Saltar para o conteúdo

Seca na Península Ibérica de 2017

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Albufeira da barragem de Barrios de Luna em setembro de 2017. O rio Luna é um afluente do rio Douro na província de León. No início do mês de outubro, a albufeira encontrava-se a 5% de capacidade.[1]


A seca na península Ibérica em 2017 e no início de 2018 (às vezes referida como seca em Espanha e em Portugal), também chamada pela imprensa como a seca ibérica, refere-se ao período de falta de chuvas que ocorre no ano hidrológico 2016-2017, excepcionalmente seco, que continuou pelo início do ano hidrológico 2017-2018, ainda mais extrema que antes.[2]

Apesar do ano hidrológico 2015/2016, que teve quantidades superiores ao normal de precipitação, no ano hidrológico 2016/2017 teve quantidade bastante inferiores, apenas 70% da precipitação considerada como normal. O semestre de abril a setembro foi o 2º mais quente e o 2º mais seco desde 1931 em Portugal, com o maior valor da temperatura máxima do ar.[3]

A concatenação de sucessivas secas meteorológicas finalmente levou a uma seca hidrológica grave, a pior desde 1931.

Abril foi o primeiro mês com seca nos valores mais extremos (Seca severa e Seca extrema), com 0,7% na categoria de seca severa.

Em junho, o valor teria multiplicado 103 vezes, para 72,3% (seca severa) e o primeiro mês com zonas na categoria de seca extrema (7,3%). Junho também foi um mês extremamente quente. O dia mais quente do ano registou-se no dia 17 de junho, daí a existência de seca extrema.

Fim do ano hidrológico 2016/2017 e início do ano 2017/2018

[editar | editar código-fonte]

Em Espanha, foram contabilizados até 208 milhões de Euros relativos à compensação direta de seguros agrícolas às culturas afetadas pela seca.[4] As perdas de valor de mercado oficial foram de mais de 2,5 biliões de Euros.[5] Além disso, existiram várias bacias hidrográficas com alerta declarado de seca, como a bacia do Minho-Sil, Mondego e Sado.[6]

Em Portugal continental, de acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), em 30 de setembro, cerca de 81% do território estava em seca "severa", 7,4% em seca "extrema", 10,7% em seca "moderada" e 0,8% em seca "fraca". Setembro foi quente, resultando num aumento da área em seca severa e extrema.[7] 18 das 60 albufeiras controladas pelo Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos entraram, em agosto, abaixo dos 40% da capacidade de armazenamento. 10 delas estavam localizadas na bacia hidrográfica do rio Sado.[8]

Apesar da chuva, que caiu nos dias 16/20 de outubro e 1/4 de novembro, no dia 15 de novembro de 2017 a seca extrema estendia-se em quase 100% do território continental[9] português, sendo decretado estado de alerta. No meio de novembro, a barragem de Fagilde foi enchida com água da barragem da Aguieira, a primeira operação do género em Portugal, dada a gravidade da seca.[10]

Queda de chuva no fim do ano

[editar | editar código-fonte]

A chuva de dezembro e início de janeiro, principalmente das tempestades Ana e Bruno, conseguiu atenuar a seca a norte do Rio Tejo, sendo até inexistente na Serra do Gerês. A sul do Tejo continua a haver seca severa (58,3% do território). A seca extrema foi reduzida ao Vale do Guadiana e Sotavento Algarvio (6,4% do território). Valores de final de dezembro[11]

Em 15 de janeiro de 2018, quase toda a região noroeste do território continental estava na categoria CC da capacidade do solo de armazenamento de água.

No início de fevereiro, a parte leste do território ainda encontrava-se em seca severa.

A 21 de fevereiro, o território português estava de novo em seca severa. Até agora 9% do território já estava novamente em seca extrema, devido à falta de chuva.

A 28 de fevereiro, grande parte do território espanhol estava em seca severa e seca extrema.

A 15 de março a seca severa deixou de afetar Portugal, com grande parte do país na categoria de normal ou chuva fraca.[12] A 31 de março a situação de seca em Portugal acabou, mas o território espanhol continua com seca fraca e moderada, principalmente na zona de Castelló de la Plana.[13] Em 1 de maio a seca finalmente acaba na Península Ibérica e as barragens rapidamente se recuperaram.

Ligações externas

[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «La acuciante sequía obligaría a transformar la próxima campaña los cultivos de regadío leonés en secano». Leonoticias.com. 8 de outubro de 2017. Consultado em 19 de novembro de 2017 
  2. López, Guiomar del Ser; Planelles, Manuel; Catalán, Ignacio (7 de outubro de 2017). «Retrato de una España atrapada en la sequía» (em espanhol). El País. Consultado em 8 de outubro de 2017 
  3. «Beoltim Climatológico - Setembro 2017 - Mensal e Ano Hidrológico» (PDF). Instituto Português do Mar e da Atmosfera. Consultado em 19 de julho de 2020 
  4. «Agroseguro prevé indemnizar con 208 M€ a cereales y leguminosas asegurados por sequía y heladas - Agronegocios» (em espanhol). Agronegocios. 7 de setembro de 2017. Consultado em 8 de outubro de 2017 
  5. Maté, Vidal (24 de setembro de 2017). «La sequía rebaja los ingresos del campo en 2.500 millones» (em espanhol). El País. Consultado em 8 de outubro de 2017 
  6. «La alerta por sequía llega a Galicia aunque no se prevén cortes de agua» (em espanhol). a bc. 3 de outubro de 2017. Consultado em 8 de outubro de 2017 
  7. «Mais de 80% de Portugal continental em seca severa em setembro». Diário de Notícias. 6 de outubro de 2017. Consultado em 20 de outubro de 2017 
  8. «A agonia do Sado, o rio mais seco de Portugal». Visão. 23 de setembro de 2017. Consultado em 20 de outubro de 2017 
  9. http://www.ipma.pt. «IPMA - Detalhe noticia». www.ipma.pt. Consultado em 29 de janeiro de 2018 
  10. «45 camiões cisterna abastecem barragem de Fagilde» (em inglês) 
  11. http://www.ipma.pt. «IPMA - Detalhe noticia». www.ipma.pt. Consultado em 29 de janeiro de 2018 
  12. «Seca em Portugal em 2018» 
  13. http://www.aemet.es/es/serviciosclimaticos/vigilancia_clima/vigilancia_sequia?w=1