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Opinião Pública (banda)

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Opinião Pública
Informação geral
Origem Lisboa
País Portugal
Gênero(s) power pop, new wave
Período em atividade 19801982
Editora(s) Rotação
Integrantes Carlos Estreia
Pedro Lima
Luís Fialho
Carlos Baltazar

Opinião Pública é considerada a primeira banda portuguesa de power pop. A banda foi formada em Lisboa em Julho de 1980. Aproveitaram a boleia do boom do rock português, no início da década de 1980 para usar o estilo power pop em Portugal, marcado com alguma aproximação à new wave.

A banda era constituída por Carlos Estreia (vocal e guitarra), Pedro Lima (guitarra), Luís Fialho (baixo e teclas) e Carlos Baltazar (bateria). O grupo teve uma carreira efémera com a gravação de um single e de um álbum de estúdio. Terminaram a atividade em 1982 contrariando as melhores expetativas e o enorme potencial para vingar na música.

História[editar | editar código-fonte]

Formação e primeiros tempos[editar | editar código-fonte]

No início de 1980, Pedro Lima e Carlos Baltazar faziam da música um hobby, realizando pequenas atuações para amigos com covers de temas mediáticos dos mercados anglo saxónicos. Ainda não tinha rebentado o boom do rock em Portugal e o projeto Opinião Pública dava os primeiros passos. Durante a aprendizagem musical, Pedro Lima (guitarra) e Carlos Baltazar (bateria) convidaram vários músicos para interagir no grupo sem, no entanto, conseguirem resultados positivos. Seria com a entrada de Carlos Estreia (vocal e guitarra) e de Luís Fialho (baixo e teclas) que deram inicio às ambicionadas composições de autor e constituíram oficialmente a banda em Julho de 1980.

Em Janeiro de 1980 tiveram a sorte de tocar na Aula Magna num concerto de homenagem a John Lennon e onde também tocaram os UHF e outras bandas.

Dão uma entrevista à revista Música & Som onde revelavam que estavam em negociações com a Valentim de Carvalho passa assinar contrato.

Após alguns concertos bem sucedidos, e com o boom do rock, também eles foram motivados a concorrer ao festival "Só Rock" realizado em Coimbra, entre 2 de maio e 5 de julho de 1981, e em que participaram bandas de todo o país. O grupo obteve um honroso segundo lugar, através dos Alarme da Nazaré, mas tal não foi bem aceite pelos elementos da banda porque esperavam mais.

A etiqueta Rotação, subsidiária da editora Rossil e dirigida pelo mediático radialista António Sérgio, estava atenta ao cartaz do festival e convidou alguns dos grupos para celebrar contrato.[1][2]

Ascensão e queda[editar | editar código-fonte]

No ano de 1981 é lançado um single com os temas "Puto da Rua" e "Ela é Tua"[3] O tema principal alcançou grande sucesso nas preferências da rádio. O tema mostrava uma new wave acelerada com letras próximas de quem as ouvia e com uma mensagem social: Sou um puto da rua/ No esgoto da cidade/ À procura dos rostos/ Por detrás das máscaras", refere o refrão, da autoria de João Sodré, hoje Realizador de Cinema e na altura assinando Horácio Catarino, colega de turma de Pedro Lima no Liceu Dom Pedro V, também frequentado por Luís Fialho.[4] João Sodré assina ainda a letra do tema "Na Terra", do álbum "No Sul da Europa".

A agenda para concertos aumentou durante o ano de 1981 e, sem experiência na estrada, resolveram entrar para a agência de espetáculos GRR (Grupo Rock Reunidos) que era liderada pelos UHF. Incluía outras bandas como Xutos & Pontapés, NZZN e IODO. A agência pretendia defender as bandas de alguns empresários musicais menos escrupulosos. Os concertos eram maioritariamente na grande Lisboa e também preenchiam as primeiras partes dos UHF, ganhando maior visibilidade, uma vez que os UHF eram a banda com mais espetáculos em Portugal.[5]

Desse caminho conjunto, os Opinião Pública convidaram António Manuel Ribeiro, o líder dos UHF, para produzir o seu álbum de estreia. Em maio de 1982 lançaram o álbum No Sul da Europa.[6] Composto por nove faixas, o disco reflete uma sonoridade urbana, com alguns registos do sintetizador e apresentando um notável trabalho de power pop. Foi um disco muito acarinhado pela crítica, bem produzido, com letras bastante coerentes, bem escritas para a época e reveladoras de uma saudável consciência social ao retratar assuntos por vezes fraturantes da sociedade, como é o caso do tema homónimo e de "Ritmo de Vida". Este último foi o tema escolhido para promover o álbum mas não teve grande adesão. A faixa "Puto da Rua" foi regravada numa versão um pouco diferente da do single de 1981.[2]

O movimento rock português dominou as audiências dos programas de rádio e de televisão entre 1980 e 1982. A partir de 1982 verificou-se um aumento do custo de vida e uma nova adesão ao Fundo Monetário Internacional. Tudo ficou mais caro e a crise instalou-se também na indústria discográfica. Apenas um número reduzido de bandas, que não chega a fazer uma mão cheia, conseguiu continuar e resistir à crise da rádio e do rock português: UHF, Xutos & Pontapés, GNR e Rui Veloso.[7][8]

Os Opinião Pública apanharam a boleia do boom do rock português para atingir alguma notoriedade, para depois, como a grande maioria das bandas, desaparecerem rapidamente à medida que o boom se esfumou.[2] Terminaram assim a curta atividade no final de 1982, causada, também, pela débil promoção do álbum. O baixista e teclista Luís Fialho foi o único elemento que deu continuidade à música ao integrar a formação inicial dos Entre Aspas em 1990, o projeto Amar Guitarra em 2008 e, em 2017, fundou os Cool Manouche Trio.[9]

Membros[editar | editar código-fonte]

Integrantes [6]

Reconhecimento[editar | editar código-fonte]

Após o desaparecimento, os Opinião Pública tornaram-se quase desconhecidos para a maioria do público português até porque a editora era pequena e não houve relançamento do disco. Mas a sua música continua a ser procurada por especialistas internacionais em power pop, uma das diversas correntes musicais do pós punk. São a única banda portuguesa que apareceu nas conhecidas compilações "Powerpearls", com vários volumes editados. O grupo aparece com o tema "Puto da Rua" na Powerpearls Vol.6 (2000).[10] Os Opinião Pública são considerados uma das grandes pérolas mundiais desse estilo musical, sendo inclusive referidos em diversas páginas de internet e nas redes sociais. Os seus dois discos, apenas editados em vinil, são autênticas preciosidades para colecionadores, constituindo uma das grandes raridades musicais do rock português dos anos oitenta.[2]

Em 2011, a banda portuguesa de punk rock, Albert Fish, fez uma versão do tema "Puto da Rua", imprimindo uma sonoridade rápida e sem cerimónias, editado no álbum Friendship.[11]

Discografia[editar | editar código-fonte]

A discografia da banda é composta apenas por um single e por um álbum de estúdio.

Single
  • "Puto da Rua" (1981) [3]
Álbum
  • No Sul da Europa (1982) [6]

Referências

  1. «Rotação». Sinfonias de Aço–Anos 80. Consultado em 5 de maio de 2017 
  2. a b c d «Opinião Pública–Biografia». Sinfonias de Aço–Anos 80. Consultado em 5 de maio de 2017 
  3. a b «Puto da Rua (single)». Discogs. Consultado em 5 de maio de 2017 
  4. João Santareno (3 de maio de 2017). «Vinil: Opinião Pública–Puto da rua». UALMedia. Consultado em 5 de maio de 2017 
  5. M. Ribeiro, António (2014). Por Detrás do Pano. Avenida da Liberdade 166 1º andar 1250-166 Lisboa: Chiado Editora. p. 242. ISBN 978-989-51-2692-7 
  6. a b c «No Sul da Europa (LP)». Discogs. Consultado em 5 de maio de 2017 
  7. «Rádio & TV». Sinfonias de Aço–Anos 80. Consultado em 5 de maio de 2017 
  8. Barros, Luís (23 de dezembro de 2013). «Há bandas muito boas mas estamos muito mal de vozes e letras». Revistas (entrevista). Alexandra Tavares Teles. Lisboa: Diário de Notícias. Consultado em 5 de maio de 2017 
  9. «Agenda concertos: Cool Manouche Trio». Jazz Portugal–Universidade de Aveiro. 4 de junho de 2017. Consultado em 1 de fevereiro de 2018 
  10. «Powerpearls Vol.6 (vários)». Discogs. Consultado em 5 de maio de 2017 
  11. «Friendship (CD)». Discogs. Consultado em 5 de maio de 2017 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]