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Ricardo Gondim

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Ricardo Gondim
Nascimento 14 de janeiro de 1954
Fortaleza
Ocupação teólogo, pastor

Ricardo Gondim Rodrigues (14 de janeiro de 1954 (70 anos), Fortaleza) é um teólogo e escritor brasileiro, presidente da Igreja Betesda.[1]

Ricardo Gondim é filho de Erodoto J. Rodrigues e Glícia Maria Gondim. Casado com a pastora, terapeuta e escritora Silvia Geruza F. Rodrigues desde 11 de junho de 1977, tem três filhos: Carolina, Cynthia e Pedro.[1] Seu pai era militar da Força Aérea Brasileira, expulso, preso e torturado pela ditadura militar.[2]

Gondim nasceu em uma família profundamente católica, e lendo a Bíblia decidiu deixar o catolicismo. Ingressou na Igreja Presbiteriana Central de Fortaleza, onde se tornou atuante. Após receber o batismo com o Espírito Santo, foi convidado a deixar a denominação e tornou-se membro da Assembleia de Deus.[3]

Graduou-se em Teologia pelo Gênesis Training Center, da Califórnia, em 1977, em Administração de Empresas pela Universidade Estadual do Ceará, em 1980, e Mestre em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo, em 2009, orientado pelo Dr. Jung Mo Sung.[4]

Ao retornar dos Estados Unidos, Ricardo começou a trabalhar como evangelista das Assembleias de Deus em congregações pelo Ceará. Logo passou a fazer parte da Cruzada Boas Novas liderada pelo missionário Bernhard Johnson Jr., ajudando na organização de cruzadas em várias partes do país e como intérprete de pregadores norte-americanos. Ao voltarem aos Estados Unidos, para continuar os estudos, Gondim começou a pregar em igrejas por vários estados norte-americanos. Regressando ao país, ia continuar trabalhando com o missionário Johnson, mas foi convidado a assumir a missão Betesda.[1]

A igreja havia sido fundada em 18 de março de 1981, pelo pastor Ademir Siqueira Gonçalves, então da Assembleia de Deus do Templo Central de Fortaleza, em uma casa alugada no bairro Aldeota, como Centro Evangélico Missão Betesda. Em pouco tempo a nova igreja se juntou ao Ministério da Bela Vista e se tornou Igreja Evangélica Assembleia de Deus da Aldeota. Com a morte do pastor Ademir em acidente automobilístico, pastor Ricardo Gondim assumiu a igreja em março de 1982, aos 28 anos. Dois anos depois, a igreja passou a se chamar Assembleia de Deus Betesda.[5][6]

Em janeiro de 1991, a família de pastor Ricardo e mais outra foram enviados para fundar a igreja em São Paulo, primeiro com reuniões no apartamento de Gondim e depois em um salão de hotel. A Assembleia de Deus Betesda em São Paulo foi inaugurada em 14 de março de 1991. A partir de 1993, Gondim e a Betesda deixaram de fazer parte da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil, tornando-se independentes e deixando costumes e liturgia da denominação. Ao longo dos anos, a Betesda cresceu, constituindo um ministério nacional presidido por Gondim, com um colegiado de pastores e pastoras, chegando em 1998 a mais de setenta igrejas e missionários no país e exterior. Contudo, em 2007, vários pastores e igrejas haviam rompido com Gondim e sua Betesda devido a sua teologia.[5][6] Logo a Betesda deixou de ser uma Assembleia de Deus, tornando-se uma comunidade independente e em 2013 contava com nove igrejas no Brasil e uma missão em Moçambique.[6] Em 2019, a Betesda contava com oito igrejas no país.[7]

Prolífico escritor, Gondim recebeu o Prêmio Areté, da Associação de Editores Cristãos, em 2004 e 2009.[4][8] Escreveu para jornais e revistas evangélicas, apresentou programas de rádio e presidiu o Instituto Cristão de Estudos Contemporâneos (ICEC).[1]

Por suas posições tanto teológicas quanto políticas ao longo dos anos, rompendo com o fundamentalismo, encontra uma forte manifestação de denúncia, sendo apontado como herege e apóstata.[9][10][11][12][13][2] Gondim defendeu o que chamou de Teologia Relacional, expressando suas dúvidas e crenças, iniciando com inquietações sobre o que é Deus diante das tragédias.[14] Apesar de ser acusado de adepto do teísmo aberto, Gondim negou que o fosse, criticando-o tanto quanto a teologia calvinista.[15] Em 2012, anunciou estar deixando o Movimento Evangélico.[16] Em 2022, declarou se arrepender de já ter pregado contra a homossexualidade, anunciando que sua igreja seria aberta ao público LGBT.[17] A medida tornava a Betesda uma igreja pentecostal afirmativa, ainda que não fosse uma "igreja gay", com a maioria de pastores e membros LGBT. Isso acarretou perda de fiéis e dívidas.[18] Foi reconhecido como uma liderança religiosa progressista contrária ao bolsonarismo.[2] Fez parte do grupo Fraternidade do Evangelho, criado em 2021, como um manifesto de lideranças cristãs em defesa de democracia em oposições a declarações do presidente Jair Bolsonaro, e assinando nota a favor de Lula no segundo turno em 2022.[19][20]

Entre os livros de Ricardo Gondim, estão:

Ligações externas

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Referências

  1. a b c d ARAÚJO, Isael de (2007). Dicionário do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD. pp. 751–754. ISBN 9788526308831 
  2. a b c «Conhecendo os Evangélicos Progressistas: Ricardo Gondim – Por pastor Zé Barbosa Jr». Revista Fórum. 29 de outubro de 2021. Consultado em 10 de julho de 2024 
  3. Gondim, Ricardo (31 de março de 2006). «As cem (sem?) razões de meu desencanto». Rede Sepal. Consultado em 9 de julho de 2024. Cópia arquivada em 21 de dezembro de 2012 
  4. a b «Ricardo Gondim Rodrigues». CNPq. 21 de fevereiro de 2020. Consultado em 9 de julho de 2024 
  5. a b ARAÚJO, Isael de (2007). Dicionário do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD. pp. 357–358. ISBN 9788526308831 
  6. a b c «A Betesda». Betesda. Consultado em 10 de julho de 2024. Cópia arquivada em 2 de junho de 2013 
  7. «Outras localidades». Betesda. Consultado em 10 de julho de 2024. Cópia arquivada em 3 de julho de 2019 
  8. «Ed René Kivitz e Ricardo Gondim levam Prêmio Areté 2009». Notícias Gospel. Consultado em 10 de julho de 2024 
  9. Gregório, Neto (15 de fevereiro de 2011). «"Deus nos livre de um país evangélico", diz Ricardo Gondim». Gospel Prime. Consultado em 10 de julho de 2024 
  10. «Em texto, Ricardo Gondim explica porque abandonou o ministério». Notícias Gospel. Consultado em 9 de julho de 2024 
  11. Chagas, Tiago (30 de maio de 2023). «Gondim após deixar fé evangélica: 'É bom não ter medo do inferno'». Notícias Gospel. Consultado em 10 de julho de 2024 
  12. Chagas, Tiago (20 de julho de 2020). «Gondim abandona fé evangélica: 'Não existe doutrina vinda do céu'». Notícias Gospel. Consultado em 10 de julho de 2024 
  13. Farias, Heleno (6 de outubro de 2022). «Ricardo Gondim diz que "Deus não está no controle" e ataca Calvinismo». JM NOTÍCIA. Consultado em 10 de julho de 2024 
  14. Gondim, Ricardo (5 de julho de 2011). «Teologia Relacional – Que bicho é esse?». Ricardo Gondim. Consultado em 10 de julho de 2024. Cópia arquivada em 25 de junho de 2024 
  15. Gondim, Ricardo (1 de agosto de 2014). «O teísmo aberto e eu». Ricardo Gondim. Consultado em 10 de julho de 2024. Cópia arquivada em 28 de junho de 2024 
  16. Chagas, Tiago (16 de fevereiro de 2012). «Gondim anuncia que não faz mais parte do 'Movimento Evangélico'». Notícias Gospel. Consultado em 10 de julho de 2024 
  17. Lopes, Leiliane (12 de maio de 2022). «Ricardo Gondim diz que "homossexualidade não é pecado" e se arrepende de pregar contra a prática». JM Notícia. Consultado em 5 de dezembro de 2022 
  18. Carvalho, Pedro (16 de setembro de 2022). «A guerra da igreja evangélica que ousou tratar LGBTs de forma igualitária». VEJA SÃO PAULO. Consultado em 5 de dezembro de 2022 
  19. «Nossa História – Fraternidade do Evangelho». 1 de janeiro de 2022. Consultado em 10 de julho de 2024 
  20. Cunha, Marcello (24 de outubro de 2022). «Repúdio a Bolsonaro e apoio a Lula no segundo turno de 2022». Fraternidade do Evangelho. Consultado em 10 de julho de 2024