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Reage, São Paulo

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Reage São Paulo foi um movimento organizado por pessoas da classe média paulistana, depois do Caso do Bar Bodega, em 1996, quando dois jovens foram assassinados, e que pedia a redução da idade para punir judicialmente responsável por crime, além de ter participado de campanhas de desarmamento. O movimento teve duração efêmera e não se teve mais notícia dele depois que ficou apurado que os acusados originais do crime no Bar Bodega eram inocentes e haviam confessado depois de sofrerem pesadas torturas em delegacias policiais. [1]

Sentença exemplar

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Ao proferir a sentença que condenou os verdadeiros responsáveis pelo latrocínio cometido no Bar Bodega, o juiz José Ernesto de Mattos Lourenço discorre sobre os sofrimentos impostos aos inocentes inicialmente acusados e relata o triste papel desempenhado neste episódio pelo movimento Reage São Paulo, no trecho a seguir transcrito:

“O crime que ceifou duas vidas prematuramente, de jovens filhos da classe média, num bairro dos mais finos desta cidade, provocou até mesmo o nascimento de um movimento que intitulou-se "Reage São Paulo".

Essa face hipócrita da sociedade, sem embargo da necessidade de reação contra a inoperância do Estado diante da violência crescente e assustadora.

Essa mesma sociedade, todavia, jamais reagiu quando os filhos de famílias miseráveis, nos confins da periferia regional e social, foram e continuam sendo assassinados.

São Paulo reage diante da morte de filhos ilustres, mas não se emociona diante da morte dos filhos dos desprovidos de capacidade econômica que não podem frequentar casas noturnas de Moema, mas frequentam os bares dos bairros distantes. "Reage São Paulo" não reagiu em favor dos nove jovens que foram barbaramente acusados e sofreram para confessar um crime que não cometeram. A prova colhida não admite dúvida atualmente.

Alguns desses jovens, que de comum têm a vida infra-humana, a pobreza latente, a falta de esperança de dias melhores, a miséria como companheira constante, a falta de ideal e perspectiva de futuro, a cor da pele, ainda sofrem as consequências da perversidade.

Ninguém reage, ninguém reagiu”[2]

Referências

  1. DORNELLES, Carlos - Bar Bodega, um crime de imprensa (ed. Globo, 2007, pág.219)
  2. op.cit., pág.261