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Paço de Raxoi

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Paço de Raxoi
Apresentação
Tipo
Parte de
Way of Saint James in the province of A Coruña (d)
Fundação
Estilo
Arquiteto
Carlos Lemaur (d)
Ocupante
Câmara Municipal de Santiago de Compostela (d)
Proprietário
Câmara Municipal de Santiago de Compostela (d)
Uso
casa consistorial (d)
Estatuto patrimonial
parte do Património Mundial (d)Visualizar e editar dados no Wikidata
Logotipo do Patrimônio Mundial Património mundial
Identificador
Localização
Localização
Coordenadas
Mapa

O Paço de Raxoi (em galego: Pazo de Raxoi; em castelhano: Palacio de Rajoy) está situado na Praça do Obradoiro, em Santiago de Compostela, capital da Galiza (Espanha). É a actual sede do governo municipal da cidade e também da Junta da Galiza.

O edifício é de estilo neoclássico, tendo sido a sua construção encomendada pelo arcebispo de Santiago, Bartolomeu de Raxoi e Lousada, no ano de 1766 com a finalidade de servir como seminário para confessores. O arquitecto francês Carlos Lemaur foi o responsável pela obra. No seu portal pode observar-se uma representação da batalha de Clavijo e uma escultura do Apóstolo Santiago Maior.

Situação[editar | editar código-fonte]

Está localizado na parte ocidental da Praça do Obradoiro, frente à fachada principal da catedral de Santiago. À sua direita fica o Colégio de São Xerome, que atualmente serve como sede do Reitoria da Universidade de Santiago de Compostela; à esquerda do paço ergue-se o Hostal dos Reis Católicos, o antigo Hospital Real dos Reis Católicos.

História[editar | editar código-fonte]

O local sobre o qual se ergue o Paço de Raxoi fora ocupado anteriormente pelos cárceres da cidade, o civil e o eclesiástico; uma parte fora no passado um trecho da muralha, que defendia a urbe pela parte de poente. A dupla propriedade sobre o prédio originou discordâncias entre o Bispado e o Concelho. Este apresentou um projeto em 1764, da autoria de Lucas Ferro Caaveiro, visando localizar a Casa do Concelho entre ambos os cárceres. Pelo seu lado, o arcebispo Bartolomé de Rajoy, tinha em mente colocar aí o seminário denominado de confessores e a residência para as crianças do coro da catedral, para o que era apresentado um projeto diferente, encarregado a Andrés García de Quiñones.

Fachada principal do Paço de Raxoi

Além da controvérsia entre os co-proprietários, surgiu uma terceira parte interessada, o Hospital Real, alegando que afetava negativamente à sua propriedade. O litígio conseguinte levou a intervenção da Capitania General da Galiza e da Real Câmara, resolvendo, finalmente, de jeito salomônico, a 13 de maio de 1767, que o futuro edifício albergasse o Consistório compostelano, o Seminário de Confessores e os cárceres, consoante ao projeto do engenheiro Carlos Lemaur, segundo fora proposto pela dita Capitania General.

De acordo com a anterior resolução, o edifício foi construído segundo as traças de Lemaur, sendo dirigidas as obras por Frei Manuel de los Mártires, e como executores reais os mestres Juan López Freire e Alberte Ricoy. Segundo a inscrição que figura no friso do paço, as obras estenderam-se entre 1766 e 1772.

O paço contribuiu para engrandecer a Praça do Obradoiro, que carecia de um edifício digno nesse lado, máxime quando havia poucos anos desde o acabamento da nova fachada ocidental da sé compostelana.

Descrição[editar | editar código-fonte]

Fachada posterior do palácio

O edifício corresponde-se com um tipo palaciano francês desenvolvido por François Mansart, em último extremo padronizado sobre modelos italianos: longa loggia porticada, com perpianhos sobre o que se alçam os correspondentes corpos, e abraçados por uma ordem colossal. Sobre um plano retangular, predomina a horizontalidade, com os cerca de 90 m de comprimento da fachada, apenas rota pelas acróteras e frontões do coroamento, que contrasta com a verticalidade da fachada da catedral. No corpo inferior destacam-se os pórticos com vinte arcarias de arco de volta perfeita nos lados e cinco adinteladas no centro. Sobre desta loggia desenvolvem-se dois corpos superiores, ambos abrangidos por colunas encostadas de ordem gigante jônica, que começam sobre pedestal apoiado no remate do pórtico. Entre essas colunas colossais abrem-se cinquenta vãos, portas pelas quais se acede à varanda corrida que percorre toda a fachada no primeiro andar, e a uma varanda no segundo. Estes vãos asseguram a luminosidade das estâncias internas.

Abóbada de canhão

Coroa a construção uma cobertura adornada de balaustrada. Nos laterais estão colocados frontões curvos, e no meio um frontão triangular, sustentado por colunata pareada. Deste jeito se realça essa parte central, que avança ligeiramente para a praça, que chama a atenção, pois nela se situa a entrada principal. Enquanto nos frontões laterais se colocaram os seus respectivos escudos de Raxoi, no central situa-se um tímpano que desenvolve, em relevo, a batalha de Clavijo, na qual segundo a lenda interveio o mesmo Santiago Apóstolo, epônimo da cidade, em auxílio dos cristãos. Foi desenhado pelo pintor galego Gregório Ferro, e executado, em mármore, pelos escultores Xosé Gambino e Xosé Ferreiro, ambos também galegos. Este último foi ademais o autor do Santiago equestre que termina a cimeira do frontão.

A parte posterior da edificação é diferente, pois tanto o abrupto corte de terreno quanto a proximidade da igreja de São Frutuoso impunha soluções diferentes. O corpo inferior, até a altura da Praça do Obradoiro, foi destinado a albergar os cárceres. Colocou-se um amplo pátio central, e foram projetados dois corpos laterais prismáticos, seguindo as pautas da fachada, mas com total ausência de elementos que rompessem a estereotomia da obra, a não ser os vãos e a balaustrada superior.

Influências[editar | editar código-fonte]

Santiago Matamouros, de Xosé Ferreiro, na cima do frontão central do Paço de Raxoi

O francês J. Sermet foi o primeiro em assinalar, em 1950, que o paço de Raxoi, podia estar inspirado no Capitole de Toulouse (1750-1760), obra de Cammás, e, mais tarde, o historiador da arte, o ferrolano Alfredo Vigo Trasancos, assinalou outras edificações similares erguidas na França por essa mesma época, como a Mairie (Casa municipal) de Nancy, da autoria de M. Heré.

Usos[editar | editar código-fonte]

Desde a sua fundação foi casa consistorial e albergue dos confessores que administravam penitência aos peregrinos, e cárcere municipal (nos baixos da parte posterior). Até bem entrado o século XX seguiu a servir como residência de cônegos. Desde a transição democrática alberga a Presidência da Junta da Galiza.

Outros[editar | editar código-fonte]

O escritor Manuel Rivas em O lápis do carpinteiro evoca a estadia dos retaliados, após o golpe de estado de 1936, no cárcere do Paço de Raxoi.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Chamoso Lamas, Manuel, Santiago de Compostela. A Corunha. 1980 - ISBN 84 85319 20 6
  • Otero Túñez, Ramón, Rajoy, construtor, in "Cátedra. Revista Eumesa de Estudios" (Pontedeume. 2001), nº 8, p. 57 ss.
  • Vigo Trasancos, Alfredo, A arte galega: estado da cuestión. A Corunha. 1990 - ISBN 84 87172 57 1
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