Portfolio (álbum)
Portfolio | |||||
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Álbum de estúdio de Grace Jones | |||||
Lançamento | 1977 | ||||
Gênero(s) | música disco | ||||
Duração | 36:59 | ||||
Idioma(s) | inglês | ||||
Formato(s) | LP, CD e K7 | ||||
Gravadora(s) | Island Records | ||||
Cronologia de Grace Jones | |||||
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Singles de The Singer | |||||
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Portfolio é o álbum de estreia da cantora jamaicana Grace Jones. Lançado em 1977, pela Island Records, foi precedido por singles lançados por gravadoras independentes entre 1975 e 1976.
As gravações ocorreram nos Sigma Sound Studios, localizado na Filadélfia, Pensilvânia, e a produção ficou aos cuidados do celebrado produtor de música disco, Tom Moulton.
Enquanto a primeira metade do álbum apresenta um pot-pourri de músicas de aclamados musicais da Broadway, o segundo tem como primeira faixa uma versão cover de "La Vie en rose", seguido por outras três canções, duas das quais co-escritas por Jones.
Portfolio faz parte de uma trilogia de álbuns dedicados a música disco, da parceria entre Jones e Tom Moulton, que inclui os álbuns Fame, de 1978, e Muse, de 1979.
A capa e o encarte são uma obra de arte concebida por Richard Bernstein, que posteriormente contribuiria com a arte de outros álbuns notáveis de Jones, como Inside Story, de 1986.
As resenhas dos críticos especializados em música foram desfavoráveis. Embora alguns pontuassem que Jones trazia originalidade para a música disco, outros criticaram sua técnica vocal e o repertorio escolhido para o disco.
Comercialmente, no entanto, tornou-se um sucesso. Apareceu em paradas de sucessos de países europeus e americanos, ganhando discos de ouro em lugares como Itália e França.
Antecedentes
[editar | editar código-fonte]A carreira musical de Grace Jones começou com o lançamento do single "I Need a Man", cuja composição foi feita por Paul Adriam Slade e Pierre Papadiamondis.[1] As gravações ocorreram em 1975, na França, e a divulgação ocorreu primeiro no Japão, seguido de países da Europa.[1]
Dando sequência a sua produção fonográfica, ela gravou em Londres, duas canções: "That's the Trouble" e "Sorry", em 1976.[1] Por volta dessa época, a música disco começava a ser bastante aderida pelas rádios internacionais.[1] Nesse contexto, a gravadora novaiorquina Beam Junction estava buscando artistas que pudessem emular o som disco de artistas como Donna Summer, e contratou o produtor Tom Moulton para mixar as canções de Jones.[1] Quando as canções tiveram bom retorno comercial, eles relançaram "I Need a Man", que se tornou um sucesso na parada de música de dança da revista Billboard.[2]
A gravadora Beam Junction perceberam após o êxito de Jones que não eram grandes o suficientes para promover uma artista como a modelo e cantora e procuraram um parceiro que pudesse ajudar no licenciamento e desenvolvimento do primeiro álbum da artista.[1] A parceria ocorreu com a Island Records, que há muito estava tentando sondar Jones para o seu cast.[1] De acordo com a revista Cash Box, de 13 de agosto de 1977, a cantora assinou o contrato com a Island na semana anterior, tornando-se a primeira mulher contratada pela gravadora.[3]
Produção e gravação
[editar | editar código-fonte]O álbum foi gravado e mixado nos Sigma Sound Studios, na Filadélfia, e foi produzido pelo lendário produtor de música disco, Tom Moulton.[1]
O lado A do disco de vinil original é um contínuo medley disco que abrange três músicas de musicais da Broadway: "Send in the Clowns" de Stephen Sondheim de A Little Night Music, "What I Did for Love" de A Chorus Line e "Tomorrow" de Annie.[1] O lado B começa com uma reinterpretação muito pessoal de Jones da música "La Vie en Rose" de Édith Piaf e continua com três novas gravações, duas das quais foram co-escritas por Jones.[1] A versão italiana do álbum exclui "Sorry" e "That's the Trouble", adicionando uma versão estendida de mais de 7 minutos de "I Need a Man".[1]
A arte do álbum foi projetada por Richard Bernstein, um artista que trabalhava para a revista Interview, e que posteriormente contribuiria com as artes dos dois próximos álbuns de Jones, bem como para Inside Story, de 1986.[1]
Lançamento e divulgação
[editar | editar código-fonte]O álbum foi lançado em 26 de setembro de 1977.[1] Como forma de divulgação, um programa nacional de mídia acompanhou o lançamento, enquanto o departamento de marketing da gravadora emitiu uma variedade de materiais promocionais, incluindo pôsteres, camisetas, adesivos e kits de imprensa.[4]
Singles
[editar | editar código-fonte]I Need a Man foi o single de estreia de Grace Jones, originalmente gravado e lançado na França pelo selo Orfeus enquanto Jones ainda trabalhava como modelo.[1] É uma fusão de música disco e funk.[5] Seu lançamento inicial passou praticamente despercebido, após ser remixada e relançada em 1977, tornou-se um sucesso, alcançando o primeiro lugar na parada de dança da Billboard.[2] Ao mesmo tempo, contribuiu para a crescente popularidade de Jones na cena gay.[6]
Segundo Jones, o escritor original da música, Paul Slade, era um "músico de sessão anônimo e trabalhador" que havia escrito letras em inglês para cantores franceses que queriam cantar em inglês.[7] Grace afirmou ter ajudado a escrever as letras de "I Need a Man", mas não foi creditada como coautora.[7] A mixagem original de "I Need a Man", juntamente com seu lado B, "Again and Again", permanecem inéditos em CD.
Sorry / That's the Trouble foi o segundo single de Jones, lançado antes de seu sucesso internacional, pelo selo Orfeus na França e Beam Junction nos Estados Unidos.[1] A versão em vinil de 7" de "Sorry" e uma mixagem alternativa de "That's the Trouble" foram incluídas em Portfolio. Tanto a versão original do single quanto a instrumental de "That's the Trouble" permanecem inéditas em CD. As versões estendidas de 12" de ambas as faixas foram lançadas na caixa de Grace chamada Disco.[8] O single atingiu a posição de número 71 na Billboard Hot 100.[2]
A cantora explicou em suas memórias de 2015, que "Sorry" e "That's the Trouble" foram lançadas como um lado A duplo porque ela não queria que nenhuma das músicas fosse apenas um "lado B", que muitas vezes eram vistas como faixas "descartáveis".[9]
La Vie en Rose foi gravada em 1977, especialmente para o álbum de estreia, sendo o terceiro e último single de Portfolio. Jones disse sobre a música: "Essa é uma música muito especial para mim. Ai de Deus, eu choro toda vez que a canto. Eu tive alguns amantes franceses, então toda vez que a canto, penso neles."[10]
A interpretação de Jones, com uma abordagem bastante radical de bossa nova, da canção icônica de Édith Piaf tornou-se o seu primeiro single de sucesso internacional e uma peça fundamental em seu repertório.[1] Mais tarde, foi apresentada como parte de seu show A One Man Show de 1981, sendo a única faixa de sua era disco a ser incluída no show.[11]
A gravação de "La Vie en Rose" de Jones foi relançada várias vezes no início dos anos 1980 e finalmente atingiu a 12ª posição nas paradas do Reino Unido quando relançada como um lado A duplo com "Pull Up to the Bumper" em 1985. O single foi certificado como disco de ouro na França e na Itália.[12][13][14][15] No Canadá mais de 75 mil cópias foram vendidas.[16]
Recepção crítica
[editar | editar código-fonte]Críticas profissionais | |
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Avaliações da crítica | |
Fonte | Avaliação |
Allmusic | [17] |
Robert Christgau | C+[18] |
The Rolling Stone Album Guide | [19] |
Andrew Hamilton, do site AllMusic avaliou com duas estrelas de cinco e escreveu que "embora polidas, as faixas [do álbum] não se destacam. É realmente um álbum do produtor".[17] Ele pontuou que Moulton provavelmente havia concluído seu trabalho com as canções muito antes de saber quem as cantaria.[17] Por fim, ele afirmou que Grace Jones merece o crédito por dar credibilidade em canções como "Send in the Clowns" e "La Vie en Rose".[17]
O crítico Robert Christgau afirmou que Jones canta de forma tão desafinada que a faz parecer inferior a artistas como Andrea True, Linda Ronstadt, Tom Verlaine e Art Garfunkel.[18] Apesar disso, ele vê essa falta de técnica vocal como algo positivo, pois a associa a uma atitude libertária e punk.[18] Aponta a ironia da demanda de Jones por liberdade sexual, em contraste com sua posição de poder como modelo de moda, que é uma indústria muitas vezes associada à exploração e objetificação das mulheres.[18] Por fim, Christgau expressa seu desejo que Jones grave músicas mais desafiadoras em oposição às escolhas mais convencionais do disco.[18]
Desempenho comercial
[editar | editar código-fonte]Portfolio alcançou a posição de número 52 na parada musical Black Albums Chart da revista Billboard, dos Estados Unidos. Na parada Billboard 200 chegou à posição de número 109. O obteve maior êxito na Europa, chegando ao top 10 da Itália no início de 1978 e nos Países Baixos em 1983. (Ver tabela abaixo)
Lista de faixas
[editar | editar código-fonte]- Créditos adaptados do encarte do LP Portfolio, de 1977.[20]
N.º | Título | Compositor(es) | Duração | |
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1. | "Send in the Clowns" | Stephen Sondheim | 7:33 | |
2. | "What I Did For Love" | Marvin Hamlisch, E. Kleban | 5:15 | |
3. | "Tomorrow" | Martin Charnin, Charles Strouse | 5:48 | |
4. | "La Vie en rose" | Édith Piaf, Louis Gugliemi | 7:27 | |
5. | "Sorry" | Grace Jones, Pierre Papadiamondis | 3:58 | |
6. | "That's the Trouble" | Jones, Papadiamondis | 3:36 | |
7. | "I Need a Man" | Papadiamondis, Paul Slade | 3:23 |
Tabelas
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Tabelas semanais[editar | editar código-fonte]
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Tabelas anuais[editar | editar código-fonte]
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Certificações
[editar | editar código-fonte]Região | Certificação | Vendas |
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França (SNEP)[29] | Ouro | 100,000* |
Itália (FIMI)[29] | Ouro | 50,000* |
^números de vendas baseados somente na certificação |
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- «Site O Mundo de Grace Jones» (em inglês)
Referências
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n o p Easlea, Darly (2014). Disco. Universal Music. Europa. pags. 6-15. 0600753546482.
- ↑ a b c «Grace Jones | Awards | AllMusic». AllMusic. Rovi Corporation. 6 de julho de 2016. Consultado em 28 de setembro de 2023. Arquivado do original em 6 de julho de 2016
- ↑ «THEIR FIRST LADY -Grace Jones» (PDF). Cash Box. 13 de agosto de 1977. p. 16. Consultado em 12 de setembro de 2023
- ↑ «Grace Jones LP Slated For Release On Island» (PDF). Cash Box. 22 de outubro de 1977. p. 19. Consultado em 12 de setembro de 2023
- ↑ Harrison, Quentin (7 de setembro de 2017). «100 Álbuns de Estreia Mais Dinâmicos: 'Portfolio' de Grace Jones (1977)». Albumism. Consultado em 28 de outubro de 2020. Arquivado do original em 28 de outubro de 2020.
...o disco leve e o funk de "I Need a Man"...
- ↑ «Grace Jones na Polônia». www.innastrona.pl (em polaco). Consultado em 23 de dezembro de 2011
- ↑ a b Jones, Grace (2015). I'll Never Write My Memoirs. Londres: Simon & Schuster. 139 páginas. ISBN 978-1-4711-3523-1
- ↑ «Grace Jones / Disco box set». superdeluxeedition.com. Consultado em 6 de julho de 2016. Arquivado do original em 22 de abril de 2016
- ↑ Jones, Grace (2015). I'll Never Write My Memoirs. Londres: Simon & Schuster. 143 páginas. ISBN 978-1-4711-3523-1
- ↑ Slave to the Rhythm, faixa 4: "Operattack". (Island Records, 1985).
- ↑ George, Nelson (12 de fevereiro de 1983). «Video Reviews». Nielsen Business Media, Inc. Billboard (em inglês). 95 (5): 31. Consultado em 28 de setembro de 2023
- ↑ Butler, Susan (29 de julho de 1978). «Golden Grace». Billboard. Consultado em 3 de novembro de 2018
- ↑ «Italian News» (PDF). Cash Box. 8 de julho de 1978. p. 40. Consultado em 1 de janeiro de 2023.
Rain of gold for Grace Jones. Her big hit "La Vie En Rose" has sold over a million copies in Italy
- ↑ Syndicat National de l'Édition Phonographique (SNEP). Fabrice Ferment, ed. «TOP – 1977». 40 ans de tubes : 1960–2000 : les meilleures ventes de 45 tours & CD singles (em francês). OCLC 469523661. Consultado em 1 de janeiro de 2023. Cópia arquivada em 30 de agosto de 2020 – via Top-France.fr
- ↑ «Grace Jones in 'Conan The Destroyer'». Baltimore Afro-American. Baltimore. 23 de junho de 1984. Consultado em 26 de junho de 2016
- ↑ «Singles Still Sell At RCA» (PDF). Billboard. 1 de abril de 1978. p. 75. Consultado em 1 de janeiro de 2023
- ↑ a b c d Andrew Hamilton. «Portfolio - Grace Jones». www.allmusic.com. Consultado em 28 de dezembro de 2006
- ↑ a b c d e Robert Christgau. «Robert Christgau: CG: grace jones». www.robertchristgau.com. Consultado em 12 de abril de 2012
- ↑ The Rolling Stone Album Guide. [S.l.]: Random House. 1992. p. 378
- ↑ (1977) Créditos do álbum Portfolio por Grace Jones [LP]. Estados Unidos: Island Records (ILPS 9470).
- ↑ Kent, David (1993). Australian Chart Book 1970–1992 illustrated ed. St Ives, N.S.W.: Australian Chart Book. p. 160. ISBN 0-646-11917-6
- ↑ «Grace Jones Chart History (Billboard 200)» (em inglês). Billboard. Consultado em 26 March 2016.
- ↑ «Grace Jones Album & Song Chart History» (em inglês). Billboard Top R&B/Hip Hop Albums para Grace Jones. Prometheus Global Media.
- ↑ «International Best Sellers - France» (PDF). XXXIX (32). 24 de dezembro de 1977: 59. Consultado em 27 de setembro de 2023
- ↑ Racca, Guido (2019). M&D Borsa Singoli 1960–2019 (em italiano). [S.l.: s.n.] ISBN 9781093264906
- ↑ «Grace Jones – Portfolio» (em holandês). Dutchcharts.nl. Hung Medien. Consultado em 26 March 2016.
- ↑ «Grace Jones – Portfolio» (em inglês). Swedishcharts.com. Hung Medien. Consultado em 26 March 2016.
- ↑ Tenente, Fernando (27 de janeiro de 1979). Bee Gees, Bush lead Portugal chart survey (em inglês). [S.l.]: Nielsen Business Media, Inc. p. 92. ISSN 0006-2510. Consultado em 24 de setembro de 2023
- ↑ a b «Grace Jones The Exotic May Day». Frances M. Draper. Baltimore Afro-American (em inglês): 25. 1 de junho de 1985. Consultado em 25 de setembro de 2023