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Usuário(a):EducomCoc2021/Testes

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Pensando com Janela da Alma

  1. Introdução

Este trabalho propõe a leitura crítica do documentário Janela da Alma, de João Jardim e Walter Carvalho, produzido pelos mesmos juntos de Flávio Ramos Tambellini, disponível no Youtube. O documentário foi produzido em 2001 e traz depoimentos de anônimos e famosos brasileiros e estrangeiros que possuem algum grau de deficiência visual, com o objetivo de propor ao telespectador uma reflexão sobre a subjetividade de cada indivíduo, e como esse espaço íntimo remete a forma  como cada pessoa interpreta o mundo.

  1. Características gerais da ferramenta YouTube.

O YouTube surgiu através de três jovens amigos, Chad Hurley, Steve Chen e Jawed Karim. Em meados de 2004, Hurley queria compartilhar um vídeo que gravou em um jantar na casa de seus amigos, sentindo essa dificuldade Hurley pensou em criar uma ferramenta que subisse vídeos e fosse fácil de compartilhá-los. Em 2015 Hurley se juntou com Chen e Karim, assim no dia 14 de fevereiro do mesmo ano o trio inaugurou o youtube.com. Entretanto, a possibilidade de postar um vídeo foi disponibilizada apenas em 23 de Abril de 2015. O primeiro vídeo da história da ferramenta tem apenas 19 segundos e mostra um de seus fundadores, Hurley, em uma visita a um zoológico da Califórnia.

Em junho do mesmo ano a pequena Startup, até então, teve o 20° postado na plataforma; o vídeo era de dois garotos dublando uma música da banda Backstreet Boys, o vídeo viralizou e teve 6 milhões de visualizações. Daí em diante o YouTube cresceu cada vez mais, e logo empresas começaram a utilizar a ferramenta, a primeira empresa grande a utilizar o Youtube foi a Nike.

Atualmente o Youtube alcança 96% dos internautas do mundo e está disponível em 76 idiomas e possui 88 versões locais em países. No Brasil, a plataforma é o local preferido dos brasileiros para assistir diversos conteúdos.

  1. Análise crítica de Janela da Alma

Muitos de nós sabemos que cada indivíduo tem sua subjetividade, suas características, sua experiência de vida, mas quando paramos para observar as diversas realidades, notamos que vai muito além do que projetamos em nossas mentes. O olhar alheio vê aquilo que não vemos e, enxergar ou não, não impede uma visão de mundo.

Ninguém imagina fazer um ensaio fotográfico com um fotógrafo cego, entretanto, a cegueira não impede que a pessoa exerça a profissão. O documentário: janela da alma, de João Jardim e Walter Carvalho,  traz inúmeros depoimentos de pessoas com algum grau de deficiência visual, um deles é o fotógrafo Eugen Baycar. Completamente cego tirava fotografias únicas com novos ângulos, a cegueira não o impediu de realizar seu trabalho.

Outro ponto peculiar mostrado no documentário é o dom artístico, apesar de conter depoimentos de anônimos, grande parte dos entrevistados pertencem ao mundo artístico, ou seja, o grau de deficiência visual não impediu nenhum deles de desenvolver essas atividades. Nem mesmo escrever é um impasse, José Saramago foi prêmio Nobel de Literatura (1998) e prêmio Camões (1995), o autor inclusive é dono de uma obra que trata de uma cegueira coletiva: Ensaio Sobre a Cegueira (1995). Outro entrevistado no documentário é o músico brasileiro Hermeto Pascoal, que mesmo com problema de visão é multi-instrumentista.

Contudo, o documentário não diz respeito somente a visão do globo ocular, se podemos ou não ver uma porta, nosso reflexo no espelho ou um simples pote de shampoo, ele nos remete a uma reflexão de quem somos, de como enxergamos o próximo, de respeito a diversidade, de entender e conhecer o humano.

Atualmente somos incapazes de ver o simples, somos incapazes de ter emoções e prazer com pouco, isso se deve a superabundância, hoje somos rodeados de informações e imagens que faz com que passemos por cima dos menores, assim perdendo a vontade de entender quem é o próximo, ou seja, nosso olhar é condicionado, não vemos a realidade, só vemos o superficial, perdemos o olhar interior. Usando um pouco da ideia do poeta Antonio Cícero, também entrevistado, se o olho é a janela da alma, nós precisamos olhar para essa janela com outros olhos, o que nós vemos com o globo ocular não é o suficiente para entendermos.

Durante o documentário tem vários exemplos reais de pessoas que não eram enxergadas a fundo, não tinham suas habilidades reconhecidas e prestigiadas. Um deles é o caso da cineasta Marjut Rimminen; em seu depoimento ela diz que a própria mãe olhava para ela deprimida como quem quisesse dizer: coitada de minha filha, que horror. Como se ela fosse um fracasso, como não bastasse esse comportamento desagradável dentro de casa na escola também ele era presente, onde no teatro escolar era há ela designado um papel onde ela ficava embaixo de um pano o tempo todo, como se ela não fosse capaz de fazer outro papel.  Outra parte emocionante é quando a própria relata que após fazer uma última cirurgia para corrigir os olhos vesgos ela esperava que todos reparassem, mas ninguém notou, tudo continuou do mesmo jeito. Esses fatos contribuíram para que Marjut estudasse design gráfico e se tornasse cineasta, assim ela poderia desempenhar todos os papéis que quisesse através da criação e manipulação de personagens.

Para compreender o documentário é necessário fazer um paralelo com a própria imaginação, pois não apenas subjetividades alheias, mas sim subjetividades que nos fazem refletir sobre a visão de mundo.

A fotografia, em muitos momentos, propositalmente desfocada, escurece o ambiente, cria pausas escuras, deixa a imagem em constante movimento como se fosse instável, se distancia e aproxima rapidamente de modo inquieto. Essas características da filmagem podem ser compreendidas como um meio torná-la mais semelhante aos olhares diversos, assim depositando sobre a obra audiovisual um caráter bastante pessoal e íntimo em relação aos entrevistados, estes que portam diferentes graus de deficiência visual, e também aos diretores, que somados os graus de João Jardim e Walter Carvalho obtém-se o resultado de 15 graus e meio. E então, com essa pessoalidade que enriquece o documentário, faz-se claro que o mundo exterior é percebido de inúmeras maneiras distintas e, a partir da polifonia proposta pelo filme, é possível conhecer um pouco de cada uma delas.


Referências Bibliográficas

História do Youtube. Disponível em Blog Hotmart. São Paulo, 20 de maio de 2020.

Janela da Alma. Direção de João Jardim e Walter Carvalho. França, 15 de Setembro de 2004.