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Usuário(a):Biasandrine/Testes

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Henrique Manzo (São Bernardo do Campo, 27 de dezembro de 1896São Paulo, 1982) foi um pintor, desenhista, restaurador e cenógrafo brasileiro. Ele foi um importante pintor paulista. O artista trabalhou também como cenógrafo, desenhista e restaurador. Trabalhou principalmente sobre as encomendas do antigo diretor do Museu Paulista, Affonso de Escragnole Taunay, que selecionou uma série de fotografias de Militão Augusto de Azevedo, e delegou ao artista o trabalho de reproduzir as fotografias em pinturas das principais cenas paulistanas do séculos XIX. [1] Manzo pintou muitas cenas de fazendas, retratos e cenas alegóricas, a partir de fotografias. Como restaurador, trabalhou no Museu Paulista, ainda sobre a direção de Affonso Taunay. [2]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Henrique Manzo nasceu em 1896, em São Bernardo do Campo (SP) e faleceu em 1982. Matriculou-se em 1913, no Liceu de Artes e Ofícios, de São Paulo, no Curso de Artes Plásticas e em 1917 formou-se na instituição. Nesse mesmo ano expôs e obteve medalha de bronze. Em 1918 passou um ano no Rio de Janeiro onde realizou exposições no Salão Nacional de Belas Artes. [2]

Em 1922 foi convidado por Affonso de Taunay para ajudar a compor as obras do Museu Paulista em comemoração ao centenário da Independência. O projeto tinha o objetivo de montar exposições voltadas para a reconstituição arcaizante do passado urbano de São Paulo. Grande parte das obras foram encomendadas a partir de fotos do século passado. [2] Sobre a direção de Affonso Taunay foram duas obras foram produzidas por Henrique Manzo: Panorama de São Paulo em 1870 e Tríptico de São Paulo visto da Várzea do Carmo em 1941.[3]

Henrique Manzo foi um dos artistas que, em comemoração ao Centenário da Independência, teve suas obras encomendadas em 17 de maio de 1920. A constituição da “memória paulista” mobilizou os artistas a adequarem o gênero de suas obras às regras da moda e do tempo. [4] Henrique Manzo foi convidado a realizar os quadros juntamente com os artistas Benedicto Calixto de Jesus, Jonas de Barros, Nicola Petrilli, Berthe Adams Worms e José Wasth Rodrigues. [5]

Em 1924 o artista expôs o quadro Convalescente no SNBA e foi premiado. [6]

Quando Henrique Manzo regressou a São Paulo, continuou enviando suas pinturas para o Salão Nacional, onde obteve duas premiações. Em 1938 realizou a primeira exposição individual, que contou com 76 trabalhos, entre eles paisagens do Rio de Janeiro, São Paulo, Portugal, Santos e natureza morta. Na Galeria Prestes Maia, em 1948, Henrique Manzo realizou outra exposição individual com 101 trabalhos. [6]

Em 1964 recebeu uma pequena medalha de ouro. Foi em 1964 também que inaugurou em sua propriedade a Galeria Narcisa, onde o artista também morava. [2]

O artista também atuou como como pintor e restaurador do Museu Paulista da Universidade de São Paulo (conhecido como Museu do Ipiranga). [1] Henrique Manzo responde por cerca de 27 retratos no Museu Republicano. Isso significa que juntamente com Oscar Pereira da Silva, os artistas respondem por um terço das obras do acervo. [7]

Foi retratado em um quadro do pintor Benedito José Tobias (Retrato de Henrique Manzo, óleo sobre madeira, 48 x 55 cm, s/d).

Primeira Exposição Geral de Belas-Artes[editar | editar código-fonte]

Henrique Manzo fez parte da comissão organizadora da exposição, que contou também com Vicente Larocca, José Cordeiro, Pedro Corona e Waldemar Belisário. Os membros desse grupo criaram a Sociedade de Belas Artes de São Paulo e conseguiram depois de muitos anos deixar de lado as rivalidades dos paulistas e unir grupos que eram isolados. A exposição foi inaugurada em 7 de setembro de 1922, no Palácio das Indústrias, e contava com 279 trabalhos, sendo 270 pinturas e nove esculturas. Entre os 54 artistas que participaram do evento, 35 eram brasileiros e de origem italiana, 14 italianos, 1 grego, 1 francês, 1 suíço, 1 argentino e 1 japonês. [6]

Ainda se tratando sobre Exposição de Belas-Artes, Henrique Manzo foi o idealizador do 13 catálogo da exposição em São Paulo. O material foi assinado pelo pintor na capa e apresenta soluções originais e criativas. Os traços, as cores e a variação de paletas que mesclam com o fundo, são os principais destaques. Assim como outros catálogos, a ideia do artista foi realizar um material sem transmitir uma mensagem direta sobre a mostra e os artistas que estarão presentes com seus trabalhos. [8]

Galeria Narciza[editar | editar código-fonte]

Instaurada no pico do Jaraguá, na zona oeste, a Galeria Narciza foi formada nos anos 60 pelo pintor Henrique Manzo, em oito de maio de 1964[6], e é mantida intacta pelos parentes como foi deixava pela artista. O local, que também era a sua residência possui mais de 150 obras e alguns móveis desenhados por Manzo. Até mesmo as paredes foram pintadas pelo artista, se assemelhando a papéis de parede.[9]

Há alguns quadros na galeria que registram o crescimento do bairro, como por exemplo, o quadro “Nuvem sobre o Jaraguá”, que mostra o bairro antes da civilização, antes das antenas e de todo o movimento da região.[9]

A casa também conserva o ateliê do pintor, com várias telas, a cadeira onde sentava, a cama onde ficavam as musas, os pinceis e as tintas guardadas há mais de 50 anos em um armário.[9]

Além disso, a galeria conserva o primeiro livro de presença, onde os visitantes assinavam o próprio nome quando visitavam o local.[9]

Obras[editar | editar código-fonte]

Manzo teve importante atuação como retratista do Museu do Ipiranga e do Museu Republicano.[7] No Museu Republicano, a Galeria dos Republicanos Históricos e a Galeria dos Convencionais dividiam o mesmo espaço e a escolha dos retratos expostos no local era decidida pela posição política ocupada na sociedade. Manzo realizou o maior número de quadros para esse acervo.[10]

Panorama de São Paulo[editar | editar código-fonte]

Panorama de São Paulo, 1870, Acervo do Museu Paulista da USP

Panorama de São Paulo organiza-se a partir de uma litogravura de Jules Martins, o quadro de Henrique Manzo possui as dimensões de 105,5 x 231 cm e representa a ideia de vista da cidade paulista, a partir do ponto de vista panorâmico e através da família em primeiro plano, à esquerda, onde um homem que possui uma luneta está no alto de um morro e avista a cidade, cheia de torres de igrejas. [3]

O plano médio do quadro é composto pela Várzea do Carmo, composta por um vasto gramado de árvores enfileiradas. Além disso, nota-se a presença de água través do Rio Tamanduateí, sobre o qual foram construídas pontes. No primeiro plano da imagem, à direita, há uma locomotiva com inúmeros vagões e em frente a um deles, a figura de um tropeiro, provavelmente sugerida por Taunay, está presente. As dimensões da locomotiva com o homem montado a cavalo trazem ao quadro as tensões que envolvem o rural e urbano. [3]

Os personagens ainda presentes na obram realçam os tipos humanos da sociedade daquela época, como por exemplo, a senhora que está ainda no primeiro plano e que veste um vestido longo e segura uma sombrinha e um homem que segura uma cartola e um fraque. Além disso, as vestimentas das crianças lembram roupas de adultos daqueles anos.

A encomenda, por Affonso Taunay, por óleos sobre tela que retratassem a paisagem de São Paulo retratam a tentativa de preservação dessa paisagem, apesar desse local ter sido transformado em um parque público. [3]

Tríptico de São Paulo[editar | editar código-fonte]

Nessa obra de 170 x 635 cm, Henrique Manzo retratou o Parque Dom Pedro II, que na pintura ocupa todo o quadrante inferior da imagem e funciona como um ornamento da cidade. A pintura possui como ícone os arranha-céus, o que faz associa-lá ao repertório de paisagem difundido no final do século XIX, elegendo a vida moderna e o urbano como os principais motivos para serem fotografados. [3]

A vista panorâmica mantém-se também nesse quadro, onde é possível observar em ambas extremidades áreas que sofreram demolições, como é o caso do edifício Guarany e a Igreja do Carmo. Diferentes das demais pinturas sobre a Várzea do Carmo, esta em específico representa as igrejas com um papel menor e que estão encobertas por arranha-céus. Essa situação permite enxergar que as batidas dos sinos das igrejas não determinavam mais o ritmo da vida daquela sociedade mais, mas ao contrário, a vida moderna ganhou outro compasso, sinalizado, por exemplo, pelo Edifício Senador Paulo Abreu, que possui um relógio, na extremidade direita do tríptico. [3]

Ao pé do Edifício Martinelli, está o Palacete Nacim Schoueri, que aliado ao parque representado no quadro, mostram que a cidade de São Paulo possui diversas funções, um atributo considerado positivo para aquela sociedade capitalista que estava se desenvolvendo. A metrópole moderna retratada pelo pintor Henrique Manzo identifica o crescimento vertical da cidade, evidenciando a sua densa urbanização. [3]

Cafezal da Fazenda Ibicaba[editar | editar código-fonte]

Cafezal da Fazenda Ibicaba, 1850, Acervo do Museu Paulista da USP

Esse óleo sobre tela de Henrique Manzo está exposto no Museu Paulista da Universidade de São Paulo e levanta a importância sobre a riqueza dos corredores florestais. Uma das importâncias sobre a imagem desses corredores é a redução dos efeitos negativos da perda e da fragmentação dos habitats sobre a biodiversidade. A tela do artista traz à tona também a importância da Fazenda Ibicaba na plantação de café, na imigração de portugueses e alemães, no uso do arado em terras brasileiras, no uso das carroças e no uso do maquinário a vapor. [11]

O artista ainda produziu mais duas telas sobre a Fazenda, que datam os anos de 1845 e 1876, ambas utilizam a técnica de pintura a óleo. [12]

Participação no teatro[editar | editar código-fonte]

No teatro realista de São Paulo, os telões de fundo eram confeccionados por pintores-cenógrafos, como é o caso de Henrique Manzo. Juntamente com o artista, trabalharam também Rômulo Lombardi e Juvenal Prado, que executavam habilidades diferentes, entre elas: casas de campo, ambiente modestos, salões, galerias, varandas e jardins de inverno. [13]

Referências

  1. Feijó, Marcelo (Junho, 2003). «A Memória de São Paulo nas Fotografias de Militão Augusto de Azevedo e Guilherme Gaensly». Revista CET 
  2. a b c d Lima, Solange Ferraz de; Carvalho, Vânia Carneiro de (00/1993). «Ancient São Paulo, modernity's commission: Militão's photographs as models for oil paintings at the Museu Paulista». Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material. 1 (1): 147–178. ISSN 0101-4714. doi:10.1590/S0101-47141993000100012  Verifique data em: |data= (ajuda)
  3. a b c d e f g Ribeiro, Vanessa Costa (2012). «Várzea do Carmo a Parque Dom Pedro II: de atributo natural e artefato - Décadas de 1890 a 1950» 
  4. Simioni, Ana Paula Cavalcanti (October 2002). «Between conventions and discreet daring: Georgina de Albuquerque and the historical feminine painting in Brazil». Revista Brasileira de Ciências Sociais. 17 (50): 143–159. ISSN 0102-6909. doi:10.1590/S0102-69092002000300009  Verifique data em: |data= (ajuda)
  5. Bastos, Sênia (Julho de 2006). «IV SEMINÁRIO DE PESQUISA EM TURISMO DO MERCOSUL» (PDF). Consultado em 14 de outubro de 2017 
  6. a b c d Tarasantchi, Ruth Sprung (2002). Pintores paisagistas: São Paulo, 1890 a 1920. [S.l.]: EdUSP. ISBN 9788531405983 
  7. a b Martins, Mariana Esteves (16 de março de 2012). «A formação do Museu Republicano Convenção de Itu (1921-1946)». USP 
  8. Souza, Andrea (Janeiro de 2013). «O design dos catálogos de exposições de arte em São Paulo entre 1912 e 1950» (PDF). Universidade Anhembi Morumbi 
  9. a b c d SP1 | Galeria de obras de Henrique Manzo está fechada há 15 anos | Globo Play, consultado em 26 de outubro de 2017 
  10. Oba, Rosana (2006). Universidade de São Paulo: seus reitores e seus símbolos ; um pouco da história. [S.l.]: EdUSP. ISBN 9788531409677 
  11. Ernesto, Carlos (2010). «O valor de corredores florestais para a conservação de aves em paisagens fragmentadas». Universidade São Paulo 
  12. «Lista de pinturas de Henrique Manzo no Museu Paulista». Wikipédia, a enciclopédia livre. 7 de novembro de 2017 
  13. Carvalho, Marcelo Dias de (2009). «A Constituição de coleções especializadas em artes cênicas: do imaterial ao documental». Universidade de São Paulo 

Ver também[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Categoria:Naturais de São Bernardo do Campo Categoria:Desenhistas de São Paulo Categoria:Mortos em 1982