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Rui do Carmo

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Rui do Carmo
Nascimento 23 de março de 1958
Belém
Cidadania Brasil
Ocupação escritor, poeta

Rui Guilherme Lima do Carmo (Belém do Pará, 23 de Março de 1958) é um escritor, compositor e produtor cultural paraense, fundador do Movimento Cultural Extremo Norte (atualmente Instituto - ICEN) e da Romaria Poética.

Cursou o terceiro grau na União de Escolas Superiores do Estado do Pará (Unespa, atual UNAMA), formando-se assim em administração de empresas. Pós-graduou-se em Gestão Estratégica de Marketing pela Fundação Getúlio Vargas e escreveu vários trabalhos técnicos na área. Segundo o próprio autor, ele já escrevia há muito tempo, mas nunca pensara em publicar até o dia em que emprestou um disquete uma amiga. Ela precisava de um arquivo para uma apresentação no trabalho e ele gravou em um disquete já usado e entregou a ela. Alguns dias mais tarde, ela disse que adorou os poemas e o incentivou a trazer a público sua já numerosa produção.

Produção[editar | editar código-fonte]

Conto da Amazônia (1996)[editar | editar código-fonte]

O Canto do Curumim (2003)[editar | editar código-fonte]

Publicado em 2003, este livro, constituído de 53 poemas distribuídos ao longo de 77 páginas prefaciadas por Waldinett Torres, foi possível devido ao apoio da Lei Semear e ao patrocínio da "Fundação Tancredo Neves" e da "Rede Y. Yamada", empresa na qual Rui trabalhou por muitos anos.

Em sua coletânea inicial, o poeta utiliza predominantemente uma linguagem simples aliada a regionalismos e falares caboclos, na maior parte dos poemas, para cantar as belezas da Amazônia paraense, sobretudo do interior do estado. Percebe-se uma relação de simbiose entre o homem e a natureza já anunciada pela foto de capa. De estilo bastante diferente, há alguns poemas que fazem referências à mitologia Grega, como Uróboro, ou escolhas vocabulares rebuscadas, como Epitalâmio e Tu, nos quais o homem mais escolarizado também se deixa entrever.

Neste livro também se encontram poemas mais intimistas, onde o eu-lírico fala docemente sobre a relação com a mãe, expressa saudades da mulher amada que está distante e da infância dos filhos que já cresceram, como em Minha Pititinha, Pequeno Sonhador e o epistolar Por Amor. Em alguns momentos, chega a avizinhar-se ao espírito barroco, pois ora se mostra extremamente religioso, como em Prece e Doar, Verbo Doar, e ora entrega-se à sensualidade e ao erotismo como em Aruanã e o Lundu.

Além disso, o artista engajado que se revelará em obras posteriores já se insinua aqui em poemas de temática ecológica, como em Queimada, e de temática mais social, como História em Contramão e Isolamento.

Anjo Marajoara (2004)[editar | editar código-fonte]

Ficheiro:Anjo Marajoara Rui do Carmo.jpg

Em seu segundo livro, desta vez uma autopublicação de 2004 financiada com a ajuda dos amigos, o autor apresenta 47 poemas novos distribuídos em 102 páginas prefaciadas por Ana Amélia de Araújo Maciel.

Novamente, está presente a simbiose homem-natureza amazônica com o eu-lírico frequentemente assumindo a identidade de um ribeirinho ou de um indígena tentando defender sua terra natal de ameaças trazidas por agentes externos, como em Povo do Norte, Arari e Jumas. As lendas regionais também se fazem presentes em poemas como Vitória Régia e Vênus.

A experiência urbana também se faz presente em imagens saudosistas da cidade de Belém, sobretudo do bairro do Jurunas,onde vive o escritor, como em A Rua que Vejo, Moleque de Rua e Estivas do Passado.

O eu-lírico amoroso, à semelhança do que ocorre no livro anterior, toma a lua por principal confidente em poemas como Doce Saudade, Desejos e Estrela Cadente.

Lurdinha (2005)[editar | editar código-fonte]

Ficheiro:Lurdinha.jpg

Inspirado em fatos, este é primeiro e único romance escrito por Rui do Carmo até o momento. As 140 páginas desta narrativa linear escrita em terceira pessoa convidam o leitor a acompanhar a vida da personagem-título. O narrador começa apresentando Lurdinha, uma garota de 14 anos habitante de um vilarejo em Barcarena (PA)no ano de 1950 que sonhava estudar e se tornar professora. Ela recebe a proposta do comandante Salim para viajar a Belém, onde trabalhará nos afazeres domésticos em sua residência e onde também poderá estudar. Os pais de Lurdinha consentem e ela parte para a capital do estado, rapidamente criando um vínculo de amizade com a esposa do comandante. Tudo corre conforme o planejado até que a jovem retorna à casa paterna para férias de verão e conhece Oswaldo. A partir de então, muitas são as reviravoltas que ocorrerem em sua vida até os 75 anos.

A narrativa demonstra um grande trabalho de pesquisa histórica ao mencionar produtos e empresas há muito extintos. Percebe-se também uma idealização do ribeirinho e da vida no interior em trechos como

"Esta relação com a natureza faz do caboclo amazônico um sujeito sem grandes preocupação e não se ouve falar em pai que por algum fútil motivo, bater em um filho, quebrou a casa ou surrou a mulher, coisas de cidade grande" (p. 29).

Versos Pobres, Versos Pretos (2006)[editar | editar código-fonte]

Em seu quarto livro, Rui do Carmo retorna ao gênero lírico com 63 poemas nos quais predomina um forte apelo social, como já sugerido pelo título. A tônica deste livro é a desigualdade entre as classes sociais, a exploração do pobre pelo rico e a discriminação baseada na cor da pele. A crítica aos donos do poder de fato aparece logo no quarto poema ("Desapropriação") e aos detentores do poder de direito logo no sétimo ("Anti-herói"). Já na sequencia de poemas "Este povo é feliz", "Marketeiro" e "Louco", observa-se um questionamento acerca dos valores humanos na atual sociedade de consumo. Este tema é retomado no inspirado "Senzala", onde se lê [...]Tenho um barro na invasão

Um fogão, uma cama e uma televisão

Onde vejo o mundo e conheço o Brasil,

Por isso, sou livre.

Vendo todos os anos minhas férias

Para pagar dívidas contraídas

Mas sou livre!

Não vejo o sol nem sinto a chuva

Mas sou livre!

Nem ouço o canto dos pássaros

Mas sou livre! [...]

Trincheiras (2008)[editar | editar código-fonte]

Histórias de um Guajarino (2012)[editar | editar código-fonte]

Instituto Cultural Extremo Norte[editar | editar código-fonte]

Romaria Poética[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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