Rhea americana americana
Ema | |||||||||||||||||||||||||||
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Estado de conservação | |||||||||||||||||||||||||||
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Classificação científica | |||||||||||||||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||||||||||||||
Rhea americana americana (Linnaeus, 1758)[3] | |||||||||||||||||||||||||||
Distribuição geográfica | |||||||||||||||||||||||||||
Mapa de distribuição da subespécie
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A Rhea americana americana (nome popular ema) é uma ave do gênero Rhea endêmica das regiões central e nordeste do Brasil.[3] É uma das três subespécies da espécie Rhea americana existentes no país.[2][nota 1] Assim como as outras subespécies de ema, na pecuária brasileira e internacional, apresenta uso por proporcionar produção de pele, carne e ovos de alto valor nutritivo, semelhantemente ao avestruz.[5]
Conhecida originalmente pelos índios como nhandu ou nhanduguaçu,[6][7][8] a subespécie é muito citada como ema-brasileira, por ser endêmica do Brasil, e avestruz-americano, em virtude de sua semelhança com a ave africana.[9][nota 2] No Nordeste é popularmente chamada ema-da-caatinga ou ema-catingueira.
Descoberta e classificação
[editar | editar código-fonte]A subespécie foi descrita e classificada pela primeira vez em 1758 pelo botânico e zoólogo sueco Carolus Linnaeus,[5] e pouco antes disso, no século XVII, já tinha se tornado emblema na bandeira do Rio Grande do Norte à época da dominação neerlandesa no Brasil.[11]
Na obra Trabalho Índio em Terras da Vera ou Santa Cruz e do Brasil há a seguinte citação sobre tal ave:
Na terra da Bahia de Todos os Santos criavam-se emas muito grandes, a que o gentio chama nhandu. Eram por eles tomadas a cosso, e tanto as seguem até que as cansam, e de cansadas as tomam.[7]
Tal subespécie ocorre unicamente no Brasil, sobretudo nas regiões Sudeste, Nordeste o Centro-Oeste,[12][nota 3] mas em virtude de secas constantes no Nordeste a ave foi intensivamente caçada para alimentação, o que a levou à beira da extinção.[13] Segundo dados de 1997 esta subespécie corre sérios riscos de extinção,[2] embora tenha sido reintroduzida em estados onde antes era comum e foi extinta, como Paraíba e Rio Grande do Norte.
Fisiologia e hábitos
[editar | editar código-fonte]Considerada a ave mais antiga do continente americano, a ema-brasileira é a maior ave da fauna brasileira; essa subespécie pode atingir quando adulta entre 1,40 e 1,70 metro de altura e pesar em torno de 35 kg. Vive em áreas campestres, de cerrado e caatinga.[6] No cerrado aberto, ocorre em grupos de 15 a 20 animais.
Os ovos são postos por várias fêmeas num ninho cavado no solo,[6] cabendo ao macho polígamo o trabalho de sua incubação e a tutela dos filhotes. Os ovos medem aproximadamente 15 cm por 8 e pesam 700 gramas e foram (junto com sua carne) importante meio de sustentação alimentar dos ameríndios.
Onívora, a subespécie se alimenta de sementes, folhas, frutos, insetos, roedores, moluscos terrestres e pequenos animais que encontra. Como forma de triturar, e portanto ajudar no processo digestivo, a ave costuma engolir pequenas pedras.
Notas
- ↑ As outras duas espécies a viver em território nacional são a Rhea americana intermedia e a Rhea americana araneipes.[4]
- ↑ O termo «avestruz-brasileiro» não é bem visto por peritos em taxonomia, já que a ave tem características físicas e genéticas próprias.[10]
- ↑ Maranhão, Piauí, Bahia, Tocantins, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso e São Paulo. Outrora foi comum também no Nordeste Oriental, onde foi extinta e recentemente reintroduzida.[11]
Referências
- ↑ Adm. do IUCN (2022). «Rhea americana». União Internacional para a Conservação da Natureza. Consultado em 6 de maio de 2023
- ↑ a b c «Análise Morfofuncional» (PDF). Universidade Federal de Uberlândia. 2008. Consultado em 28 de julho de 2014. Arquivado do original (PDF) em 28 de julho de 2014
- ↑ a b Adm. do IUCN (2022). «Rhea americana». União Internacional para a Conservação da Natureza. Consultado em 6 de maio de 2023
- ↑ Baêta, Marcelo (26 de julho de 2021). «Listo, logo existo: CBRO divulga nova Lista de Espécies de Aves do Brasil». Consultado em 28 de agosto de 2021
- ↑ a b ARAÚJO, Kênia S.M. et alii (2013). «Uso do propofol na indução anestésica de emas (Rhea americana americana)». Departamento de Ciências Animais, Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa). Consultado em 28 de julho de 2014
- ↑ a b c Editores do Aulete (2007). «Verbete «ema»». Dicionário Caldas Aulete. Consultado em 28 de julho de 2014
- ↑ a b CATHARINO, José Martins (1995). Trabalho índio em Terras da Vera ou Santa Cruz e do Brasil. [S.l.]: Salamandra. 628 páginas
- ↑ Netherlands. Ministerie van Onderwijs, (1990). Zoologische Verhandelingen, vol. 266-269. [S.l.]: E.J. Brill
- ↑ DA SILVA, José Maria Cardoso (2004). Biodiversidade da caatinga: áreas e ações prioritárias para conservação. [S.l.]: Ministério do Meio Ambiente. 382 páginas
- ↑ INGLEZ SOUZA, Julio Seabra et alii (1995). Enciclopédia agrícola brasileira: E-H. [S.l.]: EdUSP. ISBN 9788531405846
- ↑ a b GUTLICH, George Rembrandt (2005). Arcádia nassoviana: natureza e imaginário no Brasil holandês. [S.l.]: Annablume. 161 páginas. ISBN 9788574195346
- ↑ Adm. do sítio web. «Greater rhea (Rhea americana)». Wildescreen Arkive. Consultado em 12 de janeiro de 2015. Arquivado do original em 12 de janeiro de 2015
- ↑ MENDES, Benedito Vasconcelos (2009). «Projeto Áridas: uma estratégia de desenvolvimento sustentável para o Nordeste» (PDF). Portal Frutos da Floresta. Consultado em 28 de julho de 2014. Arquivado do original (PDF) em 11 de agosto de 2014