Pereskia aculeata
Ora-pro-nóbis | |||||||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Estado de conservação | |||||||||||||||
Pouco preocupante [1] | |||||||||||||||
Classificação científica | |||||||||||||||
| |||||||||||||||
Nome binomial | |||||||||||||||
Pereskia aculeata |
Pereskia aculeata, popularmente conhecida como ora-pro-nóbis (do latim ora pro nobis: 'ora por nós'), orabrobó, lobrobó ou lobrobô, é uma cactácea trepadeira folhosa. É uma planta, rústica, perene, desenvolvendo-se bem em vários tipos de solo, tanto à sombra como ao sol. Muito usada em cercas-vivas, com frutos do tipo baga, amarelos e redondos.[2] A planta é também empregada para a produção de mel.[3][4]
É originária do continente americano, onde tem ampla distribuição - desde o sul dos Estados Unidos até a Argentina, passando pelas ilhas do Caribe. Planta perene, rústica e resistente à seca, é a única espécie do gênero Pereskia que tem hábito de liana. No Brasil, ocorre em florestas perenifólias, nos estados de Maranhão, Ceará, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro.[5]
A denominação do gênero Pereskia refere-se ao botânico francês Nicolas-Claude Fabri de Peiresc, e o termo aculeata (do latim ăcŭlĕus, 'agulha' ou 'espinho') significa dotado de espinhos.
Usos
[editar | editar código-fonte]Por serem ricas em ferro, as folhas da Pereskia aculeata ajudam a curar anemias. Podem ser usadas frescas ou, secas e moídas, no preparo da farinha múltipla, complemento nutricional empregado no combate à desnutrição. Ricas em mucilagem, contribuem para o bom funcionamento do intestino.[carece de fontes]
As folhas e flores são ingredientes de diferentes receitas de sopas, omeletes, tortas e refogados, sendo muito usadas na culinária das cidades históricas do estado de Minas Gerais, onde a planta é muito conhecida (ver: Culinária de Minas Gerais). Na cidade de Sabará, onde ocorre anualmente o Festival do Ora-pro-nóbis,[6] teria surgido a lenda de que o nome '"ora-pro-nóbis" teria sido criado por pessoas que colhiam a planta no quintal da casa do pároco local, que rezava uma ladainha.[7] Em Tiradentes, outra cidade de Minas Gerais, também há restaurantes que servem o ora-pro-nóbis, sendo apreciado o frango com ora-pro-nóbis.[carece de fontes]
Cruas, as folhas podem ser consumidas em saladas; desidratadas e trituradas, podem servir para enriquecer a farinha usada no preparo de massas e pães. As folhas secas contêm 25,4% de proteínas (razão pela qual a planta é conhecida como "carne de pobre")[7] de alta digestibilidade (85%). Contém aminoácidos essenciais, em teores excepcionalmente elevados, destacando-se a lisina, cujo teor, no ora-pro-nóbis, é superior ao do milho, da couve e do espinafre.[3] As folhas também são ricas em vitaminas A, B e C , ferro, magnésio, cálcio e fósforo.[2][8][9]
Acredita-se que o cultivo em larga escala, com processamento industrial, do ora-pro-nóbis possa vir a provocar uma verdadeira revolução nos recursos alimentícios da humanidade, tendo em vista a facilidade do cultivo, a alta produtividade e o valor nutricional da planta, que serve também para alimentação animal, in natura ou adicionada à ração.[10]
Cultivo
[editar | editar código-fonte]Propaga-se por meio de estacas plantadas em solo fértil enriquecido de matéria orgânica. Depois de enraizada, é transplantada para o local definitivo. Em épocas de chuva pode ser plantada diretamente no local definitivo. Seu desenvolvimento, quando propagada por estaquia, é lento nos primeiros meses mas, após formação das raízes, tem o crescimento bastante acelerado.[2]
A Pereskia aculeata não deve ser confundida com a Pereskia grandifolia ou a Pereskia bleo. A maior diferença entre estas espécies seria o formato da planta, uma vez que Pereskia aculeata é uma liana (trepadeira) enquanto as outras espécies são arbustivas. Além disso, elas também apresentam flores com formatos e cores diferentes. Pereskia aculeata tem flores brancas com o miolo alaranjado e que podem servir como alimento.[7][2]Pereskia grandifolia e Pereskia bleo apresentam flores róseas e alaranjadas, respectivamente.
Usos medicinais
[editar | editar código-fonte]As folhas de Pereskia aculeata têm sido empregadas na medicina tradicional para tratar distúrbios renais, curar feridas na pele e processos inflamatórios e como um emoliente eficaz[11]. Estudos científicos com extratos das folhas desta espécie relataram propriedades biológicas, como atividade anti-inflamatória tópica in vivo[12], cicatrização de feridas[13] e atividade antinociceptiva.[14] Outras propriedades foram atribuídas às folhas em experimentos in vitro como atividade antioxidante[15], antitumoral[16], antiproliferativa[17], tripanocida[16], antimicrobiana[15][18] e anticolinesterásica[17].
Galeria
[editar | editar código-fonte]Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ Taylor, N.P., Zappi, D., Braun, P. & Machado, M. (2017). Pereskia aculeata (em inglês). IUCN 2017. Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN. 2017: e.T46508A121558980. doi:https://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2017-3.RLTS.T46508A121558980.en Página visitada em 19-01-2021.
- ↑ a b c d Mathias, João (2 de dezembro de 2013). «Como plantar ora-pro-nóbis». Revista Globo Rural. Consultado em 29 de dezembro de 2022
- ↑ a b Ora-pro-nobis. Por Reynaldo Guilherme Kramer. APACAME.
- ↑ «Ora-pro-nóbis: a planta que dá pão». Jardim de Flores
- ↑ Flora do Ceará, Brasil: Cactaceae. Por Marcelo Oliveira Teles de Menezes, Nigel P. Taylor e Maria Iracema Bezerra Loiola. Rodriguésia, vol.64 nº 4. Rio de Janeiro, out.-dez. de 2013
- ↑ Festival do Ora-pro-nóbis - Prefeitura de Sabará
- ↑ a b c Ingrediente: Típico da cozinha mineira, ora-pro-nóbis é proteico. Por Rachel Botelho. Folha de S.Paulo, 10 de maio de 2007.
- ↑ Proteína verde das Gerais. Folha de S.Paulo, 14 de junho de 2001.
- ↑ Ora-pro-nóbis chega a SC e é usada na produção de farinhaGlobo Rural, 26 de março de 2012.
- ↑ Vieira, João Felix. Ora Pro Nobis - a carne dos pobres. Clube de Autores, 2007.
- ↑ de Castro Campos Pinto, Nícolas; Scio, Elita (setembro de 2014). «The Biological Activities and Chemical Composition of Pereskia Species (Cactaceae)—A Review». Plant Foods for Human Nutrition (em inglês) (3): 189–195. ISSN 0921-9668. doi:10.1007/s11130-014-0423-z. Consultado em 27 de janeiro de 2023
- ↑ Pinto, Nícolas de Castro Campos; Machado, Danielle Cunha; da Silva, Josiane Mello; Conegundes, Jéssica Leiras Mota; Gualberto, Ana Cristina Moura; Gameiro, Jacy; Moreira Chedier, Luciana; Castañon, Maria Christina Marques Nogueira; Scio, Elita (setembro de 2015). «Pereskia aculeata Miller leaves present in vivo topical anti-inflammatory activity in models of acute and chronic dermatitis». Journal of Ethnopharmacology (em inglês): 330–337. doi:10.1016/j.jep.2015.07.032. Consultado em 27 de janeiro de 2023
- ↑ Pinto, Nícolas de Castro Campos; Cassini-Vieira, Puebla; Souza-Fagundes, Elaine Maria de; Barcelos, Lucíola Silva; Castañon, Maria Christina Marques Nogueira; Scio, Elita (dezembro de 2016). «Pereskia aculeata Miller leaves accelerate excisional wound healing in mice». Journal of Ethnopharmacology (em inglês): 131–136. doi:10.1016/j.jep.2016.09.005. Consultado em 27 de janeiro de 2023
- ↑ Pinto, Nícolas de Castro Campos; Duque, Ana Paula do Nascimento; Pacheco, Natália Ramos; Mendes, Renata de Freitas; Motta, Erick Vicente da Silva; Bellozi, Paula Maria Quaglio; Ribeiro, Antônia; Salvador, Marcos José; Scio, Elita (2 de dezembro de 2015). «Pereskia aculeata : A plant food with antinociceptive activity». Pharmaceutical Biology (em inglês) (12): 1780–1785. ISSN 1388-0209. doi:10.3109/13880209.2015.1008144. Consultado em 27 de janeiro de 2023
- ↑ a b Garcia, Jéssica A.A.; Corrêa, Rúbia C.G.; Barros, Lillian; Pereira, Carla; Abreu, Rui M.V.; Alves, Maria José; Calhelha, Ricardo C.; Bracht, Adelar; Peralta, Rosane M. (outubro de 2019). «Phytochemical profile and biological activities of 'Ora-pro-nobis' leaves (Pereskia aculeata Miller), an underexploited superfood from the Brazilian Atlantic Forest». Food Chemistry (em inglês): 302–308. doi:10.1016/j.foodchem.2019.05.074. Consultado em 27 de janeiro de 2023
- ↑ a b Valente, Ligia M. M.; et al. (2007). «Evaluation of the antitumor and trypanocidal activities and alkaloid profile in species of Brazilian Cactaceae». Pharmacognosy Magazine. 3 (11): pp.167-172. ISSN 0973-1296. Consultado em 27 de janeiro de 2023[ligação inativa]
- ↑ a b Massocatto, Adriana Muniz; Silva, Nyéssia Fernanda de Souza; Kazama, Caroline Calixto; Pires, Michele Dal Bem; Takemura, Orlando Seiko; Jacomassi, Ezilda; Ruiz, Ana Lúcia Tasca Gois; Laverde Junior, Antonio (2022). «Biological activity survey of Pereskia aculeata Mill. and Pereskia grandifolia Haw. (Cactaceae)». Pharmaceutical Sciences (em inglês). 28 (1): 156-165. ISSN 1735-403X. doi:10.34172/PS.2021.27. Consultado em 27 de janeiro de 2023
- ↑ Souza, Lucèia; Caputo, Lucia; Inchausti De Barros, Ingrid; Fratianni, Florinda; Nazzaro, Filomena; De Feo, Vincenzo (3 de setembro de 2016). «Pereskia aculeata Muller (Cactaceae) Leaves: Chemical Composition and Biological Activities». International Journal of Molecular Sciences (em inglês) (9). 1478 páginas. ISSN 1422-0067. PMC PMC5037756 Verifique
|pmc=
(ajuda). PMID 27598154. doi:10.3390/ijms17091478. Consultado em 27 de janeiro de 2023
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]