Retrato de Fialho de Almeida (Columbano)
Retrato de Fialho de Almeida | |
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Autor | Columbano Bordalo Pinheiro |
Data | 1891 |
Técnica | Pintura a óleo sobre tela |
Dimensões | 65 cm × 54 cm |
Localização | Museu Nacional de Arte Contemporânea em Lisboa |
Retrato de Fialho de Almeida é uma pintura a óleo sobre tela do pintor naturalista português Columbano Bordalo Pinheiro (1857-1929) datada de 1891 e conservada no Museu Nacional de Arte Contemporânea em Lisboa.
O retratado é Fialho de Almeida, autor de escrita acerada e por vezes até violenta, animada por um certo pessimismo, que se distinguiu pela capacidade em fixar os traços do convulsivo final do séc. XIX e dos seus protagonistas, desenvolvendo, numa óptica realista e moderna, o que o afastou do naturalismo, de que inicialmente se aproximou nas reuniões do Grupo do Leão, uma afiada e implacável crítica de certas figuras do seu tempo, a que não escaparia o próprio Columbano, como se verificará mais abaixo.[1]
Descrição[editar | editar código-fonte]
Para Maria Jesús Ávila, pintado aqui em 1891, Fialho de Almeida integra assim o grande retrato por Columbano da sociedade do seu tempo (alguns exemplos em Galeria). Submerso na habitual paleta sombria como a dos outros retratados daquela época, o seu busto destaca-se do escuro do fundo que o envolve, desfazendo os pormenores das roupas e a estrutura do seu contorno num trabalho de gradações e falta de acabamentos, especialmente marcados no lado direito da figura; zonas inacabadas que apesar de uma carreira já consolidada, haveriam de valer-lhe críticas na imprensa, atribuídas a certo desleixo. Similar à do Retrato de D. João da Câmara é a postura com que Fialho é apresentado, ligeiramente de lado e voltando o rosto, iluminado do lado esquerdo do espectador. Daí que o jogo de contrastes e claro-escuros se repita, destacando das sombras o rosto do escritor, igualmente enquadrado e iluminado pelo branco da camisa, e nele encontrando melhor definição para as sombras da zona do rosto a meia-luz, mas por outro lado perdendo no perfil e nas sombras exageradas do queixo.[2]
Retrato de Columbano por Fialho de Almeida[editar | editar código-fonte]
Por seu turno, Fialho de Almeida, na sua mais conhecida obra Os Gatos, no próprio ano (1891) em que era retratado por Columbano, escrevia assim sobre o pintorː
- “Aí temos este homenzinho trigueiro, pequeno, silencioso, com a sua miopia doce e o seu ar contrafeito, todo cheio de susceptibilidades como as fêmeas, modesto por orgulho, intransigente por princípio, afastando o seu processo artístico cada vez mais da cozinha comum (...) E porque, misantropo e retirado, não sinta a vida senão por fragmentos, e tudo aperceba por uma só máscara, a lívida, ei-lo envolvendo o fundo dos quadros de brumas cor de cinza, não acabando nunca, pela necessidade de só pintar como vê – tipos incompletos, almas aos pedaços” [3]
História[editar | editar código-fonte]
A obra foi adquirida pelo Estado português a Olinda Veiga Coutinho, em 1947.[4]
Galeria[editar | editar código-fonte]
Referências[editar | editar código-fonte]
- ↑ Nota de Maria Jesús Ávila na página web do Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado sobre a obra, [1]
- ↑ Nota de Maria Jesús Ávila na página web do Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado, [2]
- ↑ Fialho de Almeida, Os Gatos, 1891, páginas. 47 e 51, Livraria Clássica Editora, Lisboa, 1934, [3]«Obras de Fialho de Almeida». na Biblioteca Nacional Digital da Biblioteca Nacional de Portugal
- ↑ Nota sobre a obra na página web do Museu do Chiado [4]
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
Página do Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado sobre Columbanoː [5]