Telesur

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Telesur
Telesur
País  Venezuela
Fundação 24 de julho de 2005
Proprietário  Cuba
Nicarágua
 Venezuela
Presidente Patricia Villegas
Slogan Nuestro norte es el sur

"Nosso Norte é o Sul"

Cobertura Continente Americano, Caribe e Europa
Página oficial TeleSurTV.net
Disponibilidade por satélite
Canal 448
4119 MHz @ 2960 Ksps Circular Direito[1]
3944 MHz @ 3750 Ksps Vertical[1]
11727 MHz @ 27500 Ksps Vertical[1]
11068 MHz @ 22000 Ksps Vertical[1]
10890 MHz @ 27500 Ksps Vertical[1]

A Televisión del Sur (Telesur ou teleSUR) é uma rede de televisão multi-estatal (ou seja, de vários governos) para América, com sede na Venezuela. Iniciou suas transmissões em 24 de Julho de 2005, aniversário de nascimento de Simón Bolívar. O canal, cujo lema é "Nuestro Norte es el Sur" (Nosso Norte é o Sul), foi criado numa parceria que é financiada pelos governos da Venezuela, Cuba e Nicarágua.

A Telesur é um canal televisivo que, segundo as próprias palavras, "nasce de uma evidente necessidade latino-americana: contar com um canal que permita a todos os habitantes desta vasta região difundir seus próprios valores, divulgar sua própria imagem, debater suas próprias ideias e transmitir seus próprios conteúdos, livre e equitativamente".

A Telesur é uma iniciativa do ex-presidente Hugo Chávez, da Venezuela, na época junto aos governos de Cuba, Argentina e Bolívia, que visa dar uma alternativa comunicacional para toda a América Latina e Caribe, em resposta à hegemonia das grandes corporações estadunidenses, como a CNN e outras emissoras que transmitem em espanhol, de Miami e Atlanta.

O novo canal possui correspondentes em Buenos Aires, La Paz, Havana, Montevidéu, Bogotá, Caracas e Porto Príncipe. Em maio de 2009, por conta de uma reforma administrativa do governo venezuelano, a Telesur fechou as sucursais de Brasília, Cidade do México e Washington DC.[2]

A cobertura do canal atinge toda a América, Europa Ocidental e norte da África, através do satélite NSS (New Skies Satellite) 806. Para receber o sinal da Telesur de forma gratuita é necessária uma antena parabólica de 2,4m de diâmetro e um IRD (receptor-decodificador) compatível com DVB. O sinal é transmitido 24 horas por dia.[1]

A Telesur já sofreu represálias por parte do congresso norte-americano, através do congressista republicano da Flórida Connie Mack. Mack, três dias antes da inauguração da Telesur, elaborou um projeto de lei aprovado pela Câmara dos Representantes, visando obrigar o governo de seu país a gerar interferências no sinal de transmissão por satélite da Telesul.[3] O objetivo seria evitar uma suposta propagação do antiamericanismo, que viria a ser promovido pelo canal. Chávez declarou que se essa lei estadunidense for aprovada, tomaria medidas técnicas para neutralizar seus efeitos, o que poderia iniciar uma "guerrilha eletrônica". Os opositores de Chávez acusam a Telesur de ser uma Al Jazira latino-americana.[4]

Desvinculação da Argentina[editar | editar código-fonte]

No dia 27 de março de 2016, o ministro das comunicações da Argentina, Hernán Lombardi, anunciou que o país não mais integraria a sociedade proprietária da Telesur. Desta forma, o canal deixou de ser transmitido na televisão aberta e de ser de inclusão obrigatória nas grades de transmissão das televisões pagas, por não ser mais um canal estatal.[5] Em junho de 2016, a Argentina saiu definitivamente da Telesur.[6]

Confusão por declarações no Equador[editar | editar código-fonte]

Em 16 de março de 2018, Andrés Michelena Ayala, chefe do Ministério da Comunicação do Equador, expressou que algum tipo de valor não havia sido desembolsado na administração de Lenín Moreno e que no governo anterior "se entendeu que havia" uma contribuição.[7] Mais tarde, Michelena retirou sua declaração inicial em 19 de março do mesmo ano, afirmando que o governo do Equador nunca havia financiado financeiramente essa emissora de televisão.[8] Isso foi ratificado por Patricio Barriga Jaramillo, ex-secretário de Comunicação do governo. Rafael Correa, que disse que nunca contribuiu financeiramente para o meio, mas acrescentou que havia apenas um acordo para a operação e o compartilhamento de conteúdo.

Posteriormente, jornalistas, parte da mídia internacional, Orlando Pérez Sánchez e Christian Salas, através do jornalista Fabricio Vela, da Rádio Majestad do Equador,[9] expressaram que o Estado equatoriano não alocou recursos para financiar a Telesur, nem no governo de Rafael Correa nem no de Lenín Moreno.[10] Além disso, Salas esclareceu que a Telesur não possui correspondente em Guayaquil, como foi afirmado erroneamente, bem como o suposto financiamento.

Desvinculação do Uruguai[editar | editar código-fonte]

Como parte de um processo de desideologização institucional, o Governo de Luis Alberto Lacalle Pou decidiu retirar no dia 13 de março de 2020 o financiamiento de seu país a esta emissora,[11] assim o canal tem como sócios somente os governos de Cuba, Nicarágua e Venezuela.

Características[editar | editar código-fonte]

O canal não tem fins comerciais ou de lucro. Uma mostra disso é a quase total ausência de publicidade. Além disso, o canal pode ser acessado gratuitamente através de sua página web e também em canais locais de alguns países de língua espanhola. Isso só foi possível graças ao financiamento público dos estados integrantes. Algumas operadoras de TV a cabo ou TV satelital também disponibilizam seu sinal.

A programacão da Telesur se diferencia de outros canais de notícias como Euronews, CNN ou BBC World, pois, além dos conteúdos informativos, oferece programas educativos, de debate, de entretenimento e filmes.

Algumas das emissões da teleSUR são ou foram:

  • Noticias desde el Sur: notícias a partir da Venezuela, com dez correspondentes e 35 colaboradores nos países da região.
  • Mesa Redonda Internacional: a partir de Cuba, se trata de um debate sobre política internacional e latino-americana.
  • Noticias do Brasil: em colaboração com a TV Brasil, é programa diário com as notícias deste país.
  • Resumen Aló Presidente: oferecia uma síntese do programa semanal do presidente venezuelano Hugo Chávez.
  • Agenda del Sur: revista televisiva onde se tratam temas de cultura e política latino-americana.
  • Memorias del Fuego: espaço documental sobre a história recente latino-americana.
  • Videoteca Contracorrente: documentos da atualidade, perfis de personagens com uma visão crítica e progressista.
  • Maestra Vida: biografias de personalidades latino-americanas.
  • América Tierra Nuestra: espaço documental sobre as culturas e povos latino-americanos.
  • De este Lado: emitido a partir do México; espaço de opinão e debate, moderado pela jornalista Blanche Petrich.
  • Mediotanque: programa documental sobre a cultura e vida do Uruguai.
  • CineSur: cinema latino-americano.

O conselho consultor da Telesur é integrado por socialistas americanos e outros do movimento socialista, como o Prêmio Nobel Adolfo Pérez Esquivel, o poeta nicaraguense Ernesto Cardenal, os escritores Eduardo Galeano e Tariq Ali, o historiador Ignacio Ramonet, o ator Danny Glover e o programador Richard Stallman, que abandonou a relação com a televisão em 2011[12]

Referências

  1. a b c d e f «Cobertura Satelital» (em espanhol). Telesur. Consultado em 6 de maio de 2024 
  2. «Telesur fecha sucursal de Brasília, Cidade do México e Estados Unidos». 8 de maio de 2009. Consultado em 7 de maio de 2024. Cópia arquivada em 15 de dezembro de 2009 
  3. WEISSHEIMER, Marco Aurélio (1 de agosto de 2005). «Estados Unidos aprovam medida para interferir no sinal da TV Sul». Adital. Consultado em 7 de maio de 2024. Arquivado do original em 28 de setembro de 2007 
  4. «Al Jazira latina? Telesur pretende integrar os povos latino-americanos». Casa dos Jornalistas. 17 de agosto de 2005. Consultado em 7 de maio de 2024. Arquivado do original em 9 de novembro de 2007 
  5. «Argentina deixa canal de TV Telesur, comandado por Maduro». Folha de S.Paulo. 17 de agosto de 2005. Consultado em 7 de maio de 2024. Cópia arquivada em 23 de junho de 2021 
  6. «Macri oficializa retirada do sinal da Telesur da Argentina». Portal Vermelho. 30 de junho de 2016. Consultado em 7 de maio de 2024. Cópia arquivada em 7 de maio de 2024 
  7. «El Gobierno ecuatoriano no aportó recursos a Telesur» (em espanhol). El Comercio. 20 de março de 2018. Consultado em 7 de maio de 2024. Cópia arquivada em 4 de março de 2021 
  8. «Andrés Michelena afirmó que no existen "ningún financiamiento a Telesur» (em espanhol). Metro Ecuador. 20 de março de 2018. Consultado em 7 de maio de 2024. Cópia arquivada em 4 de abril de 2023 
  9. Vela, Fabricio (19 de março de 2018). «ATENCIÓN: He tomado contacto con @OrlandoPerezEC, quien conduce el programa @EnClavePolitik por Telesur, y me comentó que el Estado ecuatoriano NUNCA destinó recursos para financiar dicho canal, ni en el gobierno de Rafael Correa ni en el de Lenín Moreno.». @fabriciovelav (em espanhol). Consultado em 7 de maio de 2024 
  10. «ACLARACIÓN: Gobierno de Ecuador nunca ha financiado a Telesur» (em espanhol). Ecuadorinmediato. 19 de março de 2018. Consultado em 7 de maio de 2024. Arquivado do original em 21 de fevereiro de 2020 
  11. «Uruguay se retira de Telesur y Banco del Sur bajo el principio de no integrar uniones basadas en afinidades ideológicas» (em espanhol). Ministerio de Relaciones Exteriores de Uruguay. 13 de março de 2020. Consultado em 7 de maio de 2024. Cópia arquivada em 3 de abril de 2023 
  12. «2010: November - February Political Notes - Richard Stallman». www.stallman.org (em inglês). Consultado em 15 de abril de 2018 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]