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Usuária:Casta jampal/Testes

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Jampal é o nome de uma casta de uva branca quase extinta, sem qualquer registo da sua produção vinícola em Portugal até 2007. A espécie rara foi abandonada durante décadas, até à descoberta de cerca de 200 cepas da mesma na vila de Cheleiros, em Mafra, por um produtor estreante.

 “João Paulo”, “Jean Paul” ou “Jampaul” eram os nomes utilizados pelos locais para identificar a uva com potencialidades até então pouco conhecidas e de difícil categorização inicial. A pouca produtividade e consequente rentabilidade são dois dos motivos mais apontados pelos enólogos para justificar o fenómeno do seu desaparecimento.

 Atualmente, graças à sua recuperação, o vinho produzido tem sido alvo de premiação internacional, e as vinhas da sua origem são as únicas certificadas em todo o país. 

História[editar | editar código-fonte]

No verão de 2007, André Manz adquiriu uma vinha para produção caseira, na vila de Cheleiros. A vinha, repleta de uva tinta da casta João de Santarém (também conhecida como ‘’Castelões’’ ou ‘’Periquita’’), tinha cerca de 200 cepas de uva branca perdida entre as anteriores, que ninguém conseguia identificar com precisão. Durante algum tempo, nem os jovens enólogos envolvidos no projeto sabiam de que casta se poderia tratar, dada a ausência de registo de qualquer atividade vinícola com a mesma ao longo de décadas. Por outro lado, os habitantes da vila pareciam encontrar-lhe vários nomes, de associação fonética similiar, mas sem certezas absolutas do correto.  

O reconhecimento da vinha foi feito pelo Eng.º Eiras Dias, que explicou tratar-se de uma casta quase extinta e cuja produção era desaconselhada pela fraca rentabilidade em larga escala. Após um verão de trabalho intenso, e com um objetivo de consumo próprio, André Manz optou por avançar com a produção de Jampal, referindo "Eu não quero fazer muito vinho. Eu quero fazer bom vinho!".  

O resultado foi apresentado em provas cegas a amigos e colegas de trabalho de todo o mundo, que elegeram unanimemente o vinho produzido com Jampal como o melhor. Para surpresa de todos, André Manz tinha redescoberto a casta e o seu vinho era diferente de tudo o que se havia provado até então, constituindo uma oportunidade de negócio inesperada.  

ManzWine[editar | editar código-fonte]

Após a descoberta de Jampal, e do vinho que a casta originava, o passo seguinte envolveu a sua reprodução através das 200 cepas inicialmente encontradas. A posterior modernização da técnica e equipamento foram fundamentais para sua a viabilidade na região, acompanhadas de um aumento da capacidade produtiva e terrenos. Também a política de plantação evoluiu, com sistemas mais atuais de aramagem e cepas reproduzidas em viveiro, transformando a pequena vinha para produção caseira numa base sólida para um negócio: a ManzWine. 

Certificação e prémios[editar | editar código-fonte]

De acordo com o Instituto Nacional de Investigação Agrária Português[1], a ManzWine é o único produtor em Portugal com uma vinha certificada desta casta. Atualmente, é também o único produtor do mundo com um vinho monocasta Jampal (Dona Fátima). 

Numa seleção com mais de 1200 vinhos, para os 50 Great Portuguese Wine 2010, Julia Harding, especialista inglesa e crítica de vinho reconhecida em todo o mundo, elegeu Dona Fátima para o seu TOP, que integrou 27 tintos, 18 brancos, 1 espumante e 4 fortificados.[2]

Dona Fátima[editar | editar código-fonte]

Dona Fátima é o único vinho do mundo produzido em monocasta Jampal. Carateriza-se por uma sensação amanteigada e sabor frutado, mas essencialmente pela boa acidez que explica a escolha do seu rótulo: Fátima é também o nome da sogra do produtor, que quis brincar com a toponímia.

Cheleiros e Jampal[editar | editar código-fonte]

A redescoberta de Jampal em Cheleiros ilustra a enorme tradição vinícola da localidade em que existiam, até há cerca de 100 anos, 43 lagares para uma população de apenas 800 habitantes. 

Toda a produção de Jampal está agora centralizada na antiga escola primária da vila, transformada no “Lugar do Vinho”, uma adega no centro histórico da vila de Cheleiros, no Largo da Praça. A abertura ao público da mesma, bem como a visita às vinhas, passaram a fazer parte do roteiro de um projeto de enoturismo da ManzWine na região, na qual também é possível visitar um Museu do Vinho e Loja, num Lagar Antigo recuperado. 

  1. «Lista de Castas». Instituto Nacional de Investigação Agrária 
  2. António Falcão (22 de junho de 2012). «50 melhores vinhos portugueses no Reino Unido». Revista de Vinhos