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Os Algarves

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Algarve ou al-Gharb é um termo geográfico usado para designar o extremo ocidental tanto da Península Ibérica, como do norte de África.[1] Historicamente podemos encontrar a designação de Algarve ou al-Gharb em Portugal, Espanha e Marrocos.[1][2]

Territórios que hoje ou no passado utilizaram o termo Algarve ou Al-Gharb.
Territórios que hoje ou no passado utilizaram o termo Algarve ou Al-Gharb.

Etimologia/Significado

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O topónimo Algarve (pronúncia [aɫˈɡaɾv(ɨ)) tem origem na expressão árabe الغرب (Algarbe) que significa "o oeste", "o ocidente".[3][4]

Os Algarves do mundo muçulmano

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São os territórios que após a expansão islâmica utilizaram o termo al-Gharb. Em 1577 Frei João de São José na sua obra Corografia do Reino do Algarve, escrevia acerca dos Algarves do mundo muçulmano: “as terras que os mouros chamam Algarves são muito grandes e de muitos senhorios e cingem boa parte do mar Mediterrâneo duma banda e da outra e também do oceano”.[2][1]

O Al-Gharb al-Andaluz

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Por Al-Gharb al-Andaluz devemos compreender o território a ocidente do al-Andaluz, ou seja; a região mais ocidental da Península Ibérica sob domínio Islâmico a partir do ano de 711.[1][5]

O Al-Garbh al-Andalus incluía cinco territórios principais correspondentes ao termo de Coimbra, ao estuário do Tejo, ao Alto Alentejo, ao Baixo Alentejo e ao Algarve. Estes territórios estendiam-se ainda para as atuais Estremadura espanhola e Andaluzia Ocidental. Destacavam-se as cidades de Coimbra, Lisboa, Santarém, Silves, Mértola, Faro, Mérida e Badajoz.[6]

Frei João de S. José, em 1577 na sua obra Corografia do Reino do Algarve, situa o Gharb al-Andaluz entre Almeria e o Cabo de São Vicente: “Da banda de Espanha começam do Cabo de São Vicente e correm ao levante até Almeria…”.[2]

O Al-Gharb al-Magrebe

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Por Al-Gharb al-Magrebe devemos compreender o território a ocidente do al-Magrebe, ou seja; a região mais ocidental do norte de África sob domínio Islâmico.[1] Começava no mediterrâneo e englobava a região do Rife, o estreito de Gibraltar, passando para o atlântico englobando a região da Enxovia, Duquela e do Suz.[1]

Em 1577 Frei João de São José na sua obra Corografia do Reino do Algarve, delimitava o Gharb al-Magrebe entre o estreito de Gibraltar e o cabo de Guê: “Se estende por África, desde o reino de Tremecem, pelo estreito de Gibraltar, té o cabo de Gué, tomando toda a ribeira da Mauritânia, Tingitânea, em que há muitos reinos de grande fertilidade e jaz a melhor terra de toda a África”.[2]

Até 2015 uma das regiões administrativas de Marrocos era a região de Gharb-Chrarda-Beni Hssen, que correspondia as províncias de Kenitra, Sidi Slimane e Sidi Kacem. Hoje a parte mais ocidental da província de Kenitra chama-se Gharb.[9]

Os Algarves do mundo cristão

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São os territórios que após a reconquista cristã na península Ibérica e da expansão Portuguesa em Marrocos utilizam ou utilizaram o termo Algarve.

O Algarve d’aquém-mar Português

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Por Algarve d’aquém-mar devemos compreender todo o território continental a sul do baixo Alentejo, ou seja; a região mais meridional do atual território português conquistada definitivamente por D. Afonso III, em 1249, e cujas fronteiras ficaram delimitadas com a assinatura do Tratado de Badajoz, entre Afonso III de Portugal e Afonso X de Castela, em 1267.[1]

Em 1577 Frei João de São José na sua obra Corografia do Reino do Algarve, delimitava o Algarve Daquém da seguinte maneira: “começa do Sacro Promontório (…) té dar na barra do rio Guadiana (…) sobe pelo rio acima (…) té a vila de Alcoutim (…) Dai corta pelo sertão, antre as serras chamadas do Algarve (…) direito ao mar (…) junto do mesmo cabo de S. Vicente, onde esta demarcação começou”.[2]

Hoje corresponde ao distrito de Faro[10] que constitui a região do Algarve.

O Algarve d’além-mar Português

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Por Algarve d’além-mar devemos compreender todos os territórios ocupadas por Portugal desde 1415 até 1769[11] na costa marroquina. Incluía Ceuta, Arzila, Tânger, Azamor, Safim, Mazagão, Alcácer-Ceguer, o Castelo de Aguz, o Castelo Real de Mogador, e Santa Cruz do Cabo Gué.[1] A partir de 1508 também incluiu por um breve período de tempo o Protectorado da Duquela.[1]

A cronologia da ocupação destes territórios por Portugal foi a seguinte:

O Algarve da Coroa Espanhola

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Por Algarve da Coroa Espanhola devemos compreender os territórios a leste do rio Guadiana que anteriormente pertenciam a Taifa de Niebla.

Em 1249 Afonso III de Portugal incorpora o Algarve no reino de Portugal, com a conquista da cidade de Faro. A conquista do Algarve vai provocar um conflito diplomático com Castela, que considerava que o Algarve lhe pertencia, devido ao voto de vassalagem de Ibn Mafûz, rei de Niebla e emir do Algarve fez a Afonso X de Castela. Com este voto de vassalagem Ibn Mafûz pretendia evitar a conquista dos seus territórios pelos Portugueses.[12] Seguiu-se um período de guerra entre os dois países, até que, em 1267, foi assinado o tratado de Badajoz que determina a fronteira no Guadiana desde a confluência do rio Caia até à foz.[13] Este tratado permite ao monarca Castelhano usar o título de Rei do Algarve, mas referente aos territórios a leste do rio Guadiana que anteriormente pertenciam a Taifa de Niebla.

Tratado de Badajoz de 1267

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O Tratado de Badajoz foi assinado entre Afonso X de Castela e Leão e Afonso III de Portugal em 16 de fevereiro de 1267 na cidade de Badajoz, quando foi estabelecida a fronteira entre Castela e Portugal. Reconheceu a integração do Reino do Algarve na Coroa de Portugal e dos territórios a leste do rio Guadiana na Coroa de Castela; embora o rei castelhano continuasse a usar o título real do Algarve, mas apenas por causa da referência ao território da antiga Taifa de Niebla.[14]

Taifa de Niebla
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A Taifa de Niebla foi um reino muçulmano independente que existiu no al-Andalus em três épocas diferentes: de 1023 a 1053, de 1145 a 1150 e de 1234 a 1262. Em 1253 o seu rei Ibn Mafûz declarou-se vassalo do Reino de Castela.[15] Foi conquistado e incorporado no Reino de Castela em 1262.[16]

  1. a b c d e f g h i Pessanha, Fernando (2012). «As guarnições militares nas praças portuguesas da região da Duquela, no Algarve dalém mar». sapientia.ualg.pt. Consultado em 13 de julho de 2024 
  2. a b c d e João de São José, Frei (1577). «COROGRAFIA DO REINO DO ALGARVE (1577), Edição de Rui Manuel Loureiro & Daniela Nunes Pereira» (PDF). Consultado em 13 de julho de 2024 
  3. «Algarve». Wikipédia, a enciclopédia livre. 28 de maio de 2024. Consultado em 14 de julho de 2024 
  4. «Algarve que vem do árabe». RTP Ensina. Consultado em 15 de julho de 2024 
  5. «Algarbe Alandalus». Wikipédia, a enciclopédia livre. 29 de julho de 2023. Consultado em 13 de julho de 2024 
  6. «Algarbe Alandalus». Wikipédia, a enciclopédia livre. 29 de julho de 2023. Consultado em 16 de julho de 2024 
  7. Martínez, Susana (2022). «Revista da Associação dos Arqueólogos Portugueses, nº73» (PDF). www.museuarqueologicodocarmo.pt/. Consultado em 7 de setembro de 2024 
  8. a b DE SÃO JOSÉ, FREI JOÃO (1577). «COROGRAFIA DO REINO DO ALGARVE» (PDF). https://run.unl.pt/. Consultado em 8 de setembro de 2024 
  9. «Algarbe de Berbería». Wikipedia, la enciclopedia libre (em espanhol). 17 de junho de 2024. Consultado em 22 de setembro de 2024 
  10. «Distrito de Faro». Wikipédia, a enciclopédia livre. 6 de abril de 2024. Consultado em 8 de setembro de 2024 
  11. Cruz, Pedro (31 de maio de 2015). «Marinha de Guerra Portuguesa: Mazagão- Século XVI a meados do Século XVIII». Marinha de Guerra Portuguesa. Consultado em 14 de julho de 2024 
  12. «Traité de Badajoz (1267)». Wikipédia (em francês). 26 de janeiro de 2024. Consultado em 2 de setembro de 2024 
  13. «Afonso III de Portugal». Wikipédia, a enciclopédia livre. 12 de maio de 2024. Consultado em 2 de setembro de 2024 
  14. «Tratado de Badajoz (1267)». Wikipedia, la enciclopedia libre (em espanhol). 22 de janeiro de 2024. Consultado em 2 de setembro de 2024 
  15. «Taifa de Niebla». Wikipedia, la enciclopedia libre (em espanhol). 10 de maio de 2024. Consultado em 2 de setembro de 2024 
  16. «Taïfa de Niebla». Wikipédia (em francês). 3 de julho de 2023. Consultado em 2 de setembro de 2024