Povos indígenas da Bahia
As populações indígenas localizados na Bahia pertencem, em grande maioria, ao tronco linguístico macro-jê, dentre elas estão os grupos indígenas pataxós, pataxós-hã-hã-hãe, quiriris e os extintos camacãs. Grande parte dos índios vem perdendo o hábito do idioma materno, passando a falar a língua portuguesa. As tribos e aldeias indígenas estão bastante distribuídas pela Bahia em áreas/terras e reservas indígenas.[1]
De acordo com o Censo de 2022 do IBGE, 229.103 pessoas se autodeclararam indígenas no estado, sendo esta a segunda maior população indígena do país. O município de Salvador é o quarto município brasileiro com a maior população indígena, 27.740 pessoas. [2]
Etnias
[editar | editar código-fonte]De acordo com censo de 2010 há na Bahiaː
- 13.588 pataxós que vivem, principalmente, na costa do Atlântico-Sul, mas também no interior do estado;[3][4]
- 3.556 pataxós-hã-hã-hães vivendo no sudeste baiano nas Áreas Indígenas Fazenda Baiana e Caramuru/Paraguassu;[3][4]
- 3.079 quiriris (Kiriri) morando na Terra Indígena Kiriri, entre os municípios de Ribeira do Pombal e Banzaê, e na Área Indígena Barra à margem esquerda do São Francisco, no município de Muquém de São Francisco;[3][4]
- 1.828 tuxás vivendo nas margens do rio São Francisco no norte de Bahia, nas Áreas Indígenas Ibotirama (município de Ibotirama), Rodelas e Nova Rodelas (município de Rodelas), e também em Pernambuco;[3][4]
- 1.346 pancararés (Pankararé) que vivem nas Áreas Indígenas Brejo do Burgo e Pankararé, localizadas ao norte da Estação Ecológica do Raso da Catarina, no município de Glória;[3][4]
- 1.016 caimbés (Kaimbé) espalhados pela Área Indígena Massacará e pelas localidades de Muriti e Tocas, todas dentro do município de Euclides da Cunha; [3][4]
- 1.157 índios tumbalalás; entre os municípios de Abaré e Curaçá, às margens do Rio São Francisco;[3][4]
- 398 cantarurés (Kantaruré) habitando a Terra Indígena Kantaruré da Batida, no município de Glória;[3][4]
- 117 pancarus (Pankaru) que habitam a Reserva Indígena Vargem Alegre, localizada ao norte da Serra do Ramalho, no município de Bom Jesus da Lapa.[3][4]
Há também a presença dos tupinambás (tamoios, tupinambás-de-belmonte, de-crateús e de-olivença), paiaiás (payayá), xucurus-caririss, geréns, trucás (truká ou tur-ká), aticuns-umãs (aticum ou atikim-umã), etc. O território baiano foi habitado ainda pelos sapuiás, camacãs, entre outros.[5][6][4]
No sul da Bahia está localizada a Aldeia da Pedra Branca, à qual pertencia o índio Galdino, que foi queimado vivo por jovens de classe média-alta num ponto de ônibus de Brasília, em 1997.
População
[editar | editar código-fonte]Os municípios com maior população indígena no Censo de 2022 foramː[7]
Município | População indígena (2022) | Proporção na população total (%) | Terra Indígena[8] |
---|---|---|---|
Salvador | 27.740 | 1,15 | - |
Porto Seguro | 17.771 | 10,58 | Aldeia Velha, Barra Velha, Coroa Vermelha, Imbiriba |
Ilhéus | 12.974 | 7,26 | Tupinambá de Olivença |
Santa Cruz Cabrália | 7.103 | 24,34 | Coroa Vermelha, Mata Medonha |
Eunápolis | 6.785 | 5,97 | |
Feira de Santana | 6.621 | 1,08 | |
Prado | 6.086 | 17,39 | Águas Belas, Brejo do Burgo |
Paulo Afonso | 5.007 | 4,44 | Brejo do Burgo, Pankararé |
Lauro de Freitas | 1.819 | 2,38 | |
Camaçari | 4.835 | 1,61 | |
Juazeiro | 3.669 | 1,56 | |
Abaré | 3.241 | 18,37 | |
Pau Brasil | 3.236 | 34,54 | Caramuru / Paraguassu |
Os municípios com maior proporção de indígenas em relação à população total no Censo de 2022 foramː[7]
Município | Proporção na população total (%) | População indígena (2022) | Terra Indígena[8] |
---|---|---|---|
Pau Brasil | 34,54 | 3.236 | |
Banzaé | 25,51 | 3.050 | Fazenda Sítio, Kiriri |
Rodelas | 24,80 | 2.556 | Pankararé |
Santa Cruz Cabrália | 24,34 | 7.103 | |
Itaju do Colônia | 22,46 | 1.356 | Caramuru / Paraguassu |
Glória | 17,94 | 2.785 | Brejo do Burgo, Kantaruré, Quixabá |
Prado | 17,39 | 6.086 | |
Porto Seguro | 10,58 | 17.771 | |
Camacan | 10,21 | 2.305 | Caramuru / Paraguassu |
Línguas
[editar | editar código-fonte]A maior parte dos indígenas baianos perdeu o hábito do idioma materno, passando a falar a língua portuguesa. No Censo de 2010, foi registrado o seguinte número de falantes de línguas indígenasː[3]
Língua | Tronco linguístico | Total de falantes (2010) |
---|---|---|
Pataxó | Macro-jê | 772 |
Pataxó-hã-hã-hães | Macro-jê | 58 |
Kiriri (kipea) | Macro-jê | 56 |
Kaimbé | Língua isolada | 1 |
Terras indígenas
[editar | editar código-fonte]São Terras Indígenas regularizadas no estado da Bahiaː[9]
- Águas Belasː etnia pataxó, em Prado
- Barraː etnias atikum e kiriri, em Muquém do São Francisco
- Barra Velhaː etnia pataxó, em Porto Seguro
- Brejo do Burgoː etnia pankararé, em Glória, Paulo Afonso e Rodelas
- Caramuru/Paraguassuː etnia pataxó-hã-hã-hãe, em Camacan, Itaju do Colônia e Pau Brasil
- Coroa Vermelhaː etnia pataxó, em Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália
- Fazenda Bahianaː etnia pataxó, em Camamu
- Fazenda Sítioː etnia tuxá, em Quijingue
- Imbiribaː etnia pataxó, em Porto Seguro
- Kantaruréː etnia kantaruré, em Glória
- Kiririː etnia kiriri, em Glória
- Massacaráː etnia Kaimbé, em Euclides da Cunha
- Mata Medonhaː etnia pataxó, em Santa Cruz Cabrália
- Pankararéː etnia pankararé, em Glória, Paulo Afonso e Rodelas
São Reservas Indígenasː[9]
- Coroa Vermelha - Gleba Cː etnia pataxó, em Porto Seguro
- Fazenda Jenipapeiroː etnia atikum, em Santa Rita de Cássia
- Fazenda Sempre Verdeː etnia pankaru, em Muquém de São Francisco
- Quixabáː etnia xucuru-kariri, em Glória
- Tuxá de Ibotiramaː etnia tuxá, em Ibotirama
- Vargem Alegreː etnia pankaru, em Serra do Ramalho
Encontram-se na fase delimitada as Terras Indígenasː Tumbalalá (etnia tumbalalá), Tupinambá de Belmonte (etnia tupinambá), Tupinambá de Olivença (etnia tupinambá) e Comexatibá (etnia pataxó).[9]
A maioria dos indígenas na Bahia, no entanto, vive fora das terras oficialmente delimitadas: 92,49%. Foram mapeadas 134 localidades indígenas em 39 municípios, de um total de 417 cidades. [10]
Conflitos
[editar | editar código-fonte]Em 2022, a Bahia foi o segundo estado com mais casos de violência contra povos e comunidades tradicionais. Seis cidades registraram mais da metade dos eventos: Porto Seguro, Salvador, Banzaê, Pau Brasil, Ilhéus e Itaju do Colônia, com 52,2% dos casos.[11]
No extremo-sul baiano, a resistência do povo pataxó contra as ocupações de suas terras tem provocado retaliação por parte dos fazendeiros e empresários, que contratam pistoleiros e milícias privadas para atacar os indígenas.[12][13]
Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ «Povos Indígenas». Governo da Bahia. Secretaria de Educação
- ↑ «Tabela 9718: População residente, total e indígena, por localização do domicílio e quesito de declaração indígena nos Censos Demográficos - Primeiros Resultados do Universo». sidra.ibge.gov.br. Consultado em 7 de agosto de 2023
- ↑ a b c d e f g h i j «Indígenas no Censo 2010» (PDF)
- ↑ a b c d e f g h i j «O Brasil Indígena - IBGE 2010» (PDF)
- ↑ «Povos indígenas na Bahia: com mais de 10 etnias registradas, estado tem segunda maior população recenseada do Brasil». G1. 19 de abril de 2023. Consultado em 26 de setembro de 2023
- ↑ «Categoria:Povos indígenas na Bahia - Povos Indígenas no Brasil». pib.socioambiental.org. Consultado em 26 de setembro de 2023
- ↑ a b «Tabela 9718: População residente, total e indígena, por localização do domicílio e quesito de declaração indígena nos Censos Demográficos - Primeiros Resultados do Universo». sidra.ibge.gov.br. Consultado em 26 de setembro de 2023
- ↑ a b «SisAldeia - Sistema de Cadastro de Aldeias». mapas2.funai.gov.br. Consultado em 27 de setembro de 2023
- ↑ a b c «Visão de Terras Indígenas». sii.funai.gov.br. Consultado em 27 de setembro de 2023
- ↑ «Bahia tem 2ª maior população indígena do Brasil e mais de 90% dela vive fora de territórios étnicos». G1. 7 de agosto de 2023. Consultado em 27 de setembro de 2023
- ↑ «Bahia é o segundo estado com mais casos de violência contra povos e comunidades tradicionais em 2022, aponta pesquisa». G1. 19 de junho de 2023. Consultado em 27 de setembro de 2023
- ↑ «OS ATAQUES CONTRA O POVO PATAXÓ NO EXTREMO SUL DA BAHIA». CPT - Bahia. 13 de março de 2023. Consultado em 27 de setembro de 2023
- ↑ «Com mortes e ameaças, indígenas Pataxós denunciam milícia rural na Bahia | Metrópoles». www.metropoles.com. 15 de fevereiro de 2023. Consultado em 27 de setembro de 2023