Thalita de Oliveira Casadei
Thalita de Oliveira Casadei | |
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Nascimento | 12 de novembro de 1921 (103 anos) Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, Brasil |
Morte | 19 de setembro de 2014 (92 anos) Niterói, Rio de Janeiro, Brasil |
Nacionalidade | brasileiro |
Cônjuge | Antônio Casadei |
Ocupação | escritora, geógrafa, professora e historiadora |
Thalita de Oliveira Casadei (Campos dos Goytacazes , 12 de novembro de 1921 — Niterói, 19 de setembro de 2014) foi uma escritora, geógrafa, professora e historiadora brasileira, sócia emérita do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) e do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro (IHGRJ). Casadei especializou-se em história regional do estado do Rio de Janeiro.[1][2]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Thalita de Oliveira Casadei era filha do juiz de direito e desembargador Aderbal de Oliveira e da professora Osíris Rangel de Oliveira.[2] Bisneta de um alemão, senhor de escravos, na cidade de Campos dos Goytacazes; sobre esta temática da escravidão escreveria o livro Os Escravos na Terra Fluminense (2000).[3]
Devido a profissão de seu pai, Thalita viveu em várias cidades do estado do Rio de Janeiro durante seus primeiros anos de vida; nascida em Campos dos Goytacazes, com dois anos e meio foi morar na cidade de Cambuci, onde seu pai advogou. Aos três anos passa a residir em Parati, onde seu pai instalou a comarca, permanecendo até aos seis anos. Moraria ainda em Angra dos Reis, Rio Claro e Barra Mansa. Aos sete anos, fixa residência em Niterói, cidade que era a então a capital estadual do Rio de Janeiro. Em Niterói, Thalita residiria até o seu falecimento.[2][3]
Estudou as primeiras letras com professoras particulares e sua própria mãe, Osíris, que era formada na Escola Normal de Campos (apesar de formada, Osíris jamais exerceu o magistério, a não ser alfabetizando a própria filha). Em 1932 ingressa no Liceu Nilo Peçanha, de Niterói; onde se forma em 1938. Já em 1942 conclui o curso de Geografia e História pela então Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro; nesta época estudou com diversos professores, inclusive Josué de Castro que fora precursor de trabalhos como Geografia da Fome.[2][3]
Depois de formada exerceu suas atividades docentes e culturais como servidora pública na cidade do Rio de Janeiro, primeiro quando era a então Prefeitura do Distrito Federal, e depois, quando a capital federal foi transferida para Brasília, no Estado da Guanabara que sucedeu ao lugar do antigo Distrito Federal.[2]
Retornaria ao Liceu Nilo Peçanha, de Niterói, agora como professora substituta de História; sendo posteriormente efetivada, aí permaneceu até a sua aposentadoria. Quando da criação da Universidade Federal Fluminense (UFF), foi professora de História desta instituição.[2][3]
Depois de aposentada, começou a pesquisar e escrever sobre a História Fluminense. Na Biblioteca Pública Estadual de Niterói criou a "Sala Matoso Maia", reservada a biblioteca e documentos sobre a História da Província do Rio de Janeiro.[2][4]
Também pesquisou e escreveu trabalhos sobre a cidade de Campanha, em Minas Gerais, juntamente com seu marido, Antônio Casadei, nascido naquela cidade mineira. Passou a frequentar para pesquisas o Arquivo Nacional, o Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro, Biblioteca Estadual de Niterói, o Arquivo da Câmara Municipal de Niterói, o Arquivo Municipal de Petrópolis, o Arquivo do Grão Pará, ambos com documentação do príncipe Dom Pedro de Orleans e Bragança; além dos arquivos das faculdades da Universidade Federal Fluminense e o Arquivo da Imperial Irmandade de São Vicente de Paulo de Niterói (detentora de farta documentação sobre a Irmandade, Niterói, Província Fluminense e Estado do Rio de Janeiro, desde 1854-data da sua fundação).[2]
Em 1972, quando da construção da Rodovia Rio-Santos, trecho litorâneo da BR-101, sugeriu que a estrada fosse denominada como "Rodovia dos Goianases" como forma de homenagear os índios guaianás, também conhecidos como guaianases, que primitivamente ocupavam a região.[5]
Thalita de Oliveira Casadei também idealizou e fundou o Instituto Histórico e Geográfico de Niterói em 31 de agosto de 1973, sendo a sua primeira presidente (1973-1975).[6][3][1][2][7] Em 15 de dezembro de 1976, empossada historiador Pedro Calmon, torna-se membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), onde posteriormente ascendeu à categoria de emérita. Além do Instituto Histórico de Petrópolis e do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, Casadei também integrou os Institutos Históricos de: Niterói, Parati, Campos dos Goytacazes e Campanha. Fez parte da também da Academia Fluminense de Letras e da Academia de Letras Sul-Mineira.[1][2]
Casou-se no no Palácio Episcopal da cidade de Campanha, em 20 de maio de 1967, com o advogado mineiro Antônio Casadei em 1967, e ficou viúva em 1997, não teve filhos.[2][8] Em 1994, o casal Thalita de Oliveira Casadei e Antônio Casadei fez questão de doar à Biblioteca Municipal Cônego Vitor, da cidade de Campanha, sua seleta biblioteca.[8]
Foi sepultada no Cemitério da Confraria de Nossa Senhora da Conceição no Maruí (Cemitério do Maruí), no bairro do Barreto, na cidade de Niterói.[2][8]
Após o falecimento de Thalita Casadei, a sua cadeira n°3 no Instituto Histórico e Geográfico de Niterói passou a ser ocupada, desde 2015, pelo desembargador Nagib Slaibi Filho.[9]
Trabalhos
[editar | editar código-fonte]Sobre suas pesquisas na cidade mineira de Campanha, fruto de anos de pesquisa no Centro de Estudos Campanhense Monsenhor Lefort e no Arquivo da Diocese, publicou “Aspectos Históricos da Cidade da Campanha” (1989), com a participação de seu marido Antônio Casadei.[2][8]
Sobre a História estado do Rio de Janeiro seguiram-se vários livros como: Páginas de História Fluminense (1971), “Estudos de História Fluminense” (1975), D. Pedro II e a planície goitacá (1985), A Imperial Cidade de Niterói (1988), Aspectos Históricos de Petrópolis (1989), Petrópolis: Relatos Históricos (1991), Niterói: A Terra e o Homem (1997), Um Sonho de Trinta Anos (1997), Paraty, uma vida, uma saudade (1998) e Os Escravos na Terra Fluminense (2000).[2][3]
Além de inúmeros artigos na revista Mensário do Arquivo Nacional; e em jornais nos quais colaborou em Niterói, Petrópolis, Campanha e Rio de Janeiro.[3][8][2]
Homenagens
[editar | editar código-fonte]Ainda em vida foi agraciada com as medalhas "Vital Brasil", do município de Campanha; "Martim Afonso de Sousa", do Instituto Histórico e Geográfico de Guarujá-Bertioga, e outros títulos, como o de "Cidadã Honorária de Niterói" (indicação do então vereador Adyr Motta Filho) e " Cidadã Campanhense".[2][8][6][10][11]
Também foi homenageada ao ter seu nome escolhido como Patrona da Biblioteca da Escola Municipal Dom Othon Motta, na cidade de Campanha.[8]
Referências
- ↑ a b c «Thalita de Oliveira Casadei». Rio de Janeiro: Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Consultado em 16 de junho de 2022
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n o p SILVA, Salvador Mata e (2014). «THALITA DE OLIVEIRA CASADEI (1921-2014)» (PDF). Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro (21). Rio de Janeiro. pp. 189–196. ISSN 1519-5678. Consultado em 16 de junho de 2022
- ↑ a b c d e f g «Livro relembra a Escravidão. Historiadora lança obra no Calcçadão da Cultura» 35853 ed. Niterói: jornal O Fluminense, disponível na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional. 8 de julho de 2000. p. 3 (Segundo Caderno). Consultado em 13 de junho de 2022
- ↑ Claúdia Cataldi (18 de agosto de 1968). «Opinião do Mestre» 40512 ed. Niterói: jornal O Fluminense, disponível na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional. p. 3 (Segundo Caderno). Consultado em 13 de junho de 2022
- ↑ Thalita de Oliveira Casadei (26 de outubro de 1972). «Batismo» 00189 ed. Rio de Janeiro: Jornal do Brasil, disponível na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional. p. 12. Consultado em 13 de junho de 2022
- ↑ a b «Destaques da cultura recebem a Medalha Martim Afonso de Sousa» 25253 ed. Niterói: jornal O Fluminense, disponível na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional. 2 de dezembro de 1985. p. 6. Consultado em 13 de junho de 2022
- ↑ «Instituto Histórico e Geográfico de Niterói: Assembléia Geral» 21822 ed. Niterói: jornal O Fluminense, disponível na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional. 15 de outubro de 1974. p. 11 (Classificados). Consultado em 13 de junho de 2022
- ↑ a b c d e f g Alberto Araújo (11 de abril de 2016). «Evocação de uma luz no Infinito - Poesia Homenagem de Alberto Araújo à emérita docente e historiadora Thalita de Oliveira Casadei. Confira.». Campanha: Sem Fronteiras, portal de notícias. Consultado em 16 de junho de 2022
- ↑ Claúdia Cataldi (10 de junho de 2015). «Desembargador» 40512 ed. Niterói: jornal O Fluminense, disponível na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional. p. 4. Consultado em 13 de junho de 2022
- ↑ «Os novos cidadões de Niterói» 33183 ed. Niterói: jornal O Fluminense, disponível na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional. 22 de novembro de 1991. p. 11. Consultado em 13 de junho de 2022
- ↑ «Câmara entrega títulos e medalhas em noite festiva» 33184 ed. Niterói: jornal O Fluminense, disponível na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional. 23 de novembro de 1991. p. 5 (2° Clichê). Consultado em 13 de junho de 2022