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Túmulos de mãos dadas

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Túmulo visto do lado protestante.

Os túmulos de mãos dadas (em holandês: graf met de handjes ) são dois túmulos que se encontram no antigo cemitério de Roermond, na Holanda. Lá estão enterrados os esposos Jacob van Gorcum e Josephina van Aefferden, falecidos no século XIX, que por serem de religiões diferentes, ele protestante e ela católica, não podiam ser enterrados juntos na mesma parte do cemitério.

Assim, os túmulos foram colocados contra o muro que separa os dois lados do cemitério e unidos por duas mãos esculpidas sobre o mesmo. [1]

O monumento está localizado no antigo cemitério (oude kerkhof ) de Roermond, em Limburgo [2]. É um túmulo duplo, em que uma parte está na parte católica do cemitério, e a outra no lado protestante. Os dois túmulos foram colocados junto do muro que divide o cemitério e as lápides foram planeadas de forma a que serem mais altas que o muro, de maneira a que duas mãos esculpidas no topo das lápides dêem as mãos.

Os túmulos abrigam as sepulturas de Jacob Werner Constantin van Gorcum (1809-1880) e da sua mulher Josephina Caroline Petronella Hubertine van Aefferden (1820-1888). [3]

Josephina nasceu no dia 28 de Junho de 1820 em Roermond, era a nona de dez filhos de uma família de aristocratas católicos. Seus pais são Jean-Baptiste van Aefferden (1767-1840) membro do Conselho Provincial de Limburgo, e Marie Agnès Petit (1779-1861).

Seu pai, Jean-Baptiste van Aefferden, fez parte da Chevalerie du Limbourg e obteve também o título de escudeiro. Ele é o primeiro do ramo holandês da família (extinto em 2006) e também do ramo belga desta família aristocrática.

Nascido no dia 10 de Janeiro de 1809 em Amsterdão, numa uma família protestante, Jacob Werner Constantin Gorkum é filho de Jan Egtbartus (Egbertus) van Gorkum (1780-1862) e Lydia Maria Jacoba de Bère (1787-1849).

O pai era um talentoso cartógrafo militar e destacou-se na Batalha de Waterloo.

Josephina e Jacob, na altura coronel da cavalaria, apaixonam-se mas a sua relação não é aceite. Jacob é onze anos mais velho que Josephina, ele é um soldado holandês e ela é de uma família nobre que participou da independência da Bélgica, ele é protestante e ela é católica.[4][5][6]

Na altura, a Holanda estava sob um regime segregacionista denominado de pilarização. A sociedade encontrava-se dividida em 3 pilares, a cada um deles correspondia a uma religião. Assim, a população estava dividida entre protestantes, católicos e judeus, organizados de acordo com seus costumes, nomeadamente no que toca às questões relacionadas com o casamento. Os casamentos entre pessoas de religiões diferentes não eram bem aceites. [6]

Tudo isto não desencoraja o casal que se casa no dia 3 de Novembro de 1842 e que tem um filho e duas filhas. A família adapta-se às regras do sistema segregacionista.[7]

Mas uma regra parece incontornável: os dois cônjuges não podem ser enterrados juntos, cada um deve ficar no lado do cemitério de Roermond que corresponde à sua religião. De facto, em 1858, quando o arquitecto Pierre Cuypers reconstruiu o antigo cemitério da cidade, ele separa a parte católica da protestante por um muro.[5]

Quando Jacob morre no dia 29 de Agosto de 1880 em Roermond, seu túmulo é construído contra o muro de pedra que separa a secção católica do lado protestante. [1][6]

Oito anos depois, a 19 de Novembro de 1888, Josephina morre. Ela não é enterrada no túmulo da sua família no centro do cemitério no lado católico mas sim num que foi construído contra o muro, atrás do qual está a sepultura do marido. Os dois túmulos estão ligados por duas mãos, uma mão masculina e uma mão feminina que se sobrepõem, como um símbolo do amor além da morte e mais forte que a religião. [8][9][10]

O túmulo foi considerado como como monumento nacional em 2002. [11]

<references>

  1. a b «Na Holanda, túmulos de 'mãos dadas' unem casal separado por religião». www.uol.com.br. Consultado em 3 de julho de 2020 
  2. «Main dans la main pour l'éternité « MyHeritage Blog». blog.myheritage.fr. Consultado em 11 de fevereiro de 2017 
  3. «Historie» (em neerlandês). Het Oude Kerkhof te Roermond 
  4. Arjen Van Bellen (24 de dezembro de 2016). «Duas crenças que apertam as mãos: este famoso túmulo de Roermond mostra que é possível». De Correspondent (em neerlandês). Consultado em 3 de julho de 2020 .
  5. a b «A morte não separou o amor de Jacob e Josephina - Departamento Nacional da Pastoral Juvenil». Departamento Nacional da Pastoral Juvenil. 22 de janeiro de 2017 
  6. a b c «La historia de amor imposible de Josephina y y Jacob». Una Pausa Agradable (em espanhol). 14 de fevereiro de 2018. Consultado em 3 de julho de 2020 
  7. Legry, Agnès Pinard. «« La tombe aux mains » : des époux liés pour l'éternité» (em francês). Consultado em 3 de julho de 2020 
  8. «Graf met de handjes | Monumenten.nl». www.monumenten.nl (em neerlandês). 21 de abril de 2020. Consultado em 3 de julho de 2020 
  9. Schattenberg, Ben (2 de agosto de 2012). «Zelfs kleingeestigheid en dood scheidden Roermonds echtpaar niet». Monumentje! (em neerlandês). Consultado em 3 de julho de 2020 
  10. «Kerkgebouwen in Limburg». www.kerkgebouwen-in-limburg.nl. Consultado em 3 de julho de 2020 
  11. «520489 Graf met de handjes Tegenover Weg langs het Kerkhof 1 6045 AN te Roermond». Rijksdienst voor het Cultureel Erfgoed (em neerlandês). 7 de dezembro de 2017. Consultado em 3 de julho de 2020 
  12. Culottées Josephina Van Gorkum, amoureuse têtue (em francês), consultado em 14 de setembro de 2021 
  13. «« Josephina van Gorkum, amoureuse entêtée » — Les Culott« Josephina van Gorkum, amoureuse entêtée » — Les Culottées, par Pénélope Bagieu». Madmoizelle (em francês). 8 de fevereiro de 2016. Consultado em 14 de setembro de 2021