Sabório
Sabório | |
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Nacionalidade | Império Bizantino |
Título |
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Sabório (em latim: Saborius; em grego: Σαβώριος; romaniz.: Sabórios) foi um general bizantino que se revoltou contra o imperador Constante II (r. 641–668) em 667-668. Tentou e conseguiu obter o apoio do califa omíada Moáuia I (r. 661–680), mas acabou morrendo num acidente equestre antes de conseguir enfrentar as tropas imperiais.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Segundo Teófanes, o Confessor, possuía ascendência persa (seu nome é a forma grega do persa Xapur), posição hoje rejeitada em detrimento possível origem armênia.[1] É por vezes identificado com Pasagnates, "patrício dos armênios", que se rebelou em 651-652.[2] Em 667, ele era o governador-geral (estratego) do Tema Armeníaco, que cobria a parte nordeste da Anatólia. À época, e já por muitos anos, Constante II estava vivendo em Siracusa, na Sicília, tendo deixado a capital Constantinopla aos cuidados de seu filho e coimperador - e eventual sucessor - Constantino IV (r. 668–685). Na ausência do imperador, o califa Moáuia aproveitou para realizar uma série de raides devastadores na Anatólia, principalmente no Tema Armeníaco.[3][4]
Aproveitando-se da ausência de muitos soldados dos outros temas e com o imperador na Sicília, Sabório iniciou uma revolta no final de 667. Para assegurar a sua retaguarda, enviou um de seus generais, Sérgio, em embaixada até Moáuia em Damasco, para conseguir seu apoio. Constantino, ao saber da revolta, também mandou um emissário, o eunuco cubiculário André ao califa. Este, porém, não conseguiu cobrir a oferta rebelde de um pesado tributo ("toda a receita pública", de acordo com Teófanes) e Moáuia concordou em apoiar Sabório com suas tropas.[2] Apesar deste revés, André conseguiu que Sérgio, que o havia insultado durante as negociações, fosse capturado num passo perto de Arabisso, na Cilícia, por tropas leais ao imperador bizantino. Sergio então foi castrado e empalado numa estaca.[5][6]
Ainda assim, com o flanco oriental assegurado, marchou ao ocidente em direção a Constantinopla e conseguiu ganhar o controle sobre a maior parte da Anatólia. Acampou com seus homens em Hexápolis, também conhecida como Adrianópolis, na Bitínia, onde treinou seus homens e esperou a chegada do exército muçulmano. Sabório estava preparando seus homens para enfrentar um esperado ataque do exército imperial sob o patrício Nicéforo, quando seu cavalo disparou em direção a um portão da cidade, matando-o.[2][7][8] [9] As tropas armênias, agora sem liderança, rapidamente se renderam e, quando as tropas árabes chegaram, a revolta já estava terminada. O exército árabe aproveitou-se do tumulto e montou raides até na região do Bósforo e capturou Amório, que foi retomada no inverno seguinte.[6][10]
Legado
[editar | editar código-fonte]A revolta de Sabório não teve como resultado perdas territoriais pelo Império Bizantino, mas foi importante mesmo assim como o primeiro caso atestado de uma rebelião em temas reunidos[11] e anunciando uma fase com diversas revoltas pelos séculos VII e VIII.[12] Apesar da sequência de revoltas, o destino de Sabório também encorajou uma crença, muito repetida nas fontes siríacas e bizantinas, de que a morte esperava quem se revoltasse contra um imperador legítimo em Constantinopla ou lidasse com os infiéis muçulmanos.[13]
Referências
- ↑ Haldon 1997, p. 62.
- ↑ a b c Kazhdan 1991, p. 1824.
- ↑ Treadgold 1997, p. 319–320.
- ↑ Teófanes, o Confessor 1982, p. 48.
- ↑ Teófanes, o Confessor 1982, p. 49.
- ↑ a b Kaegi 1995, p. 228.
- ↑ Teófanes, o Confessor 1982, p. 49–50.
- ↑ Kaegi 1981, p. 166–167.
- ↑ Treadgold 1997, p. 320.
- ↑ Teófanes, o Confessor 1982, p. 50.
- ↑ Kaegi 1981, p. 182.
- ↑ Kaegi 1981, p. 167ff.
- ↑ Kaegi 1995, p. 227–229.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Haldon, John (1997). Byzantium in the Seventh Century. the Transformation of a Culture. Cambridge: Cambridge University Press. ISBN 0-521-31917-X
- Kaegi, Walter Emil (1981). Byzantine Military Unrest, 471–843: An Interpretation. Amsterdã: Adolf M. Hakkert. ISBN 90-256-0902-3
- Kaegi, Walter Emil (1995). Byzantium and the early Islamic conquests. Cambridge: Cambridge University Press. ISBN 0-5214-8455-3
- Kazhdan, Alexander Petrovich (1991). The Oxford Dictionary of Byzantium. Nova Iorque e Oxford: Oxford University Press. ISBN 0-19-504652-8
- Nikolia, Dimitra (28 de Novembro de 2003). Rebellion of Saborios the Persian, 667. Col: Encyclopaedia of the Hellenic World, Asia Minor (em inglês). Atenas, Greece: Foundation of the Hellenic World. Consultado em 14 de Julho de 2012
- Treadgold, Warren (1997). A History of the Byzantine State and Society. Stanford, Califórnia: Stanford University Press
- Teófanes, o Confessor (1982). Harry Turtledove, ed. The Chronicle of Theophanes: Anni mundi 6095-6305 (A.D. 602-813) (em inglês). Filadélfia: University of Pennsylvania Press. ISBN 978-0-8122-1128-3