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Urbano Prudêncio da Silva

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Urbano Prudêncio da Silva
Urbano Prudêncio da Silva
Nascimento 13 de novembro de 1852
Madalena
Morte 18 de setembro de 1943 (90 anos)
Horta
Cidadania Portugal, Reino de Portugal
Alma mater
Ocupação advogado, servidor público, jornalista

Urbano Prudêncio da Silva (Madalena do Pico, 13 de novembro de 1852Horta, 18 de setembro de 1943) foi um advogado, político e jornalista que se notabilizou como introdutor da imprensa escrita na ilha do Pico e como líder do Partido Progressista naquela ilha.[1][2][3][4]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Nasceu na vila da Madalena, onde concluiu o ensino primário. Estudou no Liceu Nacional da Horta, mas antes de concluir o ensino liceal regressou à vila da Madalena, onde exerceu por algum tempo o cargo de escrivão da Câmara Municipal e, obtendo a 18 de agosto de 1874 provisão que lhe permitia exercer advocacia, advogado de provisão e substituto do delegado do procurador-régio. Desde cedo se dedicou às letras, e nos periódicos faialenses que se publicaram de 1872 a 1878, apareceram muitas poesias por ele firmadas, as quais demonstram vocação para as belas letras.[3]

Contudo, foi no campo do jornalismo que se notabilizou, fundando na vila da Madalena o semanário intitulado O Picoense, o primeiro órgão de comunicação social escrita que se publicou na ilha do Pico. De tendência progressista, como redator de O Picoense sustentou veementes e bem escritas polémicas com as folhas faialenses, ligando «a sua personalidade de uma maneira distinta aos inícios da imprensa na terra da sua naturalidade».[3] Aquele periódico, com a epígrafe «Semanal, político, instrutivo e noticioso», deixou de circular em 1877, ano da saída da ilha do seu fundador.

Em 1877 concluiu o Curso Geral no Liceu Nacional da Horta, partindo para Coimbra a 15 de setembro de 1878, matriculando-se seguidamente na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Foi aluno distinto, obtendo carta de bacharel a 26 de julho de 1883.[5] Manteve a sua ligação à imprensa, pois enquanto estudante em Coimbra foi redator principal do bissemanário O Tribuno Popular, funções que exerceu de 5 de agosto de 1879 a 30 de julho de 1883.[3]

Regressou ao Faial a 14 de setembro de 1883, abrindo banca de advogado nos auditórios da Comarca da Horta. Ligado ao Partido Progressista, foi administrador do concelho da Horta em 15 de março de 1886, transferindo-se para as funções de primeiro juiz do julgado municipal da Madalena em 1889, função que viria a cessar pouco depois para ocupar o lugar de primeiro-oficial do Governo Civil da Horta, ainda em 1889.[1]

Com a eleição do seu conterrâneo, e correligionário progressista Miguel António da Silveira, de quem era próximo, para deputado às Cortes, foi nomeado secretário-geral daquele Governo Civil. Neste período, para além das suas ocupações como advogado, era militante destacado do Partido Progressista, tendo integrado o diretório que na Horta presidido por Miguel António da Silveira.[1]

Apesar de considerado homem inteligente, dinâmico e respeitado, quando no poder, foi acusado de perseguir os regeneradores. Em consequência, por vingança política, em 1890, com a ascensão do regenerador António de Serpa Pimentel a presidente do Conselho de Ministros, foi transferido para secretário-geral do Governo Civil de Bragança. Desistiu da função pública e foi advogar para São Roque do Pico.[1]

Todavia, em 1897, com o regresso dos progressistas ao poder, e com a nomeação do seu amigo Miguel António da Silveira para o lugar de governador-civil do Distrito da Horta, voltou ao Governo Civil da Horta como secretário-geral. Exerceu aquelas funções até 1923, ano em que foi transferido para o cargo de secretário-geral do Governo Civil do Distrito Autónomo do Funchal, no qual se aposentou em 1929. Como secretário-geral serviu de governador civil na ausência dos titulares.[1][6]

O seu nome ficou indelevelmente ligado ao jornalismo nas ilhas do Pico e do Faial. Antes de seguir para Coimbra, na vila da Madalena, ilha do Pico, foi o fundador da imprensa na ilha, em 1874, quando começou a editar naquela vila O Picoense. Quando fixado na Horta, em simultâneo com as funções administrativas e políticas, foi redator principal de O Atlântico, jornal do Partido Progressista e um dos periódicos mais antigos do arquipélago.

O dr. Urbano Prudêncio da Silva é lembrado na toponímia da vila da Madalena, onde também um medalhão e uma placa assinalam o local do seu nascimento.[7][8]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b c d e «Silva, Urbano Prudêncio da» na Enciclopédia Açoriana.
  2. Ermelindo Ávila, «Picoenses que foram escritores, jornalistas e publicistas» in Figuras & Factos; Notas históricas, pp. 226-234. Lajes do Pico, Câmara Municipal das Lajes do Pico e Associação de Defesa do Património da ilha do Pico, 1993.
  3. a b c d Ernesto Rebello, «Notas açorianas. Escriptores e homens de lettras». In Arquivo dos Açores, vol. IX, pp. 30-31. Ponta Delgada, Universidade dos Açores, [reprodução fac-similada pela edição de 1887], 1982.
  4. Prudêncio da Silva no Álbum Açoriano, p. 570. Lisboa, Bertrand, 1903-1908.
  5. O Raio, Horta, n.º 16, edição de 5 de setembro de 1883.
  6. Fernando Faria Ribeiro, Em dias passados. Horta, Núcleo Cultural da Horta, 2007.
  7. Homenagem ao Dr. Urbano Prudêncio da Silva, Madalena do Pico, 1990 (c.), ilha do Pico, Açores.
  8. Tomaz Duarte, Dr. Urbano Prudêncio da Silva. Madalena, Câmara Municipal, 2002.