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Miguel Manoel Pereira da Natureza - Príncipe Natureza[editar | editar código-fonte]

Miguel Manoel Pereira da Natureza foi um príncipe africano traficado para o Brasil na primeira metade do XIX, e que se tornou africano liberto antes do 13 de maio de 1888. Após ser comprado por frades e alfabetizado por frades, comprou a sua liberdade ainda na primeira metade do XIX, passado a publicar em jornais e periódicos cariocas, e promover diversas conferências públicas em teatros do Rio de Janeiro.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Miguel Manoel Pereira da Natureza teria pisado pela primeira vez em solo brasileiro em dezembro de 1832, desembarcando na praia de D. Manuel, no Rio de Janeiro. Em seguida, apesar de Leis proibitivas do tráfico de escravizados vindos de África, como a Lei Bill Aberdeen e a Lei Eusébio de Queiros foi comprado como escravo pelos frades do Mosteiro de São Bento, onde teria sido alfabetizado no português e no latim.

Entre 1853 e 1854 teria comprado sua liberdade e sido empregado no arsenal da marinha imperial pelo então Visconde de Inhaúma, Joaquim Jose Ignácio. Entre 1869 e 1880, Miguel Manoel Pereira da Natureza publicou à pedido diversas notas nos maiores jornais do Rio de Janeiro como o "Gazeta de Notícias", "Jornal do Comércio" e "Gazeta Mercantil", apesar de sua condição de ex-escravizado africano, frente ao forte discurso antiafricano presente no Brasil. Suas notas versavam sobre um vasto campo de temas, desde a crise do Estado Monárquico versus a Igreja; a Revolta do Vintém até o rumo dos Voluntários da Pátria e a seca no Ceará.

Segundo autores como Alexandre José de Alexandre José de Mello Moraes Filho em Festas e Tradições Populares do Brasil (1901) o Príncipe Natureza, chegou a se colocar como inimigo intransigente e irreconciliável dos portugueses, em razão de terem lhe privado de sua soberania e reinado em África. Para outros como Barreto Filho e Hermeto Lima, Miguel não passava de um negro qualquer que a população decidiu zombar. Complementam ainda que o título de “príncipe”, ostentado por Miguel, não passava de uma piada feita às suas custas, partindo de um documento forjado que lhe teria sido entregue. Entretanto, não houve uma conferência na qual Miguel não se apresentasse como príncipe e ostentasse suas condecorações e lotasse os teatros.

Príncipe Natureza, em suas publicações também anunciava as datas, horários, locais e temas abordados em suas conferências públicas. Até onde é possível rastrear, suas conferências públicas teriam sido iniciadas em 1877 e se estendido até 22 de agosto de 1880, quando apresentou um lapso de pouco mais de um ano, junto das suas publicações. Esse lapso foi interrompido quando em 12 de abril de 1881 lançam nota de seu sepultamento, que teria ocorrido em 09 de abril do mesmo ano.

"– Descansa em paz, desgraçado príncipe: antes o repouso da morte do que a vida que vivias. Projetos de riqueza, domínio e felicidade, tudo foi sempre para ti um sonho. Roubaram-te, escravizaram-te, trocaram-te o cetro por um cabo de vassoura. […] Se algum dia os teus descendentes vierem ao Brasil procurar os teus restos para juntar aos teus maiores, com as honras devidas, hão de ver que ao menos houve um brasileiro que soube compadecer-se da tua desgraça, que soube fazer-te justiça."

Luiz Fernandes - Folhetim do Fluminense

Referências[editar | editar código-fonte]

[1] [2] [3] [4]

  1. Alexandre José de Mello Moraes Filho. Festas e Tradições Populares do Brasil (1901). Disponível em: https://www2.senado.leg.br/bdsf/item/id/1061 Festas e Tradições Populares do Brasil
  2. Barreto Filho e Hermeto Lima: http://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_obrasraras/or700326/or700326.pd
  3. Gazeta de Notícias: http://bndigital.bn.br/acervo-digital/gazeta-noticias/103730
  4. Príncipe natureza e as artes da liberdade no Rio de Janeiro do século XIX: https://www.geledes.org.br/principe-natureza-e-as-artes-da-liberdade-no-rio-de-janeiro-do-seculo-xix/