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O Ah! das Coisas

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O Ah! das Coisas
6 de abril de 2020
"Nos quartos das freiras não há espelhos."
21 de abril de 2020
"Um dia voltei ao quarto..."
O pecado de João Palolo

Portugal Portugal
2020 •  p&b / cor •  19 min 
Género documentário experimental
Direção Rita Azevedo Gomes
Produção Rita Azevedo Gomes
Basilisco Produções
Roteiro Rita Azevedo Gomes
Elenco Jennifer Jones
João António Palolo
Música Wolfgang Amadeus Mozart
Philip Glass
Cinematografia Rita Azevedo Gomes
Edição Rita Azevedo Gomes
Distribuição Cinemateca Portuguesa
Lançamento
  • 29 de abril de 2020 (2020-04-29)
  • 30 de junho de 2020 (2020-06-30)
Idioma português
inglês

O Ah! das Coisas é uma pentalogia de curtas-metragens experimentais portuguesas de 2020, realizada, escrita e produzida por Rita Azevedo Gomes.[1] Retratando reflexões e referências cinematográficas, literárias, musicais e plásticas da realizadora, os filmes do projeto intitulam-se: 6 de abril de 2020; "Nos quartos das freiras não há espelhos."[2]; 21 de abril de 2020; "Um dia voltei ao quarto..."[3] e; O pecado de João Palolo.[4] As curtas-metragens foram rodadas com recurso a smartphone e produzidas ao longo das primeiras semanas de confinamento pela pandemia de COVID-19 em Portugal.

Os vários filmes O Ah! das Coisas foram distribuídos originalmente pela Cinemateca Portuguesa, através da sua plataforma online Gestos e Fragmentos, entre 29 de abril e 30 de junho do mesmo ano.[5] O pecado de João Palolo foi selecionado para a edição de 2020 da FUSO: Anual de Videoarte Internacional de Lisboa, onde foi exibido a 29 de agosto.[6]

6 de abril de 2020

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Com a intenção de documentar observações feitas durante a quarentena, Azevedo Gomes filma o que envolve o seu quotidiano: os objetos de decoração, a música e a literatura, desde revistas de saúde a livros como De Mozart en Beethoven: Ensayo sobre la noción de profundidad en la música, de Éric Rohmer.[7]

"Nos quartos das freiras não há espelhos."

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Há uma irrealidade surpreendente nas coisas e nos gestos.[6] Numa alusão ao cinema mudo, as sombras das mãos de Rita Azevedo Gomes interpretam versos de Adília Lopes.[8]

21 de abril de 2020

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Recuperando as imagens da primeira curta-metragem, Azevedo Gomes filma o ciclo de quarentena, ilustrado pela paisagem exterior, prateleiras de livros, fragmentos de Tretya Meshchanskaya (Abram Room, 1927) e todos os sons que envolvem estes ambientes. Referências a Adolfo Arrieta, Luís Noronha da Costa, Sviatoslav Richter e Wolfgang Amadeus Mozart.[9]

"Um dia voltei ao quarto..."

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Os reflexos da cineasta surgem perante a projeção de O Espectador que o cinema esqueceu (Joel Yamaji, 1991). Um teatro de sombras complementar ao de "Nos quartos das freiras não há espelhos." é sucedido por pormenores da capa de uma edição de Ternos Guerreiros, de Agustina Bessa-Luís. Referências a Sviatoslav Richter e Wolfgang Amadeus Mozart.[10]

O pecado de João Palolo

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Jennifer Jones em Cluny Brown, com Charles Boyer.

"Porque a arte não tem juízo" e outras frases de João António Palolo, João Miguel Fernandes Jorge e Rita Azevedo Gomes surgem perante fragmentos de Jennifer Jones em Cluny Brown (Ernst Lubitsch, 1946) e João Palolo no programa da RTP2 Palolo, coisa de pintar (Alberto Rebelo, 1990), dedicado às raízes e influências do artista e a sua visão acerca da natureza da pintura.[11] Ouve-se Metamorphosis, 3, de Philip Glass.[12]

Em abril de 2020, para colmatar o encerramento das instalações e salas de projeção da Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema como consequência do confinamento pela pandemia de COVID-19 em Portugal, a instituição criou a plataforma digital Gestos e Fragmentos, uma iniciativa que permitisse aos utilizadores aceder a filmes e peças museográficas.[13] Um dos objetivos da plataforma seria também criar conteúdos e rubricas residentes que permanecessem disponíveis a longo-prazo na plataforma.[14]

Propositadamente para a Gestos e Fragmentos, Azevedo Gomes rodou em formato digital, uma pentalogia de curtas-metragens O Ah! das Coisas, com recurso a smartphone. Os filmes de ensaio foram produzidos ao longo das primeiras semanas de confinamento obrigatório, entre 6 de abril e 18 de maio de 2020, com o objetivo de documentar observações da cineasta feitas neste período, acerca de relações virtuais, memórias de vida, objetos artísticos com os quais se tentava distrair e a ansiedade que se mantinha.[15] Acerca da sua reflexão com a última curta-metragem produzida para a série, intitulada O pecado de João Palolo, Rita Azevedo Gomes escreveu: "No extenso e estranho isolamento em que nos vemos (...) as memórias de vida vêm por encantamento. O Ah! das coisas, acontece neste tempo que é simultaneamente de espanto e de pavor. O Ah!, são fantasias em filme da festa das memórias. O pecado de João Palolo é isso. Feito a lembrar João (António) Palolo, o amigo que me falava do azul cobalto, e de quem não cheguei a despedir-me. Assim, aparece, na pintura."[16]

Distribuição

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A Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema distribuiu as várias curtas-metragens O Ah! das Coisas através da sua plataforma digital Gestos e Fragmentos, entre os meses de abril e junho de 2020, tal como sintetizado na tabela seguinte:[14]

Título Duração Data de produção Data de lançamento
O Ah! das coisas: 6 de abril de 2020 1:40 6 de abril de 2020 29 de abril de 2020
O Ah! das coisas: "Nos quartos das freiras não há espelhos." 4:00 7 de abril de 2020 28 de maio de 2020
O Ah! das coisas: 21 de abril de 2020 4:20 21 de abril de 2020 29 de abril de 2020
O Ah! das coisas: "Um dia voltei ao quarto..." 4:12 18 de maio de 2020 28 de maio de 2020
O Ah! das coisas: O pecado de João Palolo 5:27 18 de maio de 2020 30 de junho de 2020

O filme O Ah! das coisas: O pecado de João Palolo foi selecionado pelo curador Jean-François Chougnet para a sessão Open Call do festival FUSO: Anual de Videoarte Internacional de Lisboa, onde foi exibido a a 29 de agosto de 2020.[6] Na sequência desta projeção, a curta-metragem integrou também, a 30 outubro do mesmo ano, a sessão Estruturar o Tempo do FUSO INSULAR: Mostra de Videoarte dos Açores (Ponta Delgada).[16]

Referências

  1. «Rita Azevedo Gomes». Sala de Projeção. Consultado em 17 de abril de 2021 
  2. «o Ah! das coisas. "Nos quartos das freiras não há espelhos." – Gestos & Fragmentos». webcache.googleusercontent.com. Consultado em 17 de abril de 2021 
  3. «o Ah! das coisas. "Um dia voltei ao quarto…" – Gestos & Fragmentos». webcache.googleusercontent.com. Consultado em 17 de abril de 2021 
  4. «o Ah! das coisas. o pecado de João Palolo – Gestos & Fragmentos». webcache.googleusercontent.com. Consultado em 17 de abril de 2021 
  5. «Cinemateca - Gestos & Fragmentos : filmes, outras peças museográficas e registos da vida da Cinemateca». webcache.googleusercontent.com. Consultado em 17 de abril de 2021 
  6. a b c «O Pecado de João Palolo». FUSO 2020. 15 de agosto de 2020. Consultado em 17 de abril de 2021 
  7. «o Ah! das coisas, 6 de abril 2020». Sala de Projeção. 28 de abril de 2020. Consultado em 17 de abril de 2021 
  8. «o Ah! das coisas. "Nos quartos das freiras não há espelhos."». Sala de Projeção. 27 de maio de 2020. Consultado em 17 de abril de 2021 
  9. «o Ah! das coisas, 21 de abril 2020». Sala de Projeção. 28 de abril de 2020. Consultado em 17 de abril de 2021 
  10. «o Ah! das coisas. "Um dia voltei ao quarto…"». Sala de Projeção. 27 de maio de 2020. Consultado em 17 de abril de 2021 
  11. «Palolo, Coisa de Pintar». Consultado em 17 de abril de 2021 
  12. «o Ah! das coisas. o pecado de João Palolo». Sala de Projeção. 30 de junho de 2020. Consultado em 17 de abril de 2021 
  13. «Covid-19: Cinemateca disponibiliza cinema português online». www.sabado.pt. Consultado em 17 de abril de 2021 
  14. a b «Cinemateca reforça programação online para o período de isolamento». Espalha-Factos. 13 de abril de 2020. Consultado em 17 de abril de 2021 
  15. O Ah! das coisas, 21 de Abril 2020 (2020) (em inglês), consultado em 17 de abril de 2021 
  16. a b «O Pecado de João Palolo». FUSO INSULAR 2020. 12 de outubro de 2020. Consultado em 17 de abril de 2021 

Ligações externas

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