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Teoria da coerência da verdade

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As teorias da coerência da verdade caracterizam a verdade como uma propriedade de sistemas inteiros de proposições que só pode ser atribuída a proposições individuais derivativamente, de acordo com a sua coerência com o todo. Enquanto os teóricos da coerência modernos sustentam que existem muitos sistemas possíveis para os quais a determinação da verdade pode basear-se na coerência, outros, particularmente aqueles com fortes crenças religiosas, sustentam que a verdade só se aplica a um único sistema absoluto. Em geral, a verdade requer um ajuste adequado dos elementos dentro de todo o sistema. Muitas vezes, porém, considera-se que a coerência implica algo mais do que uma simples coerência formal. Por exemplo, a coerência do conjunto subjacente de conceitos é considerada um fator crítico para julgar a validade de todo o sistema. Por outras palavras, o conjunto de conceitos básicos num universo de discurso deve primeiro ser visto como formando um paradigma inteligível antes de muitos teóricos considerarem que a teoria da coerência da verdade é aplicável. 

História[editar | editar código-fonte]

Na filosofia moderna, a teoria da coerência da verdade foi defendida por Baruch Spinoza,[1] Immanuel Kant,[1] Johann Gottlieb Fichte,[1] Karl Wilhelm Friedrich Schlegel,[2] Georg Wilhelm Friedrich Hegel[1] e Harold Henry Joachim (a quem se atribui a formulação definitiva da teoria).[3] No entanto, Spinoza e Kant também foram interpretados como defensores da teoria correpondentista da verdade.[4] Na filosofia contemporânea, vários epistemólogos contribuíram significativamente e defenderam a teoria, principalmente Brand Blanshard (que deu a primeira caracterização da teoria na contemporaneidade) e Nicholas Rescher.[1]

Variedades[editar | editar código-fonte]

De acordo com uma visão, a teoria da coerência da verdade considera a verdade como coerência dentro de algum conjunto específico de sentenças, proposições ou crenças.[1] É a "teoria do conhecimento que sustenta que a verdade é uma propriedade primariamente aplicável a qualquer corpo extenso de proposições consistentes, e derivativamente aplicável a qualquer proposição em tal sistema em virtude de sua parte no sistema".[5]

Segundo outra versão de H. H. Joachim (o filósofo a quem se atribui a formulação definitiva da teoria, no seu livro The Nature of Truth, publicado em 1906), a verdade é uma coerência sistemática que envolve mais do que consistência lógica.[6] Nesta visão, uma proposição é verdadeira na medida em que é um constituinte necessário de um todo sistematicamente coerente. Outros desta escola de pensamento, por exemplo, Brand Blanshard, sustentam que este todo deve ser tão interdependente que cada elemento nele necessita e até implica todos os outros elementos. Os expoentes desta visão inferem que a verdade mais completa é uma propriedade apenas de um sistema coerente único, denominado sistema absoluto, e que as proposições e sistemas humanamente cognoscíveis têm um grau de verdade que é proporcional à forma como se aproximam deste ideal.[7]:321–322

Referências

  1. a b c d e f The Coherence Theory of Truth (Stanford Encyclopedia of Philosophy)
  2. Elizabeth Millan, Friedrich Schlegel and the Emergence of Romantic Philosophy, SUNY Press, 2012, p. 49.
  3. Harold Henry Joachim (1868—1938) (Internet Encyclopedia of Philosophy)
  4. The Correspondence Theory of Truth (Stanford Encyclopedia of Philosophy)
  5. Benjamin, A. Cornelius (1962), "Coherence Theory of Truth", in Dagobert D. Runes (ed.), Dictionary of Philosophy, Littlefield, Adams, and Company, Totowa, NJ, p. 58.
  6. Harold Henry Joachim (1868—1938) (Internet Encyclopedia of Philosophy)
  7. Baylis, Charles A. (1962), "Truth", in Dagobert D. Runes (ed.), Dictionary of Philosophy, Littlefield, Adams, and Company, Totowa, NJ.