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Princípio do contexto

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Em semântica e filosofia da linguagem, o princípio do contexto é um princípio segundo o qual as palavras só têm significado no contexto de uma oração.[1][2]

Para ilustrar o princípio, consideremos a frase "o menino está dormindo". Nesta frase, a palavra "menino" (em conjunção com o artigo determinado "o") desempenha a função de referir a uma entidade específica, ou seja, a algum menino em particular. Por outro lado, na frase "Matias é um menino", a mesma palavra, "menino", desempenha outra função e se refere a algo diferente, ou seja, a uma propriedade de Matias.

À primeira vista, pode parecer que o princípio de contexto é incompatível com o princípio de composicionalidade, o qual afirma que o significado de uma frase depende exclusivamente de sua estrutura e do significado de suas partes componentes. No entanto, essa tensão se dissipa ao perceber que o princípio de contexto não afirma que o significado de uma palavra vem de seu papel na frase, mas sim que seu papel na frase determina qual de seus múltiplos significados possíveis será utilizado. Uma vez estabelecido seu papel e determinado assim seu significado, então sim, o significado da frase dependerá de suas partes componentes, conforme exige o princípio de composicionalidade.

O princípio de contexto foi formulado de forma mais explícita por Gottlob Frege na seção 60 de sua obra de 1884, Os Fundamentos da Aritmética:

Na pesquisa que segue, segui três princípios fundamentais: sempre separar claramente o psicológico do lógico, o subjetivo do objetivo; nunca perguntar pelo significado de uma palavra isolada, mas apenas no contexto de uma proposição; nunca perder de vista a distinção entre conceito e objeto.

Ludwig Wittgenstein, em seu Tractatus Logico-Philosophicus, adere explicitamente ao princípio, afirmando:

3.3 Apenas a proposição tem sentido; apenas no contexto de uma proposição um nome tem sentido.
3.314 Uma expressão tem sentido apenas em uma proposição. [...]

Referências

  1. Szabó, Zoltán Gendler. «Compositionality». In: Edward N. Zalta. Stanford Encyclopedia of Philosophy (em inglês) Winter 2008 Edition ed.  
  2. Robert Audi (ed.). «Frege, Gottlob». The Cambridge Dictionary of Philosophy (em inglês) 2nd Edition ed. Cambridge University Press