Tribunal Supremo de Angola
Tribunal Supremo de Angola | |
---|---|
Organização | |
Criação | 1988 (36 anos)[1] |
País | Angola |
Sede | Palácio da Justiça, Luanda[2] |
Composição | Até 21 juízes conselheiros, incluindo o presidente e o vice-presidente[3] |
Designação | Nomeação pelo presidente da República: |
Mandato | 7 anos, não renovável[5] |
Presidente | Joel Leonardo (2019–)[6] |
Vice-presidente | Cristino Molares de Abril e Silva (2014–)[7] |
Site oficial | tribunalsupremo |
Jurisdição | |
Tipo | Instância judicial superior da jurisdição comum[4] |
Jurisdição Territorial | Território nacional[4] |
Tribunal Supremo é a mais alta instância da jurisdição comum do Poder Judiciário de Angola.[4] É um dos quatro tribunais superiores do país, ao lado do Tribunal Constitucional, do Tribunal de Contas e do Supremo Tribunal Militar.[4]
História
[editar | editar código-fonte]O Tribunal Supremo foi criado em 1988, com o advento da Lei n.º 18/88, que estabeleceu o Sistema Unificado de Justiça.[1] Antes disso, o Tribunal da Relação de Luanda atuava como instância máxima do país, desde sua independência em 1975.[1]
Atribuições e garantias
[editar | editar código-fonte]De acordo com a Constituição de Angola, o Tribunal Supremo é a instância judicial superior da jurisdição comum, com jurisdição em todo o território nacional.[4][8] A Lei Orgânica prevê que o tribunal "é independente e imparcial, estando apenas sujeito à Constituição e à Lei",[8] contando com autonomia financeira e administrativa.[8] Neste sentido, elabora os regimentos internos, aprova a proposta de seu orçamento anual e estipula seu quadro de pessoal.[8]
A corte conhece e decide os processos de destituição do presidente da República pelos crimes de traição à pátria, espionagem, suborno, peculato, corrupção, hediondos e violentos.[4] O tribunal, no entanto, só possui competência para julgar o presidente após o processo receber o apoio de dois terços dos integrantes da Assembleia Nacional.[4] Também julga os ministros, vice-ministros e secretários de Estado por crimes cometidos tanto no exercício do cargo quanto fora dele.[4]
Organização e funcionamento
[editar | editar código-fonte]O Tribunal Supremo é composto por três órgãos: o presidente, o plenário e as câmaras.[8] Há quatro câmaras: Criminal; Cível, Administrativo, Fiscal e Aduaneiro; Trabalho; e Família, Sucessões e Menores.[8] As câmaras são comandadas por um presidente e sua composição é determinada pelo plenário, de acordo com proposta do presidente do Tribunal.[8] O plenário é formado por todos os juízes conselheiros que integram as câmaras, só podendo funcionar com a presença da maioria absoluta dos magistrados em exercício.[8] Dentre suas atribuições, o plenário julga conflitos de competência das câmaras, uniformização da jurisprudência e pedidos de extradição de cidadãos estrangeiros.[8]
A sede do Tribunal Supremo localiza-se no Palácio da Justiça, na cidade de Luanda, capital da Angola. Inaugurado em 2012, o Palácio abriga ainda o Tribunal Constitucional, a Procuradoria-Geral da República e o Ministério da Justiça.[9] Em 2013, o quadro de pessoal do Tribunal Supremo era de 486 funcionários.[10] Naquele ano, as despesas correntes da corte foram calculadas em 1,650 bilhão de kwanzas.[11]
Magistrados
[editar | editar código-fonte]Os magistrados do Tribunal Supremo são conhecidos como juízes conselheiros.[4] São nomeados pelo presidente da República, de acordo com lista formulada pelo Conselho Superior da Magistratura Judicial.[4] O presidente também designa o presidente e o vice-presidente da corte, escolhido entre os três candidatos mais votados pelos pares para o respectivo cargo.[12] Há um limite de 21 magistrados, incluindo o presidente e o vice-presidente.[4] Os mandatos são de 7 anos, sem possibilidade de renovação.[13] Quando expirado o mandato, o presidente e vice permanecem no cargo até a posse de seus sucessores.[8]
De acordo com a Lei Orgânica do Tribunal Supremo, um terço de seus assentos são reservados a advogados, docentes universitários e outros juristas "de mérito."[8] A mesma lei estabelece seis requisitos de nomeação: a nacionalidade angolana, licenciatura em direito há pelo menos 15 anos, a idade mínima de 35 anos, a não-condenação por crime doloso punível com pena de prisão maior, a idoneidade moral e a ausência de sanção por infração disciplinar grave.[8]
Os juízes conselheiros são inamovíveis, isto é, não podem ser demitidos, transferidos, promovidos, suspensos ou reformados senão conforme estabelecido pela Constituição ou pela legislação.[8] Quando no exercício do cargo, os integrantes do Tribunal não podem desempenhar nenhuma outra função pública ou privada, salvo o exercício da docência ou pesquisa científica.[8] Também não podem realizar atividades político-partidárias, vedando-se filiações a partidos ou associações políticas.[8] Ao Conselho Superior da Magistratura Judicial compete a avaliação semestral do desempenho profissional dos magistrados, assim como a responsabilidade por avaliar e impôr eventuais medidas disciplinares.[8]
Composição
[editar | editar código-fonte]Em maio de 2020, o Tribunal Supremo possuía a seguinte composição:[14]
Magistrado | Ano de nomeação | Presidente |
---|---|---|
Joel Leonardo (presidente)[15] |
2019 | João Lourenço |
Cristino Molares de Abril e Silva (vice-presidente)[16] |
2014 | José Eduardo dos Santos |
Teresa Francisco da Rosa Buta (presidente da Câmara do Trabalho)[17] |
2013 | Santos |
Joaquina F. B. Ferreira do Nascimento (presidente da Câmara do Cível)[18] |
2005 | Santos |
Agostinho Santos[19] | 2016 | Santos |
Anabela Mendes Vidinhas[20] | 2018 | Lourenço |
Aurélio Simba[21] | 2018 | Lourenço |
Daniel Modesto[22] | 2015 | Santos |
Domingos Mesquita[23] | 2016 | Santos |
Efigênia Lima[24] | 2015 | Santos |
João da Cruz Pitra[25] | 2013 | Santos |
João Pedro Kinkani Fuantoni[26] | 2018 | Lourenço |
José Martinho Nunes[27] | 2013 | Santos |
Miguel Correia[28] | 2013 | Santos |
Manuel Dias da Silva[29] | 2013 | Santos |
Miguel Correia[30] | 2015 | Santos |
Norberto Moisés Moma Capeça[31] | 2018 | Lourenço |
Norberto Sodré[32] | 2016 | Santos |
Teresa Marçal[33] | 2013 | Santos |
Referências
- ↑ a b c «História». Tribunal Supremo de Angola. Consultado em 20 de maio de 2020
- ↑ «Contactos». Tribunal Supremo de Angola. Consultado em 20 de maio de 2020
- ↑ Fonseca Bengui (22 de outubro de 2019). «Tribunal Supremo elege candidatos a presidente». Jornal de Angola. Consultado em 20 de maio de 2020
- ↑ a b c d e f g h i j k l m «Constituição da República de Angola» (PDF). Africa Criminal Justice Reform. 2010. Consultado em 20 de maio de 2020
- ↑ Agostinho 2018, p. 154
- ↑ Fonseca Bengui (30 de outubro de 2019). «Joel Leonardo nomeado presidente do Supremo». Jornal de Angola. Consultado em 20 de maio de 2020
- ↑ «Manuel Aragão no Supremo». Jornal de Angola. Governo de Angola. 11 de setembro de 2014. Consultado em 20 de maio de 2020
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n o p «Lei Orgânica do Tribunal Supremo» (PDF). Diário da República. 18 de março de 2011. Consultado em 20 de maio de 2020
- ↑ Bernardino Manje (21 de julho de 2012). «Palácio da Justiça a jóia do direito». Jornal de Angola. Consultado em 20 de maio de 2020
- ↑ «Tribunal Supremo» (PDF). Diário da República. 29 de outubro de 2013. Consultado em 20 de maio de 2020
- ↑ «Orçamento destinado ao Tribunal Supremo sofre redução». Agência Angola Press. 29 de janeiro de 2013. Consultado em 20 de maio de 2020
- ↑ Fonseca Bengui (24 de outubro de 2019). «Conhecidos candidatos a presidente do Supremo». Jornal de Angola. Consultado em 20 de maio de 2020
- ↑ Agostinho 2018, p. 154
- ↑ «Em efectividade». Tribunal Supremo de Angola. 2020. Consultado em 20 de maio de 2020
- ↑ «Dr. Joel Leonardo». Tribunal Supremo de Angola. 2020. Consultado em 20 de maio de 2020
- ↑ «Dr. Cristino Molares de Abril e Silva». Tribunal Supremo de Angola. 2020. Consultado em 20 de maio de 2020
- ↑ «Dr.ª Teresa Francisco da Rosa Buta». Tribunal Supremo de Angola. 2020. Consultado em 20 de maio de 2020
- ↑ «Dr.ª Joaquina F. B. Ferreira do Nascimento». Tribunal Supremo de Angola. 2020. Consultado em 20 de maio de 2020
- ↑ «Dr. Agostinho Santos». Tribunal Supremo de Angola. 2020. Consultado em 20 de maio de 2020
- ↑ «Dr.ª Anabela Mendes Vidinhas». Tribunal Supremo de Angola. 2020. Consultado em 20 de maio de 2020
- ↑ «Dr. Aurélio Simba». Tribunal Supremo de Angola. 2020. Consultado em 20 de maio de 2020
- ↑ «Dr. Daniel Modesto». Tribunal Supremo de Angola. 2020. Consultado em 20 de maio de 2020
- ↑ «Dr. Domingos Mesquita». Tribunal Supremo de Angola. 2020. Consultado em 20 de maio de 2020
- ↑ «Dr.ª Efigênia Lima». Tribunal Supremo de Angola. 2020. Consultado em 20 de maio de 2020
- ↑ «Dr. João da Cruz Pitra». Tribunal Supremo de Angola. 2020. Consultado em 20 de maio de 2020
- ↑ «Dr. João Pedro Kinkani Fuantoni». Tribunal Supremo de Angola. 2020. Consultado em 20 de maio de 2020
- ↑ «Dr. José Martinho Nunes». Tribunal Supremo de Angola. 2020. Consultado em 20 de maio de 2020
- ↑ «Dr.ª Lisete da Purificação Veríssimo e Costa da Silva». Tribunal Supremo de Angola. 2020. Consultado em 20 de maio de 2020
- ↑ «Dr. Manuel Dias da Silva». Tribunal Supremo de Angola. 2020. Consultado em 20 de maio de 2020
- ↑ «Dr. Miguel Correia». Tribunal Supremo de Angola. 2020. Consultado em 20 de maio de 2020
- ↑ «Dr. Norberto Moisés Moma Capeça». Tribunal Supremo de Angola. 2020. Consultado em 20 de maio de 2020
- ↑ «Dr. Norberto Sodré». Tribunal Supremo de Angola. 2020. Consultado em 20 de maio de 2020
- ↑ «Dr.ª Teresa Marçal». Tribunal Supremo de Angola. 2020. Consultado em 20 de maio de 2020
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Agostinho, Issau (2018). Angola: formação e democratização do Estado. Roma: Edizioni Nuova Cultura. 232 páginas. ISBN 9788833650630. Consultado em 20 de maio de 2020
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- tribunalsupremo.ao, site oficial