Saltar para o conteúdo

Sífilis congênita

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Sífilis congênita (português brasileiro) ou sífilis congénita (português europeu) é a sífilis transmitida por via transplacentária. Se a mãe não for sifilítica feto também não o será.

O causador da sífilis é um pequeno microrganismo espiralado, o Treponema pallidum, que cruza rapidamente a membrana placentária, a transmissão pode ocorrer a qualquer momento durante a gestação[1]. O Treponema pallidum é conhecido por sua capacidade de invasão e evasão imunológica e suas manifestações clínicas resultam de respostas inflamatórias locais[2].

A gravidez exerce efeito supurativo nas manifestações de sintomas e lesões normalmente visíveis na sífilis, portanto algumas vezes a doença passa despercebida pela mãe podendo ser diagnosticada apenas com exames sorológicos, correlacionando os resultados dos testes de infecção do líquido amniótico com a evidência da ultrassonografia, podendo esta ser identificada, pois durante o acometimento ocorre: espessamento cutâneo, aumento da placenta, efusões nas cavidades serosas, entre outros sinais.

As infecções maternas primárias(adquiridas durante a gravidez), quase sempre causam infecções fetais e anomalias congênitas graves, entretanto, o tratamento adequado da mãe pode matar o organismo impedindo que este atravesse a membrana placentária e infecte o feto. As infecções maternas secundárias(adquiridas antes da gravidez) raramente resultam em doenças e anomalias fetais.

A forma mais comum de contaminação é através da passagem do microrganismo para placenta, mas excepcionalmente, o contágio pode dar-se pelo contato direto das lesões infectadas durante o parto vaginal. A sífilis congênita é tratável e, consequentemente, pode ser evitada[3].

Após o quinto mês, a doença transmite-se mais facilmente ao feto, podendo culminar em óbito intra uterino, abortamento, parto prematuro[1], crescimento retardado e decesso neonatal. A possibilidade de transmissão é maior na primeira gestação, diminuindo nas sucessivas.

Nem todo filho de mãe sifilítica terá sífilis congênita, cerca de 20% não obtém contaminação.

A sífilis só é transmitida ao feto pela gestante nos dois primeiros anos que ela foi contaminada.

A sífilis congênita pode ser classificada em:

  • Recente: quando os sintomas aparecem nos primeiros dois anos de vida, sendo mais manifestos do primeiro ao terceiro mês.
  • Tardia: quando os sintomas aparecem a partir do segundo ano, ocasionando deformações de dentes, surdez, alterações oculares, dificuldades de aprendizagem, retardo mental.

Referências

  1. a b Galvis, Alvaro; Arrieta, Antonio (29 de outubro de 2020). «Congenital Syphilis: A U.S. Perspective». Children (em inglês) (11). 203 páginas. ISSN 2227-9067. PMC PMC7692780Acessível livremente Verifique |pmc= (ajuda). PMID 33137962. doi:10.3390/children7110203. Consultado em 23 de março de 2023 
  2. Peeling, Rosanna W.; Mabey, David; Kamb, Mary L.; Chen, Xiang-Sheng; Radolf, Justin D.; Benzaken, Adele S. (12 de outubro de 2017). «Syphilis». Nature Reviews Disease Primers (em inglês) (1). 17073 páginas. ISSN 2056-676X. PMC PMC5809176Acessível livremente Verifique |pmc= (ajuda). PMID 29022569. doi:10.1038/nrdp.2017.73. Consultado em 23 de março de 2023 
  3. Maschio-Lima, Taiza; Machado, Iara Lúcia de Lima; Siqueira, João Paulo Zen; Almeida, Margarete Teresa Gottardo (13 de janeiro de 2020). «Epidemiological profile of patients with congenital and gestational syphilis in a city in the State of São Paulo, Brazil». Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil (em inglês): 865–872. ISSN 1519-3829. doi:10.1590/1806-93042019000400007. Consultado em 23 de março de 2023 
  • GALVIS, Alvaro; ARRIETA, Antonio. Congenital Syphilis: a u.s. perspective. Children, [S.L.], v. 7, n. 11, p. 203, 29 out. 2020. MDPI AG. http://dx.doi.org/10.3390/children7110203.
  • PEELING, Rosanna W.; MABEY, David; KAMB, Mary L.; CHEN, Xiang-Sheng; RADOLF, Justin D.; BENZAKEN, Adele S.. Syphilis. Nature Reviews Disease Primers, [S.L.], v. 3, n. 1, p.[S.I], 12 out. 2017. Springer Science and Business Media LLC. http://dx.doi.org/10.1038/nrdp.2017.73.
  • ROSAURA, Moore. Embriologia Clínica – 6.ed. – Rio de Janeiro, GUANABARA KOOGAN, 2000.
  • REZENDE, Jorge. Obstetrícia- 10 ed.- Rio de Janeiro, GUANABARA KOOGAN, 2005.
  • VERONESI, Ricardo. Doenças Infecciosas e Parasitárias – 7.ed. – Rio de Janeiro, GUANABARA KOOGAN, 1987.