Tico Magalhães
Tico Magalhães | |
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Nascimento | 1977 Recife |
Residência | Brasília |
Cidadania | Brasil |
Ocupação | artista |
Tico Magalhães é um agente cultural que nasceu em Recife, no Pernambuco e aos 17 anos foi para Brasília, no Distrito Federal. Em 2004 fundou o grupo cultural Seu Estrelo e o Fuá do Terreiro.[1]
Carreira artística
[editar | editar código-fonte]Natural de Recife, capital do estado do Pernambuco, Tico Magalhães iniciou sua carreira artística em 2004, quando se mudou definitivamente para Brasília após idas e vindas do Nordeste para a capital nacional. Nessa época, fez sua primeira visita à Chapada dos Veadeiros, parque de proteção ambiental do estado de Goiás que fica a apenas 230 quilômetros de Brasília e é repleto de cachoeiras e cerrado. Daí veio sua inspiração para escrever o Mito do Calango Voador, um conto que narra o surgimento de muitos mundos, a criação do cerrado e o cotidiano de Brasília, motivado pela falta de uma cultura folclórica local própria. [2]
A partir dessa estória idealizada em 2004, Tico formou em junho do mesmo ano o grupo de cultura popular Seu Estrelo e o Fuá do Terreiro, um conjunto de 25 integrantes, sendo dezesseis músicos e nove personagens, além do capitão que o conduz, os quais apresentam o conto em forma de encenação de teatro de rua e dança,[3] ao som de tambores, alfaias, gonguê, caixas, abês e caracaxás, que tocam um ritmo próprio batizado pelo grupo de "samba pisado". Este ritmo próprio foi inspirado no maracatu e no cavalo-marinho, ritmos originários de Pernambuco. [4]
Em 2008, o artista sentiu a necessidade de descobrir e desvendar todo o mosaico cultural brasileiro e, assim, deu início ao que chamou de "Caravana Seu Estrelo - Rumo à Cidade Mestiça", uma caravana que saiu a percorrer o Plano Piloto de Brasília e suas cidades satélites com um ônibus a fim de visitar grupos locais de cultura popular. [5]O percurso durou dezesseis meses, de novembro de 2008 a janeiro de 2010, e visitou um total de doze grupos, entre eles o Boi de Seu Teodoro, Martinha do Coco, Cacuriá Filha Herdeira, Folia do Divino de Mestre Badia Medeiros e Mestre Zé do Pife e as Juvelinas. Nos encontros eram realizados diálogos, trocas de saberes, batucadas e remelexos.[3]
Dessas visitas, surgiu o livro e também filme "Retratos de um Povo Inventado", lançado em abril de 2011, um documentário que reúne depoimentos de importantes mestres e brincantes candangos sobre a construção cultural da capital do país. Posteriormente, essa caravana começou a visitar outros locais da região centro-oeste do Brasil, como a cidade de Pirenópolis, no estado de Goiás.[6]
Em 2010, o grupo Seu Estrelo e o Fuá do Terreiro tornou-se Ponto de Cultura, realizando oficinas gratuitas de dança, percussão e confecção de figurinos e bonecos em sua sede, na quadra 813 Sul, em Brasília.
Em 2013, Tico Magalhães, juntamente com o grupo, fundou o Centro Tradicional de Invenção Cultural, local em que apresenta mais algumas de suas inovações com a mistura de terreiro e picadeiro para muitos espectadores. [4]
No dia 25 de junho de 2020, Tico Magalhães lançou o livro "Mito do Calango Voador e Outras Histórias do Cerrado", por meio de um vídeo-documentário, a fim de não causar aglomerações em razão da pandemia do novo coronavirus (SARS-Cov2). Também foi devido a essa pandemia que o artista sentiu a necessidade de divulgar o livro, pois, segundo ele, o isolamento social exigido para a época traz a necessidade de levar mais encanto e fantasia para a vida das pessoas.[7]
Trabalhos
[editar | editar código-fonte]Tico criou o grupo Seu Estrelo e o Fuá do Terreiro juntamente com outros artistas, inspirando-se nas tradições como Maracatu, Cavalo Marinho[8], Boi do Seu Teodoro, Martinha do Coco, A Galera da Folia e Seu Eli.[1] Tico viu a necessidade de unir essas manifestações aos elementos naturais de Brasília.[9][1]
Mito do Calango Voador
[editar | editar código-fonte]Um das idealizações de Tico Magalhães é o Mito do Calango Voador, atração que veio da necessidade de criar uma brincadeira[9] para juntar o céu, a cachoeira, o rio e outros elementos da cidade de Brasília à construção e o sonho trazido por vários candangos.[1]
De modo lúdico, porém sem ser infantil, essa estória retrata um calango, filho do Sol e da Terra, nascido no Planalto Central, que cria asas para escapar-se de uma gigantesca tromba d'água. A partir daí ocorrem as aventuras do Calango Voador nos sertões de Goiás descritas em 92 páginas que alternam entre textos e ilustrações. Os outros personagens dessa mitologia são Laiá, a filha da mata, Seu Estrelo, Mané Avesso, Chico Pescador, Caliandra, Zé Cadê, Tromba D’Água e a Véia. [10]
O conto é dividido em três partes, sendo a primeira a criação dos diversos mundos, a segunda o surgimento do cerrado e do Calango Voador e a última a construção de Brasília, que, inclusive, é citada da seguinte forma: " Por isso, junto com Seu Estrelo, a Mata e o Calango inventaram de construir uma nova Coisa, uma fabulosa criatura. Uma nova cidade que abrigaria todos os homens que para o Cerrado vieram para enfrentar a Criatura Comedora de Homens que estava para chegar”.[11]
Samba Pisado
[editar | editar código-fonte]Assim como o Mito, Tico criou o gênero musical Samba Pisado, que tem como base o Cavalo Marinho e o Maracatu rural.[12]O nome de Samba "Pisado" dá-se por ter a célula rítmica principal originada da pisada dos brincantes do cavalo marinho. [1]
Honrarias
[editar | editar código-fonte]Em 2008, depois de apenas três anos da criação do grupo Seu Estrelo e o Fuá do Terreiro, Tico Magalhães e os demais integrantes já estavam sendo premiados pelo Ministério da Cultura como grupo de cultura popular tradicional, reconhecimento conquistado pelo mérito dos trabalhos desenvolvidos em todo o Distrito Federal. [13]Dez anos após essa premiação, receberam mais uma vez essa honraria.[7]
Além disso, no dia 14 de agosto de 2019, Tico Magalhães e outras 22 personalidades foram homenageados, em cerimônia na Câmara Legislativa do DF, por fazerem parte da História, Cultura e Educação do Distrito Federal, em comemoração ao "Dia do Patrimônio Cultural".[14][15]
Referências
- ↑ a b c d e Antunes, Marco. «Portal da Câmara dos Deputados». Portal da Câmara dos Deputados
- ↑ «Tico Magalhães, Mestra Maria e Martinha do Coco são homenageados na Câmara Legislativa do DF». G1. Consultado em 15 de agosto de 2020
- ↑ a b «Tradição inventada». Rede Brasil Atual. 20 de agosto de 2010. Consultado em 15 de agosto de 2020
- ↑ a b «A cultura popular de Tico Magalhães – oCiclorama». Consultado em 15 de agosto de 2020
- ↑ «Caravana Seu Estrelo». Caravana Seu Estrelo. Consultado em 15 de agosto de 2020
- ↑ «Seu Estrelo e o Fuá do Terreiro: 12 anos de amor a Brasília». Consultado em 15 de agosto de 2020
- ↑ a b bettainterativa.com (21 de junho de 2020). «Alô Brasília». Alô Brasília. Consultado em 15 de agosto de 2020
- ↑ «Veja Seu Estrelo e o Fuá do Terreiro no Big Dia da Música». Dia da Música
- ↑ a b Carvalho de Mello, Davi (Fevereiro 2013). «Cultura popular do Distrito Federal: uma análise discursiva da mídia» (PDF). Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Departamento de Audiovisuais e Publicidade line feed character character in
|titulo=
at position 41 (ajuda); line feed character character in|jornal=
at position 31 (ajuda) - ↑ «Tradição inventada». Rede Brasil Atual. 20 de agosto de 2010. Consultado em 8 de agosto de 2020
- ↑ Magalhães, Tico (2020). Mito do Calango Voador e outras histórias do cerrado. Brasília: Governo do Distrito Federal
- ↑ «A cultura popular de Tico Magalhães – oCiclorama»
- ↑ . «Muito prazer - Tico Magalhães». www.correiobraziliense.com.br. Consultado em 15 de agosto de 2020
- ↑ «Samba pisado de Seu Estrelo marca comemoração do Dia do Patrimônio Cultural na CLDF». 61 Brasilia. 16 de agosto de 2019
- ↑ «Homenagem a personalidades torna-se espaço de resistência e de defesa de Brasília». Arlete Sampaio. Consultado em 8 de agosto de 2020