Saltar para o conteúdo

Usuário(a):Fadieira/TestesCaboclosDo2DeJulho

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Caboclos do 2 de Julho

[editar | editar código-fonte]
Carro do Caboclo de Salvador

Os Caboclos do 2 de Julho são figuras emblemáticas da celebração da Independência da Bahia, comemorada em diferentes cidades da Bahia no dia 2 de julho. Os símbolos do caboclo e da cabocla representam a ligação entre os líderes históricos e as raízes do povo da Bahia. Representando a força e a resistência popular, especialmente dos indígenas e mestiços, os caboclos simbolizam a luta pela libertação do Brasil do domínio português.[1]

A tradição dos Caboclos do 2 de Julho tem suas origens na guerra pela independência da Bahia, concluída em 1823, quando as forças brasileiras expulsaram as tropas portuguesas. Após essa vitória, a comunidade começou a organizar desfiles para manter viva a memória das batalhas pela independência. Essa tradição começou em 1824, quando veteranos das batalhas se reuniram e desfilaram da Lapinha até o Terreiro de Jesus, em Salvador. Nos primeiros cortejos, eles seguiam uma carroça antiga que havia sido usada para transportar canhões inimigos, e que provavelmente estava nas mãos dos baianos como um troféu de guerra. Em cima dessa carroça dos primeiros desfiles, havia um homem de etnia indígena. Ele vestia trajes típicos dos indígenas e estava adornado com folhas e frutas, representando a figura do Caboclo. Não se sabe exatamente quando a imagem atual do Caboclo, uma escultura de cerâmica, foi criada, mas acredita-se que tenha surgido nessa mesma década, com a imagem da Cabocla aparecendo cerca de 20 anos depois.[2]

Os caboclos não são meras representações cívicas, eles também possuem relevante conotação religiosa

As figuras do caboclo e da cabocla representam a ligação entre as personalidades históricas e as raízes do povo baiano. Após a expulsão das tropas portuguesas da Bahia, em julho de 1823, a população começou a organizar desfiles para preservar a memória das batalhas de libertação.[3]

Caboclos são elementos centrais

[editar | editar código-fonte]

Além de Salvador, outras cidades baianas celebram a sua participação nos conflitos que não apenas expulsaram os portugueses da Bahia, mas foram cruciais para que a emancipação política do Brasil fosse finalmente garantida. As festas ocorrem com uma dinâmica, ordem e tempos próprios, mas um ponto em comum entre elas é o cortejo dos caboclos, que é um dos momentos mais aguardados da celebração da Festa do 2 de Julho. Cidades como Santo Amaro, São Félix, Itaparica, Cachoeira, Saubara, Jaguaripe, Maragogipe, Caetité, Itacaré, Valença são locais têm cortejos com protagonismo para esses símbolos.[4]

O Caboclo é geralmente representado como um guerreiro indígena, com arco e flecha, cocar e trajes tradicionais. Ele simboliza a força, coragem e resistência dos povos indígenas na luta pela independência.

A Cabocla é representada como uma mulher forte e destemida, frequentemente vestida com roupas tradicionais indígenas ou de mestiças. Ela complementa a figura do Caboclo, representando a importância das mulheres na história e na luta pela liberdade.

Rito dos caboclos une Cachoeira e São Félix na celebração da Independência da Bahia

[editar | editar código-fonte]
Caboclo de Cachoeira e Cabocla de São Félix na Praça 2 de Julho, em São Félix

Embora sejam comemoradas em datas diferentes, a festa da independência da Bahia nas cidades de Cachoeira e São Félix é unida pelo rito dos caboclos. Desde que a data começou a ser celebrada em Cachoeira, as imagens de um casal de caboclos têm sido usadas para representar a participação popular nas batalhas. Após a emancipação de São Félix, a cabocla foi levada para a outra margem do rio Paraguaçu, enquanto o caboclo permaneceu em Cachoeira. Os dois se encontram apenas entre 24 de junho e 2 de julho. Na véspera do desfile de Cachoeira, realizado em 25 de junho, data em que os combates começaram na cidade[5], o Caboclo é levado da Câmara até a entrada da ponte Dom Pedro II, onde ele recepciona a Cabocla Catarina Paraguaçu, que pertence a São Félix.

Após o desfile, ela fica alguns dias em Cachoeira para receber as visitas dos devotos ao lado do Caboclo. No dia 27 de junho, ambos são levados em cortejo para São Félix, onde permanecem em exposição na Praça 2 de Julho até o dia 2 de julho, quando desfilam juntos na celebração de Dois de Julho em São Félix. Depois, a Cabocla repete o rito de cordialidade entre as duas cidades, levando o Caboclo até a entrada da ponte para seu retorno a Cachoeira.[6]

O Caboclo de Cachoeira reside no memorial anexo à Casa de Câmara e Cadeia de Cachoeira. Talvez para lembrar a importância da liberdade, o memorial foi instalado na parte de baixo, onde ficavam as antigas cadeias, pois essas instituições, durante o período colonial e parte do império, tinham a função de aplicar as penas do sistema de justiça. A Cabocla Catarina Paraguaçu reside na Casa de Cultura Américo Simas. Ela é a única cabocla que carrega uma lança[7] em posição de luta entre todas as que desfilam no dia da Independência da Bahia.

  1. Marianna Teixeira Farias (29 de junho de 2024). «Os Caboclos e Caboclas no 2 de Julho». Jornal Correio 
  2. «Os Caboclos: como surgiram as imagens do povo baiano no 2 de Julho?». Secom Prefeitura Municipal de Salvador 
  3. Filho, Sergio Armando Diniz Guerra (3 de setembro de 2022). «Dois de Julho: Festas de Caboclo e Cabocla e a Guerra de Independência na Bahia». Em Tempo de Histórias (40). ISSN 2316-1191. doi:10.26512/emtempos.v1i40.43986. Consultado em 2 de agosto de 2024 
  4. Cleidiana Ramos (1 de Julho de 2023). «Caboclos são elementos centrais em festa de outras cidades baianas». A Tarde Memória. Consultado em 5 de agosto de 2024 
  5. Bahia: Memórias de Luta e Liberdade (PDF). E-book Cartilha Independência. [S.l.]: Cartilha_Independencia_e-book-2 
  6. «O Caboclo e a Cabocla são conduzidos para a co-irmã São Félix, onde ficarão até o 2 de julho». Câmara Municipal de Cachoeira 
  7. «A Cabocla de São Félix». Meus Sertões. 10 de julho de 2023