Morte de uma língua
Em linguística, a morte de uma língua ocorre quando uma língua perde o seu último falante nativo. Por extensão, a extinção de uma língua ocorre quando a língua deixa de ser conhecida, inclusive pelos falantes de uma segunda língua, quando passa a ser conhecida como língua extinta. Outros termos relacionados são linguicídio,[1] quando a morte de uma língua ocorre por causas naturais ou políticas, e glotofagia, em que há a absorção ou substituição de uma língua menor por uma língua maior.[2]
A morte de uma língua é um processo no qual o nível de competência linguística de uma comunidade de fala em sua variedade linguística diminui, resultando eventualmente na ausência de falantes nativos ou fluentes da variedade. Esse fenômeno pode afetar qualquer forma linguística, incluindo dialetos. A morte linguística não deve ser confundida com o desgaste linguístico (também chamado de perda linguística), que descreve a perda de proficiência na primeira língua de um indivíduo.[3]
No período moderno, a morte de diversas línguas resultou tipicamente do processo de assimilação cultural que levou à mudança linguística e ao abandono gradual de uma língua nativa em favor de uma língua franca estrangeira, em grande parte as línguas de países europeus.[4][5][6]
Na década de 2000, existiam um total de cerca de 7 000 línguas faladas nativamente em todo o mundo. A maioria destas são línguas menores em perigo de extinção; uma estimativa publicada em 2004 esperava que cerca de 90% das línguas atualmente faladas serão extintas até 2050.[7][8] A Ethnologue registra 7 358 línguas vivas conhecidas;[9] embora em 20 de maio de 2015, o número tenha sido de 7 102; e em 23 de fevereiro de 2015, de 7 097 línguas.[10]
Definição
[editar | editar código-fonte]Muitas vezes, uma língua é declarada morta antes mesmo da morte do último falante nativo da língua. Se restarem apenas alguns falantes idosos de uma língua, e eles não usarem mais essa língua para comunicação, então a língua está efetivamente morta. Uma língua que atingiu um estágio tão reduzido de uso é geralmente considerada moribunda.[3] Metade das línguas faladas no mundo não estão sendo ensinadas às novas gerações de crianças.[3] Quando uma língua deixa de ser uma língua nativa – isto é, se nenhuma criança estiver sendo socializada nela como sua língua principal – o processo de transmissão termina e a língua em si não sobreviverá além das gerações atuais.[11]
Referências
- ↑ Zuckermann, Ghil'ad (6 de junho de 2012), «Stop, revive and survive», Higher Education, The Australian, consultado em 10 de maio de 2021, cópia arquivada em 6 de junho de 2012
- ↑ Calvet, Jean-Louis. 1974. Langue et colonialisme: petit traité de glottophagie. Paris.
- ↑ a b c Crystal, David (2000) Language Death. Cambridge, UK: Cambridge University Press. p. 19
- ↑ Byram, Michael; Hu, Adelheid (26 de junho de 2013). Routledge Encyclopedia of Language Teaching and Learning (em inglês). [S.l.]: Routledge. ISBN 978-1136235535
- ↑ Walt, Christa Van der (1 de maio de 2007). Living Through Languages: An African Tribute to René Dirven (em inglês). [S.l.]: AFRICAN SUN MeDIA. ISBN 9781920109707
- ↑ Hall, Christopher J.; Smith, Patrick H.; Wicaksono, Rachel (11 de maio de 2015). Mapping Applied Linguistics: A Guide for Students and Practitioners (em inglês). [S.l.]: Routledge. ISBN 978-1136836237
- ↑ «Study by language researcher, David Graddol». NBC News. 26 de fevereiro de 2004. Consultado em 22 de março de 2012
- ↑ Bilbo Baggins (16 de janeiro de 2009). «90% Of World's Languages Extinct In 41 Years». chinaSMACK. Consultado em 29 de maio de 2023
- ↑ «Ethnologue». Ethnologue. Consultado em 22 de março de 2012. Cópia arquivada em 5 de outubro de 2001
- ↑ Graddol, D. (27 de fevereiro de 2004). «The Future of Language». Science. 303 (5662): 1329–1331. Bibcode:2004Sci...303.1329G. ISSN 0036-8075. PMID 14988552. doi:10.1126/science.1096546
- ↑ Crystal, David (6 de novembro de 2014). Language Death (em inglês). [S.l.]: Cambridge University Press. 191 páginas. ISBN 9781316124093