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Safuane ibne Muatal

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Safuane ibne Muatal Alçulami (em árabe: صفوان بن بن المعطل السلمي; romaniz.: Ṣafwān ibn al-Muʿaṭṭal al-Sulamī; m. 638 ou 679) foi um sahaba (companheiro) do profeta islâmico Maomé e um comandante árabe nas conquistas muçulmanas. Foi um dos primeiros membros dos soleimitas a abraçar o Islã. Foi falsamente acusado, supostamente pelo poeta Haçane ibne Tabite, de ter um caso com a esposa de Maomé, Aixa, depois que os dois se separaram de uma caravana que ia para Medina. Os relatos medievais sobre este caso são contraditórios e a veracidade do incidente foi questionada pelo historiador Gautier H. A. Juynboll. Mais tarde, Safuane tornou-se comandante e mudou-se de Medina para Baçorá durante a conquista muçulmana daquela região. Depois disso, participou de campanhas militares contra os bizantinos na Jazira (Alta Mesopotâmia) e na Armênia, onde dizem que foi morto. No entanto, outros relatórios mencionam que morreu décadas depois como governador da Armênia.

Vida[editar | editar código-fonte]

Primeiros anos[editar | editar código-fonte]

Safuane pertencia ao clã dos dacuanitas da grande tribo dos soleimitas.[1] Seu ano de nascimento não é registrado nas fontes.[2] A maior parte dos soleimitas habitava a região de Harrá e muitos membros dos dacuanitas viviam na cidade de Meca, onde mantinham laços estreitos com os coraixitas, mas Safuane vivia em Medina,[1] onde se converteu ao Islã pouco antes da expedição de Maomé ao poço Almoraici em 627. Se tornou o assunto de uma controvérsia após a expedição, quando ele e a esposa de Maomé, Aixa, se separaram da caravana que voltava para Medina. Circularam rumores de que tiveram um caso ilícito, mas as alegações revelaram-se falsas. Safuane culpou o conhecido poeta árabe Haçane ibne Tabite por espalhar o boato e dizem que o golpeou na cabeça com uma espada de raiva. Haçane reclamou com Maomé, que o compensou oferecendo uma noiva egípcia ou um pedaço de terra; em troca, Sade ibne Ubadá, um muçulmano proeminente de Medina, fez Haçane renunciar a sua exigência de restituição contra Safuane, que estava essencialmente impune por sua ação. O historiador Gautier HA Juynboll afirma que a veracidade das histórias em torno do alegado incidente entre Safuane, Aixa e Haçane são "difíceis de estabelecer; podem não ser mais do que enfeites do papel de Safuane no caso, assumindo então que a história é historicamente sustentável".[3]

Comandante na Jazira e Armênia[editar | editar código-fonte]

Após a conquista muçulmana do Iraque, Safuane estabeleceu-se na colônia militar árabe em Baçorá, num bairro próximo ao antigo centro comercial de Mirbade. Depois, se tornou um comandante nas conquistas muçulmanas da Jazira (Alta Mesopotâmia).[3] De acordo com o historiador muçulmano Uaquidi, em 639, comandou a ala esquerda do exército de 5 000 homens de Iade ibne Ganme durante a campanha para conquistar a Jazira; Uaquidi afirma ainda que Calide ibne Ualide fazia parte da ala esquerda de Safuane, embora outros relatórios contradigam essa afirmação.[4] Quando Iade alcançou Harrã, despachou Safuane e Habibe ibne Maslama Alfiri para subjugar Samósata; depois que Safuane e Maslama capturaram várias aldeias e fortes nas proximidades de Samósata, os habitantes da cidade negociaram os termos de rendição com os muçulmanos garantindo sua segurança pessoal e nenhum dano às suas propriedades em troca de um imposto por cabeça e reconhecimento do domínio muçulmano.[5]

Quando Otomão se tornou califa em 644, nomeou Moáuia governador de toda a Síria, Jazira e das áreas de fronteira dessas províncias. Otomão instruiu Moáuia a continuar a conquista de Arsamosata (Xinsate) na Armênia, uma tarefa que delegou a Safuane e Habibe. Os dois últimos acamparam ao redor da cidade por alguns dias e forçaram sua rendição em termos semelhantes à capitulação de Samósata; outros relatórios mencionam que o próprio Moáuia liderou esta campanha com Safuane e Habibe atuando como tenentes. Em ambos os casos, Moáuia nomeou Safuane governador de Arsamosata. [6] Mais tarde, Habibe fez uma tentativa fracassada de capturar a fortaleza armênia de Camaca (Hicém Canque) de seus defensores bizantinos; Safuane também falhou num ataque subsequente contra a fortaleza. No entanto, em 678/79, as forças de Safuane finalmente subjugaram-na; um colega do clã dacuanita, Omeir ibne Hubabe, desempenhou um papel fundamental na capitulação de Camaca.[7] Os relatórios variam amplamente sobre o ano de sua morte, com um mencionando que morreu lutando na Armênia em 638, e outras fontes, incluindo Uaquidi, alegando que morreu como governador da Armênia em 678/79.[3]

Referências

  1. a b Lecker 1997, p. 817.
  2. Juynboll 1995, p. 819.
  3. a b c Juynboll 1995, p. 820.
  4. Albaladuri 1916, p. 270.
  5. Albaladuri 1916, p. 273.
  6. Albaladuri 1916, p. 287.
  7. Albaladuri 1916, p. 288.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Albaladuri (1916). Hitti, Philip Khuri, ed. The Origins of the Islamic State, Volume 1. Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Colúmbia 
  • Lecker, M. (1997). «Sulaym». In: Bosworth, C. E.; van Donzel, E.; Heinrichs, W. P.; Lecomte, G. The Encyclopedia of Islam. IX, San–Sze. Leida e Nova Iorque: Brill. pp. 817–818. ISBN 90-04-10422-4 
  • Juynboll, G. H. A. (1995). «Ṣafwān ibn Muʿaṭṭal». In: Bosworth, C. E.; van Donzel, E.; Heinrichs, W. P.; Lecomte, G. The Encyclopedia of Islam. VIII, Ned–Sam (new ed.). Leida e Nova Iorque: Brill. ISBN 90-04-10422-4