Solaropsis
Solaropsis | |||||||||||||||||||||||||
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Classificação científica | |||||||||||||||||||||||||
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Espécie-tipo | |||||||||||||||||||||||||
Solaropsis undata ([Lightfoot], 1786)[1] | |||||||||||||||||||||||||
Espécies | |||||||||||||||||||||||||
Sinónimos | |||||||||||||||||||||||||
Helix (com Helix pellisserpentis sendo a denominação inicial da espécie-tipo, por Johann Friedrich Gmelin, em 1791)[1] |
Solaropsis é um gênero de gastrópodes terrestres e silvícolas da família Solaropsidae, na subclasse Heterobranchia e ordem Stylommatophora[1][2] (antes entre os Camaenidae[3][4] ou Pleurodontidae),[5] nativos da América tropical (região neotropical).[3] Foi classificado por H. Beck no ano de 1837; na obra Index molluscorum praesentis aevi musei principis augustissimi Christiani Frederici.[1] Sua espécie-tipo é Solaropsis undata (Lightfoot, 1786), também denominado S. pellisserpentis (Gmelin, 1791[1] / Chemnitz, 1795),[6] um táxon não mais válido,[1] ou S. cicatricata Beck, 1837,[6] agora outra espécie;[1] o que demonstra a grande dificuldade taxonômica em classificá-los e sua história sistemática é complexa, pois sua filogenética ainda não está bem estabelecida; com muitas descrições feitas apenas por características de suas conchas, contendo diversos outros taxa mencionados.[1][2][7] Rodolpho von Ihering já dizia, no ano de 1900, "são animais um pouco raros, por serem encontrados nos grandes matos. Pouco é o que se sabe de sua vida e nada consta sobre a sua propagação".[8]
Descrição, denominações e hábitos
[editar | editar código-fonte]Suas conchas são frágeis, com espiral baixa e circulares, quando vistas por cima ou por baixo[1], neste último caso demonstrando um umbílico profundo em seu centro[9] e uma abertura com o lábio externo levemente expandido e de coloração branca. Podem ter a lateral de sua concha arredondada[10] ou angulosa.[11] Também são caracterizadas por apresentar desenhos em faixas sinuosas de tonalidade marrom-avermelhada[12][2], linhas[10] e pontuações[11] em sua base. Tal padronagem de faixas, quando vista por cima,[13] fez os cientistas que os estudam imaginarem um possível mimetismo com uma serpente enrolada, dando-lhes denominações de espécies como pellisserpentis (pele de serpente),[12] serpens (de serpente) e vipera (proveniente de víbora).[10][4] Outras tiveram suas denominações retiradas de personagens da malacologia, como Henry Augustus Pilsbry,[8] ou até mesmo do ambientalismo, como a espécie boliviana Solaropsis chicomendesi Cuezzo & Fernandez, 2001, denominada em homenagem a Chico Mendes.[14] Suas dimensões geralmente não passam de 5 centímetros.[3]
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Concha de Solaropsis, aqui denominada Solaropsis cicatricata pellisserpentis.
O animal de Solaropsis é mais raro de ser avistado do que suas conchas, pois pode apresentar hábitos arborícolas. Ele possui o corpo e antenas alongados e uma faixa mais escura em cada lado da superfície dorsal, como em Solaropsis solenostoma (Pfeiffer, 1852),[15][16] ou ter corpo cinzento e antenas mais claras, como Solaropsis brasiliana (Deshayes, 1832), nas espécies onde o animal foi avistado.[17] No ano de 2010, a um exemplar capturado de Solaropsis fairchildi foram oferecidos alimentos de origem vegetal e animal, preferindo este o consumo de carne, o que denuncia o seu possível hábito predador em seu habitat.[18]
Distribuição
[editar | editar código-fonte]O gênero ocorre da Costa Rica para o nordeste da Argentina e do oeste da Colômbia,[18] também na Bolívia[14] e Equador,[16] até as Guianas, sendo mais abundante no leste da América do Sul.[18] No território do Brasil, as espécies foram encontradas nos estados do Amazonas, Rondônia, Mato Grosso, Amapá, Pará, Piauí, Maranhão, Pernambuco, Paraíba, Bahia, Goiás, Minas Gerais,[2] Espírito Santo,[17] Rio de Janeiro e São Paulo.[2] Espécimes foram fotografados em altitude de 1.500 metros, no Equador.[16]
Espécies e sinonímia
[editar | editar código-fonte]A seguir uma possível lista de taxa (denominações) para espécies brasileiras e estrangeiras de Solaropsis, segundo o MolluscaBase; incluindo sua sinonímia e erros de nomenclatura:[1]
- Solaropsis alcobacensis Salvador & Simone, 2015
- Solaropsis amazonica (Reeve, 1854) - Solaropsis amazonicus (sic)[2]
- Solaropsis andicola (L. Pfeiffer, 1846)
- Solaropsis anguicula (Hupé, 1853)
- Solaropsis angulifera F. Haas, 1955
- Solaropsis anomala Pilsbry, 1957
- Solaropsis bachi Ihering, 1900
- Solaropsis boetzkesi (K. Miller, 1878)
- Solaropsis brasiliana (Deshayes, 1832) - Solaropsis braziliana (sic)[2]
- Solaropsis caperata F. S. Silva, Mendes-Júnior & Simone, 2022
- Solaropsis castelnaudii (Deville & Hupé, 1850)
- Solaropsis catenifera (L. Pfeiffer, 1854)
- Solaropsis cearana (F. Baker, 1914)
- Solaropsis chicomendesi Cuezzo & I. Fernández, 2001[14]
- Solaropsis cicatricata (Beck, 1837)
- Solaropsis cousini Jousseaume, 1887
- Solaropsis derbyi (Ihering, 1900)
- Solaropsis diplogonia (Dohrn, 1882)
- Solaropsis elaps Dohrn, 1882
- Solaropsis fairchildi Bequaert & Clench, 1938
- Solaropsis feisthamelii (Hupé, 1853)
- Solaropsis gibboni (L. Pfeiffer, 1846)
- Solaropsis heliaca (d'Orbigny, 1835) - sinônimoː Solaropsis paravicinii Ancey, 1897 / Solaropsis heliacus (sic)[2]
- Solaropsis incarum (Philippi, 1869)
- Solaropsis inornata Haas, 1951
- Solaropsis johnsoni Pilsbry, 1933
- Solaropsis juruana (Ihering, 1905)
- Solaropsis leopoldina (Strubell, 1895) - Solaropsis leopoldinus (sic)[2]
- Solaropsis marmatensis (L. Pfeiffer, 1855) - sinônimoː Solaropsis catenulata (Ancey, 1890)
- Solaropsis monile (Broderip, 1832)
- Solaropsis monolacca (L. Pfeiffer, 1857)
- Solaropsis napensis (Crosse, 1871)
- Solaropsis nimbus (Simone, 2010)
- Solaropsis nubeculata (Deshayes, 1831) - sinônimoː Solaropsis kuehni (L. Pfeiffer, 1872)
- Solaropsis palizae Weyrauch, 1956
- Solaropsis pascalia (Cailliaud, 1857)
- Solaropsis pellisboae (Hupé, 1853)
- Solaropsis penthesileae Salvador, 2021
- Solaropsis pilsbryi Ihering, 1900
- Solaropsis pizarro (Pilsbry, 1944)
- Solaropsis planior (Pilsbry, 1889)
- Solaropsis praestans (L. Pfeiffer, 1854)
- Solaropsis punctata (Wagner, 1827)
- Solaropsis quadrivittata (Hidalgo, 1869)
- Solaropsis rosarium (L. Pfeiffer, 1850)
- Solaropsis rugifera Dohrn, 1882
- Solaropsis selenostoma (L. Pfeiffer, 1854)
- Solaropsis serpens (Spix, 1827)
- Solaropsis tiloriensis (Angas, 1879)
- Solaropsis trigonostoma F. Haas, 1934 - Solaropsis trigonostomus (sic)[2]
- Solaropsis undata F. Haas, 1966
- Solaropsis undata ([Lightfoot], 1786) - sinônimoː Solaropsis pellisserpentis (Gmelin, 1791) / Solaropsis undatus (sic)[2]
- Solaropsis venezuelensis Preston, 1909
- Solaropsis vipera (L. Pfeiffer, 1859) - Solaropsis viperus (sic)[2]
Ameaça e conservação
[editar | editar código-fonte]Por enquanto, nenhuma espécie do gênero Solaropsis entrou em alguma lista de espécies ameaçadas, por dados incompletos; porém um vídeo divulgado pelo canal G1, em uma reportagem do ano de 2013, em Rondônia, mostra espécimes de Solaropsis sendo coletados, confundidos com a espécie invasora Lissachatina fulica. A alegação é de que estariam propagando doenças à população.[19] Segundo Cuezzo et al., Solaropsis está claramente ameaçado devido à acelerada destruição da sua área de ocorrência. Por esse motivo, é necessário aumentar os estudos taxonômicos sobre este raro grupo de caracóis terrestres.[5]
Referências
- ↑ a b c d e f g h i j k «MolluscaBase taxon details, Solaropsis Beck, 1837» (em inglês). MolluscaBase. 1 páginas. Consultado em 31 de maio de 2016
- ↑ a b c d e f g h i j k «Solaropsidae» (em inglês). Conquiliologistas do Brasil: CdB. 1 páginas. Consultado em 31 de maio de 2016
- ↑ a b c d ABBOTT, R. Tucker (1989). Compendium of Landshells. A Full-Color Guide to More than 2.000 of the World's Terrestrial Shells (em inglês). Melbourne, FL, and Burlington, MA: American Malacologists, Inc. p. 142. 240 páginas. ISBN 0-915826-23-2
- ↑ a b Salgado, Norma Campos; Coelho, Arnaldo C. dos Santos (2003). «Moluscos terrestres do Brasil (Gastrópodes operculados ou não, exclusive Veronicellidae, Milacidae e Limacidae)» (PDF). Revista de Biologia Tropical N. 51 (Suppl. 3). pp. 171–173. Consultado em 31 de maio de 2016
- ↑ a b Cuezzo, Maria Gabriela; Lima, Augusto P. de; Santos, Sonia B. dos (19 de julho de 2018). «Solaropsis brasiliana, anatomy, range extension and its phylogenetic position within Pleurodontidae (Mollusca, Gastropoda, Stylommatophora)». Anais da Academia Brasileira de Ciências vol. 90; no. 3. (SciELO). 1 páginas. Consultado em 9 de novembro de 2019
- ↑ a b Cuezzo, Maria Gabriela (2002). «On Solaropsis Beck: new anatomical data and its systematic position within Helicoidea (Pulmonata, Stylommatophora)» (em inglês). Papéis Avulsos de Zoologia (São Paulo) 01/2002; 42(3):31-46. (ResearchGate). 1 páginas. Consultado em 31 de maio de 2016
- ↑ «Cuezzo, M.G.; Pignataro de Lima, A. F.; Santos, S. B. dos. Anatomy of Solaropsis brasiliana (Deshayes, 1832): A contribution to the phylogeny of the Pleurodontidae (Stylommatophora, Helicoidea [p. 53].» (em inglês). Bram's snailblog. 1 páginas. Consultado em 31 de maio de 2016
- ↑ a b Ihering, R. von (1900). «Os Caracóis do Gênero Solaropsis». Revista do Museu Paulista V. 4 (Internet Archive). pp. 539–549. Consultado em 31 de maio de 2016
- ↑ Evanno, Claude; Evanno, Amandine (10 de dezembro de 2013). «Solaropsis pescalia bresil 33.4mm» (em inglês). Flickr. 1 páginas. Consultado em 31 de maio de 2016
- ↑ a b c Evanno, Claude; Evanno, Amandine (14 de dezembro de 2013). «Solaropsis viperus bresil 32.2mm» (em inglês). Flickr. 1 páginas. Consultado em 31 de maio de 2016
- ↑ a b Evanno, Claude; Evanno, Amandine (10 de dezembro de 2013). «Solaropsis punctatus bresil 37.1mm» (em inglês). Flickr. 1 páginas. Consultado em 31 de maio de 2016
- ↑ a b Evanno, Claude; Evanno, Amandine (14 de dezembro de 2013). «Solaropsis pellisserpentis bresil 58mm» (em inglês). Flickr. 1 páginas. Consultado em 31 de maio de 2016
- ↑ Evanno, Claude; Evanno, Amandine (14 de dezembro de 2013). «Solaropsis pilsbryi bresil 33.6mm» (em inglês). Flickr. 1 páginas. Consultado em 31 de maio de 2016
- ↑ a b c Poppe, Guido T.; Poppe, Philippe. «Solaropsis chicomendesi» (em inglês). Conchology. 1 páginas. Consultado em 31 de maio de 2016
- ↑ Christensen, James (14 de dezembro de 2013). «Tree snail, Solaropsis cf. selenostoma Mindo, west slope of Andes, Ecuador» (em inglês). Flickr. 1 páginas. Consultado em 31 de maio de 2016
- ↑ a b c Breure, Bram (8 de abril de 2010). «Photo of the day (90): Solaropsis» (em inglês). Bram's Snail Site. 1 páginas. Consultado em 31 de maio de 2016
- ↑ a b «Solaropsis brasiliana (Deshayes, 1832)». Biocenas. 1 páginas. Consultado em 31 de maio de 2016
- ↑ a b c Oliveira, Luciano E. (janeiro–dezembro de 2010). «Carnivory in Solaropsis aff. fairchildi (Gastropoda, Solaropsidae)» (em inglês). Strombus 17(1-2) (ResearchGate). pp. 12–13. Consultado em 31 de maio de 2016
- ↑ «Caramujos africanos infestam bairros em Porto Velho». Globoplay. 16 de maio de 2013. 1 páginas. Consultado em 12 de abril de 2022
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- #MolluscMonday Solaropsis brasiliana from Brazil (1862). Pacific Scientific Commission (1862-1866) #MNCN #HistCol (Twitter).
- Solaropsis (Association Française de Conchyliologie)
- Solaropsis undata = Solaropsis pellisserpentis (Jacksonville Shells)
- Solaropsis gibboni (Jacksonville Shells)
- Vista superior de Solaropsis pellisserpentis (Flickr)
- Vista inferior de Solaropsis pellisserpentis (Flickr)