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Momijigari

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Momijigari
Momijigari
Trecho da curta-metragem.
 Japão
1899 •  p&b •  3 min 
Género documentário
Direção Tsunekichi Shibata
Companhia(s) produtora(s) Yoshizawa Shōten
Lançamento 7 de julho de 1903 (Japão)
Idioma filme mudo

Momijigari (紅葉狩?) é uma curta-metragem japonesa realizada por Tsunekichi Shibata, com base na peça teatral homónima, e protagonizada pelos atores de cabúqui, Onoe Kikugorō V e Ichikawa Danjūrō IX. É considerado o filme mais antigo do Japão, e foi designado como Bem Cultural Importante.[1]

Enredo[editar | editar código-fonte]

O filme mostra o comandante Taira no Koremori a derrotar um demónio que disfarçou-se da princesa Sarashina.[2]

Produção[editar | editar código-fonte]

Momijigari foi gravado com dois atores famosos.[3] Shibata, que trabalhou na loja fotográfica Konishi, rodou utilizando uma câmara da companhia francesa Gaumont.[4] A curta-metragem foi gravada em novembro de 1899, num espaço aberto do teatro Kabuki-za, em Tóquio, onde Shibata utilizou três bobinas.[5][6]

Embora o filme estivesse gravado, inicialmente não foi exibido ao público. Danjūrō só assistiu um ano após a rodagem.[5] Foi feito um acordo de que a curta-metragem não seria exibida publicamente até a morte de Danjūrō, mas quando ele adoeceu e não conseguiu aparecer numa apresentação no teatro Naka no Shibai, em Ósaca, o filme foi exibido no local.[5][7] A exibição ocorreu entre 7 de julho a 1 de agosto de 1903, um longo período estimulado em parte pelo facto de Kikugorō ter morrido recentemente.[5] Danjūrō morreu em setembro de 1903, e o filme foi exibido posteriormente no teatro Kabuki-za, durante uma semana a 9 de fevereiro de 1904.[5]

Legado[editar | editar código-fonte]

Momijigari é considerado um dos filmes mais antigos do Japão, cuja cópia permaneceu registada.[8] O ator de cabúqui Onoe Baiko VI escreveu no seu livro Ume No Shita Kaze que o filme de teste Ninjin Dojo-ji, com ele e Ichimura Kakitsu VI (posteriormente Ichimura Uzaemon XV) como protagonistas, foi rodado meses antes, mas o registo se perdeu antes de 1912. A obra é considerada um dos exemplos pioneiros do cinema cabúqui que tornou-se proeminente nas primeiras décadas da indústria cinematográfica japonesa, em que os filmes eram muitas vezes rodados como registos ou então eram apenas tentativas de mostrar o teatro cabúqui.[2] Segundo o historiador de cinema Hiroshi Komatsu, o filme é também um exemplo de como a distinção entre o cinema de ficção e não ficção ainda não era um problema na época, já que o filme era tanto um documentário de uma interpretação de palco, quanto uma apresentação de uma história ficcional.[3]

Em 2009, Momijigari tornou-se o primeiro filme a ser designado como Bem Cultural Importante, pela lei japonesa de Proteção de Bens Culturais.[9] O filme foi classificado, graças a uma cópia negativa em celuloide de 35 mm que possuía 107,3 m de comprimento, projetada a dezasseis quadros por segundo e que teria uma duração de três minutos e cinquenta segundos.[10] No entanto, o historiador de cinema Aaron Gerow, especulou que o filme recebeu essa designação por ser um exemplo notável da arte cinematográfica japonesa, do que por ser um documentário histórico.[11] O filme está preservado no Centro Nacional de Cinema do Museu Nacional de Arte Moderna de Tóquio.[12]

Referências

  1. Silva, Joaquín da. «Chronology of Japanese Cinema 1899». EigaNove (em inglês). Consultado em 30 de janeiro de 2022 
  2. a b Komatsu, Hiroshi (1992). «Some Characteristics of Japanese Cinema before World War I». In: Arthur Nolletti e David Desser. Reframing Japanese Cinema (em inglês). Bloomington: Indiana University Press. p. 234–236. ISBN 0253207231 
  3. a b Komatsu, Hiroshi (31 de julho de 1995). «Questions Regarding the Genesis of Nonfiction Film». Festival Internacional de Documentários de Yamagata. Documentary Box (em inglês) (5) 
  4. Komatsu, Hiroshi (2005). «Konishi Photographic Store». In: Richard Abel. Encyclopedia of Early Cinema (em inglês). Abingdon-on-Thames: Routledge. p. 363. ISBN 0415234409 
  5. a b c d e Tanaka, Jun'ichirō (1975). Nihon eiga hattatsushi (em japonês). Tóquio: Chūō Kōronsha. p. I: 78–83 
  6. Richie, Donald (2005). A hundred years of Japanese film: a concise history (em inglês). Tóquio: Kodansha International. p. 18. ISBN 9784770029959 
  7. McDonald, Keiko I. (1994). Japanese classical theater in films (em inglês). Rutherford: Fairleigh Dickinson Univ. Press. p. 39. ISBN 9780838635025 
  8. Irie, Yoshiro (2009). «Saiko no Nihon eiga ni tsuite» (PDF). Museu Nacional de Arte Moderna de Tóquio. Tōkyō Kokuritsu Kindai Bijutsukan Kenkyū Kiyō (em japonês) (13): 67. ISSN 0914-7489. Cópia arquivada (PDF) em 19 de janeiro de 2013 
  9. «Eiga firumu no jūyō bunkazai shitei» (em japonês). Centro Nacional de Cinema, Museu Nacional de Arte Moderna de Tóquio. Consultado em 30 de janeiro de 2022 
  10. «Eiga firumu Momijigari». Cultural Heritage Online (em japonês). Agência para Assuntos Culturais. Consultado em 30 de janeiro de 2022 
  11. Gerow, Aaron (26 de março de 2009). «Film as an Important Cultural Property». Tangemania (em inglês) 
  12. «Hakkutsu sareta eigatachi 2009». Centro Nacional de Cinema (em japonês). Museu Nacional de Arte Moderna de Tóquio. Consultado em 30 de janeiro de 2022 
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