Usuário(a):Eligiabarbosa/Fonética
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![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/f/fa/Pronunciation_organs_diagram.png/330px-Pronunciation_organs_diagram.png)
A fonética é o ramo da Linguística que estuda os sons produzidos pela fala humana. Essa área procura estudar todos os sons que os seres humanos são capazes de produzir durante a fala, de maneira que todo som produzido durante a fala é importante para a fonética. [1]
Os Estudos fonéticos[editar | editar código-fonte]
Perspectivas dos estudos fonéticos[editar | editar código-fonte]
A fonética estuda os sons produzidos na fala, mas o modo como estuda-se esse som pode ser diferente. Hayes (2009) apresenta três formas pelas quais a fonética estuda os sons da fala humana, sendo eles:[2]
- Fonética articulatória: essa perspectiva estuda a maneira como o som é produzido, tendo uma visão muito voltada para questões fisiológicas e articulatórias da produção do som, e como o Aparelho fonador trabalha para o som ser produzido. Essa área procura observar, descrever, classificar e transcrever esses sons.[3]
- Fonética acústica: analisa as características físicas dos sons da fala, ou seja, as ondas mecânicas produzidas e como o ouvinte ouve esse som.
- Fonética auditiva: estuda os processos que realiza o receptor na recepção e interpretação da onda sonora, ou seja, é um estudo que procura compreender a percepção da fala.
A produção dos sons da fala[editar | editar código-fonte]
Para a produção dos sons da fala utiliza-se uma parte do corpo humano chamada de aparelho fonador. O aparelho fonador é composto pelo sistema articulatório (Faringe, língua, nariz, palato, dentes, lábios), o sistema fonatório (Laringe) e o sistema respiratório (pulmões, músculos pulmonares, brônquios, traqueia), onde em conjunto esses aparelhos trabalham para que os sons da fala sejam produzidos.
Algo bastante interessante é que nenhum desses órgãos que compreendem o aparelho fonador tem como função primária a produção dos sons, mas fisiologicamente falando são eles, em conjunto, responsáveis pela realização dos sons da fala humana. Um exemplo disso é que o sistema respiratório tem como função primária a respiração. O sistema fonatório, que é onde a laringe fica, tem como função primária evitar que alimentos entrem para os pulmões. E o sistema articulatório está ligado à questões como morder, mastigar, engolir, cheirar e etc.
Os sons da fala[editar | editar código-fonte]
A unidade básica de estudo para a Fonética é o fone, ou seja os sons vocálicos e consonantais encontrados na fala. A fala humana é capaz de produzir inúmeros fones. A forma mais comum de representar os fones pelos linguistas é através do Alfabeto Fonético Internacional (AFI), desenhado pela Associação Internacional de Fonética (I.P.A.). Considerando todas as línguas naturais, Silva (2015) aponta que esses fones são classificados como consoantes e vogais, e em todas as línguas podemos encontrar esses dois tipos de sons.[3]
No I.P.A podemos encontrar todos os sons que já foram encontrados nas línguas estudadas até agora. Há uma separação entre a tabela dos sons consonantais e também dos sons vocálicos. Outro ponto que deve-se perceber é que cada língua tem uma quantidade exata de sons que pertencem a língua, o que significa dizer que existem alguns sons que estão em algumas línguas enquanto que em outras não existem aquele som.
Transcrição fonética[editar | editar código-fonte]
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/5/51/Ipa-chart-consonants-pulmonic.png/469px-Ipa-chart-consonants-pulmonic.png)
Silva (2015) também aponta que para a transcrição dos sons da fala colocamos o símbolo que representa os sons entre [ ], como por exemplo [p], que encontramos ortograficamente representado pelo grafema P.[3] Um exemplo de uma transcrição fonética, no português brasileiro, utilizando o [p] é em [‘pata] - pata quando representado ortograficamente. Um outro exemplo é em [‘kapa], que ortograficamente é capa.[3] Desse modo, esses símbolos entre colchetes são as representações dos sons da fala, interesse de estudo da fonética.[3]
Os sons da fala além de serem classificados como consoantes e vogais possuem também outras classificações. No caso das consoantes, por exemplo, procura-se saber se o modo de articulação (o modo como ar foi obstruindo no trato vocal durante a produção do som), o lugar de articulação (onde olha-se para os articuladores envolvidos para saber onde o som foi produzido no trato vocal) e o grau de vozeamento (para saber se o som é vozeado ou desvozeado, ou seja, se houve vibração ou não das pregas vocais na produção do som).
Assim, quando classifica-se um som consonantal deve-se falar o modo de articulação + lugar de articulação + grau de vozeamento, seguindo essa ordem. Por exemplo:
[p] - Oclusiva bilabial desvozeada
[k] - Oclusiva velar desvozeada
[h] fricativa glotal desvozeada
[z] fricativa alveolar vozeada
[v] fricativa labiodental vozeada
[d] oclusiva alveolar vozeada
Alguns fones são auditivamente próximos entre si a ponto de se tornarem indistinguíveis. Por exemplo, o som de "rr" em alguns dialectos do português do Brasil é realizado foneticamente pela consoante fricativa velar surda (x no AFI). Entretanto, essa pode ser substituída pela consoante fricativa glotal surda (h no AFI) que a palavra que nela estiver continuará a ser reconhecida. A esse fenômeno, dá-se em fonologia o nome de alofonia. Assim, [x] e [h] são alofones do "erre" forte em português do Brasil, ou seja, são realizações diferentes de um mesmo fonema.
Um grupo composto de um fone e seus alofones para os falantes de um idioma é denominado fonema. Deve-se ressaltar que a alofonia entre dois fones é relativa. Por exemplo, no Alemão compõem fonemas separados.
O estudo dos fonemas é desenvolvido pela Fonologia. A fonologia e a fonética são frequentemente confundidas porque os conceitos de fone e fonema também geram confusão, porém elas se distinguem porque ambas olham de maneira diferente para os sons da fala.
Pensando agora nas vogais e em sua classificação, devemos perceber que os critérios são outros. Silva (2015) mostra que para a classificação das vogais considera-se primeiramente a altura da língua no trato oral, onde pode-se classificar as vogais em alta, média alta, média-baixa e baixa, para perceber isso na prática fale pausadamente as vogais i, ê, é, a, ó, ô e u, ao fazer isso tem como ver que a língua vai de uma posição mais alta como em i e u para uma posição mais baixa em a.[3] Depois considera-se a posição da língua da cavidade bucal, de maneira que se ela tiver localizada a frente é chamada de anterior e se tiver mais para a parte final é chamada de posterior, e caso esteja no meio é chama de central. E por último considera-se o arredondamento ou não dos lábios. Para entender essa questão do arredondamento dos lábios faça o som do i e perceba que os lábios ficam estendidos e depois pronuncie u e perceba que os lábios ficam arrendondados, dessa maneira as vogais que deixam os lábios estendidos são chamada de não arredondadas, enquanto que as esse arredondamento são chamadas de arredondadas.
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/5/50/Ipa-chart-vowels.png/246px-Ipa-chart-vowels.png)
Assim sendo, para classificar as vogais foneticamente, faz-se o seguinte:
[i] vogal alta, anterior, não arredondada.
[e] vogal média-alta, anterior, não arredondada.
[u] vogal alta, posterior, arredondada.
[a] vogal baixa, central, não arredondada.
Percebemos assim que esse olhar mais atencioso para a produção dos sons, para entender como eles são feitos, como eles podem ser classificados, quais os sons presentes em uma língua, e também como eles são percebidos pelos falantes entre outras questão vão ser importantes para a fonética, e são todos esses sons consonantais e vocálicos da fala humana o campo de interesse de estudo e o objetivo de pesquisa da fonética.
Relações com a Fonoaudiologia[editar | editar código-fonte]
Ver também[editar | editar código-fonte]
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
- SAMPA: Speech Assessment Methods Phonetic Alphabet
- Fonética: uma entrevista com Luiz Carlos Cagliari. Revista Virtual de Estudos da Linguagem - ReVEL, vol. 4, n. 7, 2006
- Fonética e Fonologia - https://www.cefala.org/fonologia/
Referências
- ↑ Borba 2005.
- ↑ Hayes 2009.
- ↑ a b c d e f Silva 2007.
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
Artigos[editar | editar código-fonte]
Livro[editar | editar código-fonte]
- Borba, Francisco da Silva (2005). Introdução aos estudos lingüísticos 14 ed. Campinas, SP: Pontes. ISBN 8571130574
- Hayes, Bruce (2009). Introductory phonology. Malden, MA: Wiley-Blackwell. ISBN 9781405184113
- Silva, Thais Cristófaro (2007). Fonética e fonologia do português : roteiro de estudos e guia de exercícios 9 ed. São Paulo: Contexto. ISBN 9788572443579