Teodoro Sinadeno
Teodoro Sinadeno | |
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Nascimento | ca. 1277 Bizie |
Morte | ca. 1346 Constantinopla |
Nacionalidade | Império Bizantino |
Ocupação | General e governador |
Religião | Igreja Ortodoxa |
Teodoro Comneno Ducas Paleólogo Sinadeno (em grego: Θεόδωρος Κομνηνός Δούκας Παλαιολόγος Συναδηνός, Theódoros Komnenós Doúkas Synadenós Palaiologós[1][2]; ca. 1277 - ca. 1346), em geral simplesmente Teodoro Sinadeno, foi um magnata bizantino, oficial sênior e líder militar do começo do século XIV, que desempenhou um importante papel nas guerras civis do período. O herdeiro duma linhagem nobre tornou-se um dos primeiros e mais importantes apoiantes do reinado de Andrônico III (r. 1328–1341) em sua luta contra seu avô Andrônico II Paleólogo (r. 1272–1328).
Manteve vários governos provinciais durante o reinado de Andrônico III, incluindo Epiro e Salonica. Após a eclosão da guerra civil de 1341-1347, tentou render Salonica para seu antigo amigo João Cantacuzeno, mas foi removido da cidade pelos zelotes. Forçado a juntar-se aos inimigos de João Cantacuzeno, foi inicialmente honrado com o alto posto de protovestiário, mas logo foi colocado em prisão domiciliar em Constantinopla, onde morreu na pobreza em 1345 ou 1346.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Sob Andrônico III
[editar | editar código-fonte]Pouco se sabe do começo da vida de Sinadeno: nasceu ca. 1277, aparentemente em Bizie na costa trácia do mar Negro, onde tinha uma residência palacial, extensas propriedades e muitos amigos e parentes.[3][4] Ele entrou no registro histórico em 1321, quando manteve o modesto título de doméstico da mesa (domestikos tes trapezes), e é registrado como um amigo próximo de seu primo, o imperador júnior Miguel IX Paleólogo (r. 1294–1320).[1][4] Depois da morte dele, Sinadeno tornou-se um dos primeiros e mais importantes conselheiros do filho de Miguel IX, Andrônico III Paleólogo (r. 1328–1341). Com a morte de seu pai, Andrônico havia sido deserdado pelo antigo imperador, Andrônico II Paleólogo (r. 1282–1328). Ao lado dos companheiros aristocratas João Cantacuzeno e Sirgianes Paleólogo, Teodoro formou o importante "triunvirato" dos apoiantes do jovem Andrônico, para qual o "homem novo" Aleixo Apocauco uniu-se como um membro júnior.[5] O antigo imperador, desconfiado da lealdade de Teodoro, nomeou-o governador de Prilepo, na fronteira com a Sérvia.[6][7] Em vez de partir para sua atribuição, na noite de Páscoa (19-20 de abril de 1321), fugiu de Constantinopla ao lado de Andrônico III e Cantacuzeno para começar uma revolta armada contra Andrônico II.[4]
Na primeira rodada da guerra civil entre avô e neto, Andrônico III foi bem-sucedido em garantir para si o reconhecimento como imperador júnior, com a Trácia tornando-se seu apanágio pessoal.[8][9] Ao longo do conflito, Sinadeno estava entre os mais radicais e intransigentes apoiantes do jovem Andrônico, favorecendo a eventual deposição de Andrônico II. Durante o curso da guerra, Sinadeno derrotou as forças leais sob Constantino Asen,[4] e na rodada final da guerra civil, em 1327-1328, serviu como governador da Trácia.[1] Como mais e mais localidades vindo sob controle de Andrônico III, incluindo a segundo cidade mais importante do império, Salonica, Teodoro junto com Cantacuzeno instou-o a marchar contra Constantinopla e depor completamente seu avô. Na noite de 13 de maio de 1328, os três lideraram o exército através dum portão após subornarem seu guarda, tomando posição na capital imperial sem resistência.[10][11] Andrônico II foi forçado a resignar ao trono e retirar-se para um mosteiro, com seu neto sucedendo-lhe como imperador único. Por seus serviços, Sinadeno foi promovido a protoestrator em algum momento durante a guerra civil, talvez tão cedo quando 1321.[1][4]
Depois da guerra, Teodoro Sinadeno foi recompensado com o governo de Constantinopla, Apocauco tornou-se chefe do secretariado imperial, Cantacuzeno permaneceu o principal conselheiro de Andrônico III como grande doméstico, e Sirgianes foi nomeado governador de Salonica.[12] Em torno de 1330, Sinadeno foi enviado como governador para Mesembria, enquanto em 1336, após Andrônico III e João Cantacuzeno anexarem o Epiro, tornou-se seu governador.[1][13][14] No final de 1338, contudo, uma revolta eclodiu no Epiro em favor de Nicéforo II Orsini (r. 1335-1338; 1356-1359), o último descendente da dinastia epirota reinante. Sinadeno foi tomado cativo na capital rebelde em Arta, e permaneceu prisioneiro até 1340, quando Andrônico III e Cantacuzeno fizeram campanha contra os rebeldes e recuperaram a região. João Ângelo, um parente de Cantacuzeno, foi instalado como o novo governador, enquanto Sinadeno foi movido para o governo de Salonica.[3][15][16]
Guerra civil renovada e morte
[editar | editar código-fonte]Em junho de 1341, Andrônico III morreu subitamente, e uma luta pelo poder desenvolveu-se entre Cantacuzeno, que inicialmente assumiu os poderes de regência sobre João V Paleólogo (r. 1341-1376; 1379-1391), o filho menor de idade de Andrônico, e uma poderosa facção em torno do patriarca João XIV Calecas (1334–1347), a imperatriz-viúva Ana de Saboia (r. 1326–1341) e Aleixo Apocauco. A disputa logo tornou-se um conflito aberto quando o patriarca, a imperatriz e Apocauco substituíram Cantacuzeno como regente e prenderam sua família e apoiantes. Em resposta, Cantacuzeno proclamou-se imperador em Didimoteico em outubro.[17][18] As notícias da proclamação de Cantacuzeno deflagaram uma onda de resistência popular através da Macedônia e Trácia. As pessoas comuns, empobrecidas pela aristocracia exploradora e super-poderosa, viram Cantacuzeno como um representante dos odiados aristocratas e reuniram-se em torno da legítima linhagem paleóloga, com uma a uma das cidades sendo capturadas em nome da regência constantinopolitana.[19][20]
Salonica de início permaneceu tranquila, e Sinadeno contactou seu velho amigo Cantacuzeno com a intenção de render-lhe a cidade. Tal movimento poderia provar-se decisivo, pois, com seu controle, Cantacuzeno seria capaz de controlar a Macedônia, Tessália e Epiro. Em março de 1342, ele partiu de Didimoteico com seu exército em direção à cidade. Antes de chegar lá, contudo, Sinadeno foi derrubado e expulso pela rebelião liderada pela facção popular radical dos zelotes.[21] Apocauco, com um frota, veio reforçar o novo regime, e um de seus filhos foi instalado como seu novo governador.[20][22]
Removido de Salonica, com a causa de Cantacuzeno aparentemente em ruínas - ele foi logo forçado a procurar refúgio na corte do rei sérvio Estêvão Uresis IV (r. 1331–1346) - e com sua família retida em Constantinopla nas mãos da regência, Sinadeno entrou em termos com Apocauco.[20][23] Foi recompensado com o alto posto de protovestiário, mas logo foi colocado sob virtual prisão domiciliar na capital. Lá ele morreu, privado de seu posto cortesão e considerável riqueza, no final de 1345 ou começo de 1346.[1][4][24] Um ano depois, em fevereiro de 1347, Cantacuzeno entrou em Constantinopla como o vitorioso da guerra civil,[25][26] que havia deixado o Estado bizantino em ruínas: seus recursos militares e humanos exaustos, mais da metade de seu território perdido, quebrado e endividado com estrangeiros, com uma população sem entusiasmo e cansada da guerra.[27]
Família
[editar | editar código-fonte]Teodoro Sinadeno foi um filho do grande estratopedarca João Sinadeno e sua esposa Teodoro Paleóloga, a sobrinha do imperador Miguel VIII Paleólogo (r. 1259–1282), e portanto um membro da mais alta aristocracia do Império Bizantino. Provavelmente tinha um irmão mais velho também chamado João, e ao menos uma irmã, Eufrósine.[28][29] Em algum momento após 1320, Teodoro casou-se com Eudóxia Ducena Comnena Paleóloga Sinadena, e teve duas filhas:[1][30]
- Teodora Comnena Ducena Raulena Paleóloga, que provavelmente casou-se com um membro da família Raul;
- Ana Comnena Ducena Paleóloga Sinadena, que casou-se com o cunhado de João Cantacuzeno, Manuel Comneno Raul Asen, filho de Andrônico Paleólogo Comneno Asen.[2]
Ancestrais
[editar | editar código-fonte]Ancestrais de Teodoro Sinadeno | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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Notas
[editar | editar código-fonte]- [a] ^ A linhagem de João Sinadeno foi esquematizada a partir das informações contidas no livro Medieval Lands: Byzantium 395-1057 de Charles Cawley.[2]
Referências
- ↑ a b c d e f g Trapp 1991, 27120. Συναδηνός, Θεόδωρος ∆ούκας Παλαιολόγος Κομνηνός.
- ↑ a b c Cawley 2011, IOANNES Komnenos Doukas Angelos Synadenos.
- ↑ a b Polemis 1968, p. 181.
- ↑ a b c d e f Guilland 1967, p. 485.
- ↑ Nicol 1993, p. 155–156.
- ↑ Bartusis 1997, p. 87.
- ↑ Nicol 1993, p. 156.
- ↑ Nicol 1993, p. 157–158.
- ↑ Bartusis 1997, p. 87–88.
- ↑ Nicol 1993, p. 159–161.
- ↑ Bartusis 1997, p. 91.
- ↑ Nicol 1993, p. 168.
- ↑ Nicol 1993, p. 181.
- ↑ Guilland 1967, p. 485–486.
- ↑ Nicol 1993, p. 181–182.
- ↑ Bartusis 1997, p. 93.
- ↑ Nicol 1993, p. 190–191.
- ↑ Bartusis 1997, p. 94–95.
- ↑ Nicol 1993, p. 191–194.
- ↑ a b c Bartusis 1997, p. 95.
- ↑ Nicol 1993, p. 194.
- ↑ Nicol 1993, p. 194–195.
- ↑ Nicol 1993, p. 195.
- ↑ Guilland 1967, p. 486.
- ↑ Nicol 1993, p. 205–207.
- ↑ Bartusis 1997, p. 96–97.
- ↑ Nicol 1993, p. 216–219.
- ↑ Kazhdan 1991, p. 1990.
- ↑ Polemis 1968, p. 178–181.
- ↑ Polemis 1968, p. 181, 182.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Cawley, Charles (2011). «'Byzantine 1261-1453' from Medieval Lands». Foundation for Medieval Genealogy
- Guilland, Rodolphe (1967). Recherches sur les Institutions Byzantines, Tome I. Berlim: Akademie-Verlag
- Bartusis, Mark C. (1997). The Late Byzantine Army: Arms and Society 1204–1453 (em inglês). Filadélfia, Pensilvânia: University of Pennsylvania Press. ISBN 0-8122-1620-2
- Kazhdan, Alexander Petrovich (1991). The Oxford Dictionary of Byzantium. Nova Iorque e Oxford: Oxford University Press. ISBN 0-19-504652-8
- Nicol, Donald MacGillivray (1993). The Last Centuries of Byzantium, 1261–1453. Cambridge: Cambridge University Press. ISBN 0-521-43991-4
- Polemis, Demetrios I. (1968). The Doukai: A Contribution to Byzantine Prosopography. Londres: The Athlone Press
- Trapp, Erich; Hans-Veit Beyer; Sokrates Kaplaneres; Ioannis Leontiadis (1991). «27753. Τζαμπλάκων Ἀσωματιανός». Prosopographisches Lexikon der Palaiologenzeit. Viena: Verlag der Österreichischen Akademie der Wissenschaften