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Ciclo estral dos suínos
[editar | editar código-fonte]O ciclo estral é a fase reprodutiva da fêmea, em que há a receptividade sexual e posteriormente a ovulação. O ciclo estral é induzido por hormônios reprodutivos.[1]
A fêmea suína é uma espécie poliéstrica anual (que possui ciclos estrais ao longo de todo ano[2]), com ciclos durando entre 19 e 23 dias (média 21) independente da estação do ano. A puberdade representa a idade em que ocorre a maturação do eixo hipotálamo-hipófise-gonadal, que vai desde o primeiro cio fértil e dá início aos ciclos reprodutivos.[3]
O primeiro cio fértil das marrãs, que é uma fêmea jovem de pelo menos seis meses de idade que teve não mais de uma ninhada de leitões, ocorre entre cinco a nove meses de idade e o principal hormônio responsável pelo seu desencadeamento é o hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH).[3]
A ovulação
[editar | editar código-fonte]A ovulação é definida como o momento em que ocorre a ruptura dos folículos terciários e liberação dos oócitos, sendo este um fenômeno dinâmico e espontâneo, caracterizado pela ruptura de um sistema vascular e pela destruição do tecido conectivo da parede do folículo de Graaf, com a liberação dos oócitos maduros para a fecundação. Embora todos os folículos selecionados respondam ao pico de LH, pode haver assincronia no reinício da meiose do oócito e momento da ovulação, cuja duração varia de uma a três horas. Como regra geral, assume-se que a ovulação ocorre no início do terço final do estro.[3]
Fases do ciclo
[editar | editar código-fonte]O ciclo estral das espécies domésticas, incluindo a suína, pode ser dividido em duas fases de acordo com a estrutura predominante no ovário: a fase folicular e a fase lútea.[3]
Fase folicular
[editar | editar código-fonte]A fase folicular é o período que se inicia com a regressão do corpo lúteo (CL) e estende-se até a ovulação. Durante essa fase, há predominância de folículos em crescimento, os quais podem atingir tamanhos pré-ovulatórios, assim como produção de estradiol, podendo ser subdividida em proestro e estro.[3]
Fase lútea
[editar | editar código-fonte]Já a fase lútea é a maior parte do ciclo, sendo na espécie suína essa parte correspondente a 66%, na qual ao menos um corpo lúteo funcional está encarregado na síntese da progesterona. Essa fase lútea abrange o metaestro e diestro.[3]
O início do proestro
[editar | editar código-fonte]O início do proestro é marcado pela completa luteólise. Que estimula o término do bloqueio da progesterona ao eixo hipotalâmico-hipofisário, permitindo que os folículos recrutados possam continuar seu crescimento até a ovulação. Durante esse estágio, folículos tornam-se gradativamente mais responsivos às gonadotrofinas, secretando cada vez mais estrógeno, na medida em que aumentam de tamanho. Isso provoca mudanças nos órgãos reprodutivos e no comportamento da fêmea, que no caso da porca, torna-se mais ativa sexualmente. O aumento dos níveis de estrógeno, ocorre o feedback positivo para a liberação de hormônio luteinizante (LH) e o aumento dos receptores de hormônio folículo estimulante (FSH) nas células da granulosa. A inibina, outro hormônio folicular, junto com o estrógeno, são os responsáveis pelo decréscimo na liberação de FSH durante a fase folicular, o que por sua vez culmina na seleção dos folículos ovulatórios.[3]
Fase estro
[editar | editar código-fonte]O estro é a fase mais reconhecível do ciclo estral nas espécies domésticas devido aos sinais comportamentais exclusivos de receptividade sexual. Na porca, esse estágio pode durar de 24 a 72 horas, mas o tempo para a ovulação a partir do início dos sinais de estro é muito variável, sendo que o processo de ovulação pode durar de uma a quatro horas. Os sinais fisiológicos e comportamentais que iniciaram no proestro se intensificam no estro. O comportamento da porca em estro é marcado por intensa vocalização e atividade, procura pelo macho.[3]
Fase metaestro
[editar | editar código-fonte]O metaestro é o estágio que vai da ovulação até a completa formação do corpo lúteo. As células luteinizadas são responsáveis pela síntese de progesterona, a qual aos poucos substitui o estrógeno como hormônio predominante. Dessa forma, o proestro e metaestro podem ser considerados estágios de transição para o estro, fase de predomínio estrogênico, e diestro, de predomínio progesterônico, respectivamente. A formação do corpo lúteo marca o início do diestro nas espécies domésticas. Na porca, as células da granulosa luteinizadas não somente sintetizam a progesterona, como também outros dois hormônios de grande importância no parto e lactação dessa espécie: a ocitocina e a relaxina. A progesterona inicia uma fase de quiescência uterina, na qual a contratilidade da musculatura lisa do útero é mínima. Glândulas endometriais secretam histotrofina, responsável por nutrir os embriões no período pré-implantação. No hipotálamo, a progesterona altera o padrão secretório de GnRH, resultando na liberação de FSH e pequenas quantidades de LH pela adenoipófise, o que permite o recrutamento e crescimento de folículos nesse estágio do ciclo estral. A partir do dia 15 do ciclo estral, o número de folículos acima de 5mm aumenta consideravelmente, chegando ao número máximo de folículos pré-ovulatórios ao final do proestro.[3]
Fase diestro
[editar | editar código-fonte]O diestro da fêmea suína dura em média de 14 a16 dias, período no qual não há qualquer comportamento de procura ou aceitação ao macho.[3]
Final da fase lútea
[editar | editar código-fonte]No final da fase lútea, com a ausência de embriões que estimulem o reconhecimento materno da gestação, o corpo lúteo passa pelo processo de luteólise. Nesse processo, o estrógeno e ocitocina combinados desencadeiam a síntese de prostaglandina F2α pelo endométrio, que quando atinge níveis elevados nos ovários, leva à degradação das células luteínicas do corpo lúteo, restando ao final somente tecido conjuntivo fibroso cicatricial, chamado corpo albicans. A luteólise resulta na queda drástica das concentrações de progesterona circulantes, removendo o bloqueio aos picos de GnRH pelo hipotálamo, o que leva ao retorno do proestro.[3]
Anestro
[editar | editar código-fonte]Por fim, a porca como uma espécie poliéstrica não-estacional, pode apresentar anestro, ou interrupção da ciclicidade, em apenas três condições: gestação, lactação ou doenças concomitantes. O anestro lactacional na porca é o mais marcante dentre as espécies domésticas, visto que a fêmea não retornará à reprodução durante o período de aleitamento. O estímulo de sucção nas glândulas mamárias promovido pelos leitões bloqueia a secreção de GnRH pelo hipotálamo e de LH pela hipófise e, consequentemente, o inibe o crescimento folicular e ovulação. Após o desmame, o bloqueio cessa e a porca retorna ao estro em cerca de 5 a 10 dias.[3]
Fatores que afetam o ciclo estral
[editar | editar código-fonte]A apresentação dos ciclos estrais é natural e impreterível. No entanto, pode ser afetada por fatores ambientais como o fotoperíodo, e fatores específicos do indivíduo como a sociabilidade e amamentação, além dos fatores de manejo como a nutrição e a endocrinologia (hormônios).[4]
Fotoperíodo
[editar | editar código-fonte]O fotoperíodo é determinado pelo número de horas de luz do dia ao longo do ano e é considerado um dos fatores ambientais mais consistentes e repetíveis. A quantidade diária de horas-luz tem maior efeito nas espécies sazonais para determinar o início da atividade reprodutiva.[4]
Amamentação
[editar | editar código-fonte]Em espécies como suínos e bovinos de corte, o anestro pós-parto é mantido pelo estímulo que a prole exerce sobre a mãe no momento da amamentação. Dessa forma, sob esses estímulos a fêmea deixará de apresentar cio enquanto estiver alimentando as crias. O mecanismo pelo qual a amamentação afeta a atividade reprodutiva está relacionado a um aumento da sensibilidade do hipotálamo ao efeito inibitório do estradiol. Nisso intervêm os fatores como os opioides (endorfinas, encefalinas e dinorfinas) e os glicocorticoides.[4]
Nutrição
[editar | editar código-fonte]A função reprodutiva depende da existência de um consumo de energia superior ao necessário para manter as funções fisiológicas essenciais do corpo e as funções de produção, como termorregulação, locomoção, crescimento, manutenção celular ou lactação. Considera-se que o efeito da nutrição na atividade reprodutiva é maior nas fêmeas do que nos machos, devido a uma maior demanda de energia exigida pelas fêmeas para manter uma gestação do começo ao fim. Quando o consumo de energia é insuficiente, a função reprodutiva é bloqueada para não comprometer as funções vitais. Desta forma, os animais pré-púberes que sofreram deficiências nutricionais durante o seu crescimento apresentam um atraso no início da sua atividade reprodutiva.[4]
Efeitos independentes de gonadotropinas
[editar | editar código-fonte]A importância das gonadotropinas no crescimento e maturação folicular. Além disso, , existem outros fatores que podem intervir na regulação do desenvolvimento folicular e da ciclicidade, a exemplo o flushing: manejo nutricional que consiste na suplementação de uma fonte energética de rápida absorção, em que o aumento do número de folículos em desenvolvimento tem inicialmente um controle independente do eixo hipotálamo-hipófise-gonodal e é mediado por fatores que participam do controle do metabolismo energético do animal, que estão intimamente relacionados às mudanças nutricionais. Esses fatores incluem insulina, fator de crescimento semelhante à insulina I (IGF-I) e hormônio do crescimento (GH). Outro fator que interfere na manifestação da atividade reprodutiva é a quantidade de gordura corporal.[4]
Fatores sociais (sociabilidade)
[editar | editar código-fonte]Existem diferentes interações sociais que são capazes de modificar o início da atividade reprodutiva durante o período de transição para a puberdade ou para a estação reprodutiva, ou ainda de sincronização e manifestação dos ciclos estrais. Entre os fatores sociais o efeito fêmea-fêmea foi bem documentado em pequenos ruminantes, onde a introdução de fêmeas ciclando (em cio) a um grupo de fêmeas em anestro estacional adianta a estação reprodutiva induzindo e sincronizando a ovulação. Quando as porcas pré-púberes, por outro lado, são alojadas em pequenos grupos de dois ou três animais, o início da puberdade é retardado em comparação com indivíduos alojados em grupos maiores. A bioestimulação das fêmeas através do contato com um macho é conhecida como efeito macho. Foi determinado que imediatamente após a introdução do macho se inicia o desenvolvimento e maturação folicular como uma resposta a um aumento na secreção de LH.[4]
Estresse
[editar | editar código-fonte]O estresse pode bloquear a ciclicidade, devido ao aumento nas concentrações de corticosteroides ou opioides que causam redução na resposta da hipófise ao GnRH. Alojamentos inadequados, um ambiente social adverso e deficiências no manejo são considerados condições estressantes.[4]
Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ Frare, A. L.; PONTILI, A. D.; BINI, D.; JACOBOVSKI, D. A.; TEIXEIRA, E.; MALHERBI, G.; MEIRELLES, C (2013). «CICLO ESTRAL EM SUINOS». Paraná: Faculdade Assis Gurgacz. Academia. Consultado em 18 de julho de 2022
- ↑ Pradieé, Jorgea. «Ciclo estral» (PDF). Universidade Federal de Pelotas. WordPress Institucional. Consultado em 18 de julho de 2022
- ↑ a b c d e f g h i j k l Moya, Carla Fredrichsen; Secco, Paula Magnabosco (2 de abril de 2020). «ANATOMIA E FISIOLOGIA REPRODUTIVA DA FÊMEA SUÍNA: UMA REVISÃO». Editora Científica Digital Ltda.: 42–55. doi:10.37885/210203125. Consultado em 18 de julho de 2022
- ↑ a b c d e f g I. C. da Silva, Emanuel (2020). «Fisiologia e manipulação do ciclo estral dos bovinos da raça curraleiro Pé-Duro». Instituto Agrônomo de Pernambuco. ResearchGate. Consultado em 18 de julho de 2022