Satantango (romance)
Sátantángo | |
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Sátántangó | |
Sátántangó Sátántangó [BR] | |
Autor(es) | László Krasznahorkai |
Idioma | Húngaro |
Gênero | Romance pós-moderno |
Lançamento | Na Hungria: 1985
No Brasil: 2022 |
Edição brasileira | |
Tradução | Paulo Schiller |
Arte de capa | Guilherme Xavier |
Editora | Companhia das Letras |
Páginas | 232 |
ISBN | 978-6559211159 |
Satantango (em húngaro: Sátántangó , tr. "O Tango de Satã") é um romance de 1985 do escritor húngaro László Krasznahorkai.[1] É o romance de estreia de Krasznahorkai.[2] Foi adaptado para um filme de sete horas amplamente aclamado, Sátántangó (1994), dirigido por Béla Tarr. O romance foi publicado no Brasil, em tradução inédita, pela editora Companhia das Letras em 2022. A tradução para o português de Paulo George Schiller ganhou o prêmio Paulo Rónai de melhor tradução do Prêmio Literário da Bilbioteca Nacional (2023).[3]
Estrutura
[editar | editar código-fonte]O romance é uma obra pós-moderna e foi escrito com múltiplas perspectivas. A estrutura dos capítulos do livro lembra um tango, com 6 passos para frente seguidos de 6 para trás. Cada capítulo é um parágrafo longo que não contém quebras de linha.[4] As doze partes são intituladas da seguinte forma (no original em húngaro e na tradução para o português).
- I. A hír, hogy jönnek [Notícias de que eles estavam chegando]
- II. Feltámadunk [Ressuscitamos]
- III. Valamit tudni [Saber de alguma coisa]
- 4. A pók dolga I. [O Trabalho da Aranha I]
- V. Felfeslők [Irrompe]
- VI. A pók dolga II (Ördögcsecs, sátántangó) [A Obra da Aranha II]
- VI. Irimiás beszédet mond [Irimiás faz um pronunciamento]
- V. A távlat, ha szemből [A perspectiva se vista de frente]
- 4. Mennybe menni? Lázálmodni? [Ir ao paraíso? Ter pesadelos?]
- III. A távlat, ha hátulról [A perspectiva se vista por trás]
- II. Csak um gond, um munka [Somente a preocupação, o trabalho...]
- I. A kör bezárul [O círculo se fecha]
Trama
[editar | editar código-fonte]A maior parte da ação ocorre em uma aldeia húngara degradada que fica nas proximidades de uma cidade sem nome, na qual os habitantes estão quase isolados do mundo exterior. O personagem principal, Irimiás, um vigarista que se faz passar por salvador, chega à terra e consegue um poder quase ilimitado sobre os habitantes, faz com que lhe dêem todo o dinheiro suado, convence-os a mudarem-se para outra "propriedade" abandonada nas proximidades, e depois os leva para a cidade, onde os dispersa por todo o país. O objetivo de Irimiás é poder e dinheiro.
Recepção
[editar | editar código-fonte]Jacob Silverman, do The New York Times, revisou o livro em 2012 e escreveu que ele "compartilha muitas das preocupações temáticas dos romances posteriores de [Krasznahorkai] - a suspensão do tempo, uma sensação apocalíptica de crise e decadência - mas é uma abordagem totalmente mais trabalho digerível. Sua história salta em perspectiva e temporalidade, mas a narrativa raramente é obscura. Para um escritor cujos personagens muitas vezes exibem uma interioridade claustrofóbica, Krasznahorkai também se mostra inesperadamente expansivo e engraçado aqui."[5]
Theo Tait, do The Guardian, elogiou o romance e, em particular, disse que ele "possui uma visão distinta e convincente". Ele observou que há influência de Franz Kafka e Samuel Beckett visível no romance.[6]
No Brasil, o livro foi bem recebido. Alysson Oliveira, em artigo para a revista CartaCapital, diz: "Krasznahorkai é dono de uma escrita desafiante. Mas quem atravessa seus parágrafos, que duram páginas e páginas, entra em contrato com aquilo que a melhor literatura é capaz de oferecer: um mergulho nas contradições humanas e sociais. Acumulando pontos de vista diferentes, Sátántangó é um livro no qual as coisas não aparecem como as conhecemos. O comum torna-se, assim, pouco familiar." Em crítica à Folha de São Paulo, Helen Beltrame-Linné aponta: "É uma escrita habilmente construída, quase arquitetada, com frases longas que acompanham o fluxo de consciência de cada personagem, mas que surpreende pelos rumos que toma e pela variação de tom —que vai, sem titubeios, do excêntrico ao prosaico, do solene ao intrigante, do ácido ao desolado."
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ Lea, Richard (24 de agosto de 2012). «László Krasznahorkai interview: 'This society is the result of 10,000 years?'». The Guardian. Consultado em 25 de agosto de 2012
- ↑ NHQ (The New Hungarian Quarterly) 1990: "Laszlo Krasznahorkai's first novel, Sátántangó ("Satan's Tango", 1985: NHQ 100 contains an extract) was about hope, his second one is about hopelessness."
- ↑ «Resultados do Prêmio Literário da Biblioteca Nacional». Fundação Biblioteca Nacional. 7 de novembro de 2023. Consultado em 27 de novembro de 2023
- ↑ Tait, Theo (9 de maio de 2012). «Satantango by László Krasznahorkai – review». The Guardian. Consultado em 8 de novembro de 2018
- ↑ Silverman, Jacob (16 de março de 2012). «The Devil They Know». The New York Times. Consultado em 18 de março de 2012
- ↑ Tait, Theo (9 de maio de 2012). «Satantango by László Krasznahorkai – review». The Guardian. Consultado em 8 de novembro de 2018