês de Michael escrito em caracteres: em chinês: 沈福宗; romaniz.: ("Shen Fu-Tsung")[2]

Shen foi apresentado ao rei Luís XIV a 15 de setembro de 1684, e lhe demonstrou a como utilizar os pauzinhos e como escrever os caracteres chineses.[4] Ele e Couplet participaram do jantar real, onde Shen vestiu um grande brocado azul com seda verde decorada com dragões chineses.[3] Eles também visitaram a Maison royale de Saint-Louis, onde montaram uma exposição de retratos de seda chinesa.[3]

Inglaterra e Portugal

[editar | editar código-fonte]

Após sua visita em França, Shen Fu-Tsung partiu para Oxford onde conheceu Thomas Hyde em 1685,[5] e ensinou-lhe um pouco da língua chinesa.[6] Aparentemente, Shen Fu-Tsung comunicava-se em latim.[7]

Shen Fu-Tsung também conheceu o rei Jaime II.[8] É o primeiro caso registado dum homem chinês a visitar a Grã-Bretanha.[9] O rei ficou tão encantado com esta visita que ordenou a Godfrey Kneller fazer seu retrato, e pendurou-o em seus aposentos.[9]

Shen Fu-Tsung foi capaz de catalogar os livros chineses que estavam presentes na Biblioteca Bodleiana, e descreveu o seu conteúdo, algo que ninguém tinha sido capaz de fazer até então.[9] Ele também mostrou ao bibliotecário a maneira correta de segurar um livro chinês.[9]

Shen Fu-Tsung deixou a Inglaterra em 1688 e partiu para Lisboa, e entrou para a Companhia de Jesus. Ele faleceu em Moçambique no ano de 1691, quando regressava a China.[1]

Notas e referências

[editar | editar código-fonte]
  1. a b Spence, Jonathan (2010). «When Minds Met: China and the West in the Seventeenth Century» (em inglês). Fundação Nacional para as Ciências Humanas, Jefferson Lecture. Consultado em 18 de dezembro de 2015. Arquivado do original em 15 de junho de 2011 
  2. a b Chan, Albert (2002). Chinese Books and Documents in the Jesuit Archives in Rome (em inglês). [S.l.]: M. E. Sharpe. p. 395. 626 páginas. ISBN 0-7656-0828-6 
  3. a b c E. Mungello, David (1989). Curious Land: Jesuit Accommodation and the Origins of Sinology (em inglês). Havai: University of Hawaii Press. p. 255. 405 páginas. ISBN 0-8248-1219-0 
  4. Sullivan, Michael (1989). The Meeting of Eastern and Western Art (em inglês). [S.l.]: University of California Press. p. 98. 306 páginas. ISBN 0-520-21236-3 
  5. Lewis A. Maverick (Fevereiro de 1952). «A Cycle of Cathay: The Chinese Vogue in England during the Seventeenth and Eighteenth Centuries de William W. Appleton». Association for Asian Studies. The Journal of Asian Studies (em inglês). 11 (2): 246-247. doi:10.2307/2049385 
  6. Ballaster, Rosalind (2005). Fables of the East: Selected Tales, 1662-1785 (em inglês). [S.l.]: Oxford University Press. p. 262. 277 páginas. ISBN 9780199267354 
  7. Owen Aldridge, Alfred (1993). The Dragon and the Eagle: The Presence of China in the American Enlightenment (em inglês). [S.l.]: Wayne State University Press. p. 17. 287 páginas. ISBN 9780814324554 
  8. Keevak, Michael (2004). The Pretended Asian: George Psalmanazar's Eighteenth-century Formosan Hoax (em inglês). [S.l.]: Wayne State University Press. p. 38. 182 páginas. ISBN 9780814331989 
  9. a b c d «Chinese in Britain - Episode 1: The first Chinese VIPs». BBC Radio 4 (em inglês). British Broadcasting Corporation. 30 de abril de 2007. Citação: O doutor David Helliwell da Universidade de Oxford descreve que Shen foi a primeira pessoa a catalogar a coleção chinesa na Biblioteca Bodleiana, mostrando ao bibliotecário até a maneira correta de segurar os livros chineses, bem como os conteúdos que continham os livros.