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Pebrinha

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A pebrinha[1] (também chamada gatina[2]) é uma doença do bicho-da-seda, causada por um fungo, o microsporídio Nosema bombycis, assim batizado em 1857 por Karl Wilhelm von Nägeli[3]. Este fungo parece ter sido registado pela primeira vez em 1849, antes da identificação da pebrinha por Guérin-Méneville, que julgava erroneamente que os bichos-da-seda nos quais a observou estariam afetados pela muscardina[4]. Após a identificação da pebrinha, Cornalia, Franz Leydig[5], Balbiani[6], Béchamp e Pasteur[7] estudaram mais profundamente o agente microbiano ("corpúsculo").

À escala macroscópica, a pebrinha é caraterizada por manchas castanho-escuras no corpo da larva ou lagarta, e no indivíduo adulto (a mariposa). São essas manchas que estão na origem do nome da pebrinha[8], uma vez que os vermes afetados apresentam pequenos pontos negros semelhantes a grãos de pimenta (pebre, pimenta em provençal). A larva infetada é incapaz de enrolar as fibras de seda para construir o casulo .

Esta doença dizimou as explorações de bicho-da-seda em meados século XIX. Depois da doença da batata, da videira e das árvores de fruto, veio a doença do bicho-da-seda chamada gatina na Itália, que causou perturbações consideráveis na produção e no comércio da seda[9]. Os trabalhos de Louis Pasteur permitiram erradicar a pebrinha, mas não conseguiram triunfar sobre outra doença: a flacidez[10].

Outras doenças do bicho-da-seda

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Referências

  1. S.A, Priberam Informática. «Dicionário Priberam da Língua Portuguesa». Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Consultado em 18 de julho de 2024 
  2. S.A, Priberam Informática. «Dicionário Priberam da Língua Portuguesa». Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Consultado em 18 de julho de 2024 
  3. (em alemão) K. W. von Nägeli, « Ueber die neue Krankheit der Seidenraupe und verwandte Organismen. », Botanische Zeitung, 1857; 15:760-761.
  4. Guérin-Méneville, « Études sur les maladies des vers à soie (...) », Bulletin de la Société nationale et centrale d'agriculture de France, 2e sér., V, 1849-1850, p. 251-259. Voir Classic Encyclopedia, article « Silk », d'après l'Encyclopaedia Britannica de 1911. Sur la découverte des corpuscules de la pébrine par Guérin-Méneville en 1849, voir aussi L. Pasteur, Études sur la maladie des vers à soie, 1870, Œuvres complètes de L. Pasteur, t. 4, pp. 29-32, consultable sur Gallica.
  5. Leydig (Fr.) « Ueber Parasiten niederer Thiere », Archiv für pathologische Anatomie und Physiologie (Virchow), XIII, 1858, p. 280-282; id., Naturgeschichte der Daphniden (crustacea cladocera), Tübingen, 1860. (Cités par L. Pasteur, Études sur la maladie des vers à soie, Paris, 1870, Œuvres complètes de Pasteur, t. 4, p. 35, consultable sur Gallica.)
  6. Voir notamment Balbiani, « Recherches sur les corpuscules de la pébrine et sur leur mode de propagation », Comptes rendus de l'Académie des Sciences, séance du 27 août 1866, vol. 63 (1866), pp. 388-391.
  7. Voir le t. 4 de ses Œuvres complètes.
  8. Ce nom lui fut donné par Quatrefages. Voir récit de Quatrefages reproduit dans L. Pasteur, Études sur la maladie des vers à soie, Paris, 1870, Œuvres complètes de Pasteur, t. 4, p. 27, consultable sur Gallica.
  9. Louis Figuier (1857). L'année scientifique et industrielle. [S.l.]: Librairie de L. Hachette & Cie 
  10. En 1884, G. Balbiani (G. Balbiani, Leçons sus les sporozoaires, Paris, 1884, pp. 167-168 En ligne.) reconnaissait que le procédé pratique de Pasteur avait remédié aux ravages de la pébrine, mais ajoutait que ce résultat tendait à être contrebalancé par le développement de la flacherie, moins bien connue et plus difficile à prévenir. En 1878, au Congrès international séricicole, Pasteur avait admis que « si la pébrine est vaincue, la flacherie exerce toujours ses ravages. » (Comptes rendus sténographiques du Congrès international séricicole, tenu à Paris du 5 au 10 septembre 1878; Paris, 1879, pp. 27-38. Reproduit dans les Œuvres complètes de Pasteur, t. 4, pp. 698-713, spéc. 699 et 713; consultable sur Gallica.) En 1886, la Société des Agriculteurs de France émettait le vœu « que le gouvernement examine s'il n'y avait pas lieu de procéder à de nouvelles études scientifiques et pratiques sur le caractère épidémique des maladies des vers à soie et sur les moyens de combattre cette influence. » (Cité par Philippe Decourt, Les Vérités indésirables, Paris, 1989, p. 301.)