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Usuário(a):CarolinaRodrigues98/Testes

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Como ler uma infocaixa de taxonomiaTrichoptera

Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Arthropoda
Subfilo: Hexapoda
Classe: Insecta
Superordem: Amphiesmenoptera
Ordem: Trichoptera
(Kirby, 1813)
Subordem: Annulipalpia

Spicipalpia
Integripalpia

Distribuição e habitat[editar | editar código-fonte]

A ordem Trichoptera é uma das maiores ordens de insetos aquáticos conhecida, apresentando uma das mais altas diversidades e abundâncias em ambientes de águas movimentadas.[1]A ordem Trichoptera compreende uma das mais diversas e abundantes ordens dentre todos os grupos de insetos aquáticos. Estes insetos estão geralmente associados a cursos de água, sendo que as larvas podem ser encontradas em rios e lagos de todo o mundo e exercem importante papel na cadeia trófica do ambiente que habitam[2].

Apresenta distribuição cosmopolita e conta aproximadamente 14,548 espécies viventes e pouco mais de 15233 descritas no mundo[3]

Grande parte da diversidade biológica dos Trichoptera é revelada ao nível de família. Cerca de 45 famílias existentes são reconhecidas no mundo e 26 delas estão representadas na América do Norte[4]. Só não há registros de Trichoptera na Antártida[3].

No Brasil o número de espécies de Trichoptera registradas é de 656, sendo encontrados 70 gêneros e 16 famílias.O estado de Minas Gerais é o que apresenta maior diversidade, com 177 espécies.[5]

Ecologia[editar | editar código-fonte]

Alimentação[editar | editar código-fonte]

O comportamento alimentar de insetos aquáticos, em geral, pode ser  classificados em cinco grupos funcionais: detritívoros, trituradores,  filtradores, herbívoros e predadores.[6]

Os tricópteros possuem uma grande diversidade de hábitos alimentares e são importantes elos nas transferências de energia dentro dos ecossistemas lóticos, exercendo importante papel na cadeia trófica do ambiente que habita. Como as larvas de Lepidoptera, que são predominantemente terrestres, as larvas de Trichoptera, que são, com algumas poucas exceções, aquáticas, possuem hábito alimentar detritívoro[2]

Comportamento predador pode ser encontrado  em larvas de Orthotrichia , Hydropsyche, Polycentropus e Oecetis e filtrador em algumas espécies de Brachycentrus e herbívoro em Micrasema, Anisocentropus e Triaenodes.[7]Já as larvas da família Odontoceridae são onívoras, mas as de 4° e 5° estágios são consideradas predadoras[8]

Em virtude dessa diversificação de hábitos alimentares, esses organismos podem viver tanto em pequenas nascentes como em grandes rios.

Relação com os humanos[editar | editar código-fonte]

Bioindicadores:[editar | editar código-fonte]

A abundância de algumas espécies varia de acordo com as mudanças ambientais, espécies que respondem às mudanças ambientais é conhecida como bioindicadores e são muito úteis em programas de avaliação ambiental.

Trichoptera junto com Efémeros e Plecópteros são os grupos de insetos aquáticos mais utilizados em programas de avaliação de ambientes aquáticos, principalmente devido à sua alta riqueza, diversidade ecológica e pela sua abundância em vários tipos de habitats aquáticos, especialmente nos sistemas lóticos. Os Trichoptera são muito sensíveis a mudanças físicas e químicas de ambientes aquáticos, tornando-os ótimos bioindicadores de qualidade de ambientes aquáticos.[9]

Arte

Uma das características mais marcantes dos Tricópteros é a confecção dos abrigos feitos por larvas de algumas espécies. A produção dessas estruturas envolve a secreção de seda e incorporação de vários materiais encontrados no ambiente. A produção artística e exploração comercial  envolve justamente tal característica, o artista Hubert Duprat disponibiliza para as larvas materiais diversos, como folhas de ouro e pedras preciosas e os animais trabalham na confecção de abrigos que serão posteriormente vendidos como jóias.[10]

Forma de vida[editar | editar código-fonte]

Abrigos fixos ao substrato[editar | editar código-fonte]

Na subordem Annulipalpia, desde os estágios iniciais, as larvas constroem abrigos tubulares fixos ao substrato. A estratégia ecológica dos construtores é aproveitar a energia da água para que sejam transportados partículas alimentares até o local onde se encontram. Desta forma, a energia gasta no forrageamento é conservada, e os riscos de predação são reduzidos.[11]

Em algumas famílias (Hydropsychidae e Philopotamidae), há um aumento de complexidade na obtenção de alimentos pois estas acrescentam redes de seda para filtrar partículas. Hydropsychidae apresenta um comportamento interessante: os indivíduos pertencentes a esta família, enquanto em seu estágio imaturo, possuem pequenos territórios submersos bem definidos onde constroem suas redes filtradoras. Neste caso, as larvas comunicam-se e defendem seus territórios através de sons de estridulação produzidos por estrias na porção ventral da cabeça, em atrito com o fêmur da perna dianteira.[12]

Abrigos Portáteis[editar | editar código-fonte]

Os Tricópteros são muito conhecidos pelos abrigos portáteis criados por suas larvas. Há uma grande diversidade na forma desses abrigos, alguns sendo muito específicos, como o de Helicopsyche, que são confeccionados com grãos de areia e seda, em forma de caracol (característica essa que, no passado, levou esta e algumas outras espécies de Helicopsychidae a serem descritas como se fossem moluscos, gastrópodes), ou os de Oecetis, construídos com pequenos fragmentos vegetais sobrepostos de forma quadrangular, embora possam ter outros padrões. Mas apesar da alta especificidade dos abrigos formados e de em alguns casos ser possível identificar a espécie pelo abrigo [13], deve-se evitar a identificação baseada somente no abrigo, já que algumas espécies utilizam abrigos abandonados de outras espécies, ou têm abrigos similares (Marilia e Oecetis, Nectopsyche e Phylloicus).[8]

O abrigo portátil é uma estrutura tubular, feita de seda secretada pelas glândulas salivares perto da boca da larva, e é iniciado logo após a eclosão dos ovos. Vários materiais, como grãos de areia, fragmentos de rochas, folhas e conchas de moluscos, podem ser incorporados em sua estrutura como reforços.[14]

Redes[editar | editar código-fonte]

As larvas de outras espécies de Tricópteros fazem redes em vez de abrigos[14]. Estas são teias de seda que se estendem entre a vegetação aquática e sobre pedras. A estratégia ecológica evolve aproveitar a energia da água para que sejam transportados partículas alimentares até o local onde se encontram.

Morfologia[editar | editar código-fonte]

As larvas de Trichoptera possuem o corpo dividido em três regiões, denominadas de tagmas, as quais consistem na cabeça, no tórax e no abdômen. Cada uma destas regiões é responsável por determinada função do organismo[15].Na cabeça, região bastante esclerotizada, há antenas muito reduzidas e peças bucais mandibulares bem desenvolvidas[16].No tórax, encontram-se três pares de apêndices pouco modificados relacionados com a locomoção [15][17].Já o abdômen, que possui a maioria dos segmentos, geralmente 10 [16], abriga os órgãos viscerais [15] e pode possuir segmentos contendo guelras envolvidas como o sistema circulatório, além de possuir um par de apêndices similares a ganchos no último segmento abdominal [17].

Com relação aos adultos, estes são insetos de pequeno a médio porte. Na região cefálica, apresentam longas antenas (frequentemente tão longas quanto as asas), palpos maxilares e labiais bem desenvolvidos, podendo também apresentar haustelo proeminente (estrutura esponjosa responsável pela ingestão de líquidos [2]), e mandíbulas muito reduzidas[18] Ainda nesta região, encontram-se grandes olhos compostos e, quando presentes, dois ou três ocelos [17][2]. No tórax, estão presentes apêndices para locomoção e dois pares de asas bem desenvolvidos. As asas, assim como grande parte do corpo, são geralmente recobertas por cerdas. No abdômen, o qual contém em média 10 segmentos, há segmentos genitais [2].

Formas de Identificação[editar | editar código-fonte]

Os tricópteros são insetos de pequeno a médio comprimento, podendo variar de 1 a 50mm. A coloração da maioria das espécies é pouco exuberante, apesar de alguns grupos apresentarem coloração chamativa[19], como os adultos de algumas espécies do gênero Macrostemum, que são geralmente reconhecidos pelo forte contraste de cores encontrado nas suas asas anteriores [20].

Uma característica diagnóstica dos tricópteros é a presença de cerdas (“pêlos”) em suas asas. Assim, apesar de assemelhar-se com as mariposas (Lepidoptera) quanto ao seu aspecto geral, estas possuem, diferentemente dos tricópteros, asas recobertas por escamas .[21][22]Dessa forma, a presença de cerdas nas asas pode ser utilizada como uma característica para diferenciar a ordem Trichoptera da ordem Lepidoptera.

Para a identificação de famílias, os principais caracteres utilizados são: forma da cabeça; a posição e o comprimento das antenas; a morfologia e o comprimento das peças bucais; o grau de esclerotização dos segmentos do tórax (protórax, mesotórax e metatórax); a diferenciação morfológica dos artículos das pernas (coxa, trocânter, fêmur, tíbia, tarso e garra tarsal); o comprimento e a forma das pernas abdominais anais, assim como de se seus ganchos e a morfologia e a posição das brânquias abdominais. [22][23]

Ademais, os abrigos produzidos pelas larvas podem auxiliar na identificação de famílias ou até mesmo de gêneros. Contudo, é necessário atentar-se ao fato de que há espécies que podem utilizar os abrigos abandonados de outras espécies (como as do gênero Marilia e Oecetis) ou apresentar abrigos similares (como Nectopsyche e Phylloicus)[22] [8]

Evolução e Adaptação do grupo[editar | editar código-fonte]

Fósseis[editar | editar código-fonte]

O registro fóssil de Trichoptera é extenso,  com 608 espécies extintas, bem como 7 famílias e 85 gêneros sendo inteiramente composto por fósseis. Fósseis mais antigos, do início do Jurássico e Triássico, apresentam uma séria dificuldade de colocação nos grupos existentes e, possivelmente representam linhagens ancestrais para Trichoptera, Lepidoptera ou Amphiesmenoptera.[24]

  1. Yokoyama, Elisa (2008). «Distribuição de Trichoptera Kirby, 1813 (Insecta) em riachos de Mata Atlântica da Serra de Paranapiacaba, Estado de São Paulo, Brasil» 
  2. a b c d e Holzenthal, Ralph W.; Blahnik, Roger J.; Prather, Aysha; Kjer, Karl (2010). «Trichoptera. Caddisflies. Version 20 July 2010 (under construction)». The Tree of Life Web Project. Consultado em 14 de maio de 2018 
  3. a b «Trichoptera World Checklist». Consultado em 25 de maio de 2018 
  4. Wiggins, Glenn B. (2004). Classification.” Caddisflies: The Underwater Architects. London: University of Toronto Press. p. 103–106 
  5. «Checklist of the caddisflies of Brazil». Brazilian Caddisflies. Consultado em 22 de maio de 2018 
  6. Merritt, Richard W.; Cummins, Kenneth W. (eds.). An Introduction to the Aquatic Insects of North America 3ª edição ed. [S.l.: s.n.] 
  7. WEAVER, J. S; Morse, J. C (1986). «Evolution of feeding and case-making behavior in Trichoptera» 5 ed. J. N. Am. Benthol. Soc.: 150-158 
  8. a b c Hamada, Neusa; Nessimian, Jorge Luiz; Querino, Ranyse Barbosa (2014). Insetos aquáticos na Amazônia brasileira : taxonomia, biologia e ecologia. Manaus: Editora do INPA. pp. 391 – 403 
  9. Pereira, Lilian R.; Cabette, Helena S. R.; Juen, Leandro (2012). «Trichoptera as bioindicators of habitat integrity in the Pindaíba river basin, Mato Grosso (Central Brazil)» (PDF). Consultado em 25 de maio de 2018 
  10. JOBSON, CHRISTOPHER (2014). «Artist Hubert Duprat Collaborates with Caddisfly Larvae as They Build Aquatic Cocoons from Gold and Pearls». Consultado em 25 de maio de 2018 
  11. Wiggins, Glenn B. (2007). «Caddisflies: Architects Under Water». Consultado em 13 de maio de 2018 
  12. «Tricópteros e Lepidópteros». Planeta dos Invertebrados. 2016. Consultado em 13 de maio de 2018 
  13. Spellman, Frank R. (2008). «Ecology for Nonecologists.». Rowman & Littlefield. p. 159 - 160. Consultado em 13 de maio de 2018 
  14. a b «Caddis Flies (Trichoptera)». Life in Freshwater. Consultado em 13 de maio de 2018 
  15. a b c Calor, A.R (2007). «Trichoptera. In: Guia on-line de Identificação de larvas de Insetos Aquáticos do Estado de São Paulo.» (PDF). Consultado em 14 de maio de 2018 
  16. a b Spellman, F. R (2003). Handbook of water & wastewater treatment plant operations 1ª edição ed. Florida: CRC Press LLC 
  17. a b c Gullan, P.J; Cranston, P.S. The insects: an outline of entomology 3ª edição ed. [S.l.: s.n.] 
  18. Triplehorn, C.A; Johnson, N.F (2005). Borror and Delong's Introduction to the Study of Insects 7ª edição ed. [S.l.]: Belmont: Brooks/Cole, a division of Thomson Learning 
  19. Rafael, J. A., et al. Insetos do Brasil: Diversidade e Taxonomia. Ribeirão Preto :Holos, Editora, 2012.
  20. França, D. D. B. S. Taxonomia de Macrostemum Kolenati, 1859 (Trichoptera: Hydropsychidae) da Região Neotropical. Dissertação (mestrado em zoologia) - Instituto de Biologia, Universidade Federal da Bahia. Salvador, 2012.
  21. HOLZENTHAL, R. W.; BLAHNIK, R. J.; PRATHER, A. L.; KJER, K. M. Order Trichoptera Kirby, 1813 (Insecta), Caddisflies. In: Zhang, Z. Q. & Shear, W. A. (Eds.), Linnaeus Tercentenary: Progress in Invertebrate Taxonomy. Zootaxa, n.1668, p.639- 698, 2007.
  22. a b c Calor, A.R (2007). «Trichoptera. In: Guia on-line de Identificação de larvas de Insetos Aquáticos do Estado de São Paulo.» (PDF). Consultado em 24 de maio de 2018 
  23. Triplehorn, C.A. & Johnson, N.F. Borror and Delong's Introduction to the Study of Insects: 7. ed. Belmont: Brooks/Cole, a division of Thomson Learning, 2005
  24. Malm, Tobias; Johanson, Kjell Arne; Wahlberg, Niklas (1 de julho de 2013). «The evolutionary history of Trichoptera (Insecta): a case of successful adaptation to life in freshwater». Publisher Blackwell Publishing Ltd. Journal Systematic Entomology. 38: 459-473