Usuário(a):FelipeCassiaro/Testes
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Arquiteto |
Elisário Bahiana, concluído pelo arquiteto Dácio A. de Morais |
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Período de construção |
1930 |
Restaurado |
1989, 2001 |
Uso |
Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo |
Estilo | |
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Pisos |
13 |
Localização |
Rua Líbero Badaró, 39 - São Paulo |
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O Edifício Saldanha Marinho está localizado na cidade de São Paulo, à rua Líbero Badaró, 39 - Largo São Francisco, atualmente sede da Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo. Projetado pelo arquiteto carioca e radicado em São Paulo Elizário da Cunha Bahiana e realizado pelo arquiteto Dácio Aguar de Moraes. O edifício foi o primeiro modelo em estilo Art Déco no Brasil, concluído em 1933.[1][2]
Originalmente, o projeto foi concebido e iniciado para o Automóvel Clube de São Paulo, sendo pouco depois adquirido pela Companhia Paulista de Estradas de Ferro C.P.E.F., que finalizou as obras de construção e término do edifício. O nome do edifício Saldanha Marinho foi em homenagem ao Jornalista, Sociólogo e Político Dr. Joaquim Saldanha Marinho, que foi presidente das províncias de Minas Gerais e de São Paulo, além de ter sido deputado pela província de Pernambuco, bem como ter sido uns dos ícones maçônicos brasileiros à época, quando escrevia artigos e textos sob o codinome de Ganganelli.
Embora Elizário da Cunha Bahiana assine a obra, a estrutura do edifício foi de autoria de Cristiano Stockler das Neves, importante arquiteto brasileiro responsável pela criação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Mackenzie. Esta estrutura foi vencedora de um concurso arquitetônico promovido pelo Automóvel Clube de São Paulo.[3]Com a ocupação da C.P.E.F., os vitrais instalados pela Casa Conrado foram mantidos, por representarem importante momento evolucionário das companhias ferroviárias no Brasil.[4] Muitos detalhes, tanto no interior quanto na fachada do edifício, ainda podem ser contemplados em bom estado de conservação, inclusive os guichês que vendiam as passagens ferroviárias.
Em 1986 o edifício foi tombado pelo Condephaat, resolução SC 39/86, de 08 de Setembro de 1986, publicado no D.O.E. em 09/09/1986, por se tratar de um edifício de alto interesse para a história arquitetônica da cidade de São Paulo.
Arquitetos[editar | editar código-fonte]
Os dois arquitetos que trabalharam na projeção do edifício juntam obras de grande importância na cidade. Elizário da Cunha Bahiana é responsável por obras como o Viaduto do Chá e o Jockey Club de São Paulo. Já Dácio A. de Moraes, influente arquiteto que atuou tanto na criação de residências quanto de prédios. (referência livro Os arquitetos da Poli: ensino e profissão em São Paulo). Dácio A. de Moraes ficou responsável pela obra assim que a C.P.E.F. assumiu a obra. Ele foi, então, responsável pelo formato triangular do edifício, adequado ao quarteirão em que se encontra, com esquinas arredondadas. O edifício, no entanto, não segue a Escola de Chicago, tendência arquitetônica em voga durante o período de sua construção, por não apresentar a estruturação básica desta escola, a divisão do edifício entre base, fuste e capitel. [5]
Nascido no Rio de Janeiro, Bahiana formou-se engenheiro e arquiteto na Escola Nacional de Belas Artes. Sua atuação na arquitetura brasileira contrapunha-se a uma maioria de arquitetos vindos do exterior. O Edifício João Brícola, ou prédio do Mappin, é uma de suas mais marcantes obras do período. Bahiana chegou a interromper seus estudos entre 1911 e 1918. À ocasião de sua volta ao estabelecimento de ensino, passou três anos consecutivos como o aluno mais bem classificado.[6] Seu último projeto conhecido data de 1974, seis anos antes de sua morte em São Paulo, onde residia.
Contexto sócio-político-cultural[editar | editar código-fonte]
Durante a década de 30, a cidade de São Paulo possuía quase 1 milhão de habitantes. Até meados da década de 40, a cidade viu crescer sua população economicamente ativa. Novas oportunidades de negócios foram responsáveis por uma onda de construção de arranha-céus em São Paulo neste período.[5]Assim, o capital imobiliário foi alavancado pelo crescimento da população e pelas novas tecnologias em concreto armado. Muitas das empresas de arquitetura que se estabeleceram no período continuam atuando. O Edifício Saldanha Marinho é considerado um dos mais inovadores deste cenário onde o investimento público em obras arquitetônicas modernas atingia grandes proporções.[7]
Com isso, nota-se o acentuado processo de modernização do centro de São Paulo, formando "um parque imobiliário completo, de alta densidade e intensa verticalização".[8] Ali, edifícios antigos encontravam-se com o mais moderno da arquitetura urbana. Prédios como o Edifício Saldanha Marinho apresentavam espaços internos abertos e flexíveis, embora não totalmente livres da tradição acadêmica regente.
É importante também a importância que ganhava o modernismo em São Paulo durante o mesmo período em que o Art Déco chegou à cidade. Esta outra corrente, o modernismo, frequentemente se misturava ao Art Déco em alguns edifícios nesta época. Desta maneira, padrões empregados durante o século XIX foram lentamente desaparecendo dos edifícios de São Paulo. Dentre os símbolos do modernismo incentivado por Vargas, a partir de 1930, o mais marcante encontra-se na forma do prédio do Ministério da Educação e Saúde, que juntava características próprias do modernismo, como a preocupação com a utilização pública do espaço.[9]
Quanto ao Art Déco, é difícil até mesmo definir os limites de sua representação nos edifícios dos anos 30 e 40 em São Paulo. Isto se dá porque as obras em arquitetura Art Déco estão sempre misturando elementos de outras vertentes mais predominantes em sua época. A arquitetura Art Déco recebeu, em grande parte, influências do cubismo, do expressionismo e do futurismo, vindos das artes plásticas.
Em São Paulo, especificamente, o Art Déco viveu seu auge nos anos 30, onde, além de estar presente na arquitetura dos grande arranha-céus, geralmente empregados por órgãos do Estado, o estilo se fez notar em lojas, prédios de apartamento, cinemas, clubes e até mesmo emissoras de rádio. Sob a ótica do Art Déco na arquitetura, as fachadas dos edifícios eram consideradas de domínio público, exigindo, então, sofisticação e beleza, para integrar a construção à nova fase moderna pela qual a cidade de São Paulo passava após forte incentivo de industrialização por Vargas. [10]
No entanto, não foram apenas edifícios comerciais ou estatais que tiveram influência do Art Déco na década de 30. Por todo o Brasil, casas unifamiliares também apresentaram as características do estilo em suas construções nesta época.
Mudanças à planta original[editar | editar código-fonte]
Entre as mudanças executadas por Dácio A. de Moraes, estão o reposicionamento dos sanitários, que saíram do vestíbulo para a extremidade oposta à fachada principal e a construção de duas lajes entre o 6° e o 7° andar e entre o piso térreo e o 1º andar, o que exigiu reforço nas nervuras do radier e nos muros perimetrais. Ainda sob a arquitetura de Dácio, o edifício perde adereços do estilo Luíz XVI. A abertura na fachada foi mantida, bem como os principais eixos de circulação e a posição das escadas e dos elevadores. Isto teria ocorrido, segundo pesquisadores, por conta das dificuldades no processo de adaptação geradas pela interrupção da obra em estado já avançado. [8]
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/3/3d/Edif%C3%ADcio_Saldanha_Marinho_23.jpg/220px-Edif%C3%ADcio_Saldanha_Marinho_23.jpg)
Reforma de 2001[editar | editar código-fonte]
Atualmente, todo o espaço do Edifício Saldanha Marinho é ocupado pelo órgão. Com aprovação do Condephaat, aconteceu no ano de 2001 uma reforma que visava viabilizar o melhor funcionamento da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, sob a gestão do então governador José Serra. Foram, então, instalados sistema de iluminação com luminárias de baixo consumo de energia, transmissão de voz e dados via sistema digital, fibra óptica e fonte de alimentação ininterrupta para computadores. Foram também instalados novos equipamentos de combate a incêndio e de segurança em geral. [11]
Ainda nesta reforma, o prédio recebeu sanitários para deficientes em todos os pisos. No décimo terceiro andar, há um salão nobre para reuniões e um salão oval com vista para a Rua Líbero Badaró. Antes desta reforma, o edifício só havia recebido nova pintura no ano de 1989.[12]
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/6/6d/Edif%C3%ADcio_Saldanha_Marinho_30.jpg/250px-Edif%C3%ADcio_Saldanha_Marinho_30.jpg)
Atualmente, considera-se o Edifício Saldanha Marinho completamente reformado e recuperado. Ali, trabalham cerca de 200 funcionários do Estado, em diferentes divisões da polícia.
Com um total de 10 andares, o edifício tem lajes a partir de 478m² e 2 elevadores sociais. Possui ainda ar-condicionado individual. De classificação C, o prédio não possui salas disponíveis para locação. O exterior do prédio traz ideias características de Elisário Bahiana, como curvas que remetem à arquitetura naval, criando dinamismo que contrasta com as fachadas antigas dos demais prédios da região.[6] Já o topo do edifício apresenta as decomposições prismáticas e escalonadas que também eram empregadas por Eliseu Bahiana em suas obras Art Déco.
Galeria[editar | editar código-fonte]
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Logotipo da Cia Paulista de Estradas de Ferro
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Lustre e decoração originais da Cia Paulista de Estradas de Ferro
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Vitral participou da construção original do prédio
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Vitral da Cia Paulista de Estradas de Ferro
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Topo coroado ao estilo Art Déco
Referências
- ↑ [1]
- ↑ «Edifício Saldanha Marinho». Bens tombados pelo CONDEPHAAT. Secretaria de Estado da Cultura. Consultado em 18 de novembro de 2016
- ↑ Ficher, Sylvia (1 de janeiro de 2005). Os arquitetos da Poli: ensino e profissão em São Paulo. [S.l.]: EdUSP. ISBN 9788531408731
- ↑ «Sede da SSP faz 80 anos de art déco no Centro de SP». Consultado em 3 de novembro de 2016
- ↑ a b Vargas, Heliana Comin; Araujo, Cristina Pereira de. Arquitetura e mercado imobiliário. [S.l.]: Editora Manole. ISBN 9788520439562
- ↑ a b Gati, Catharina. «Entre o pastiche e o moderno». Revista aU - Arquitetura e Urbanismo. Consultado em 18 de novembro de 2016
- ↑ «Arquitetura brasileira nos anos 30 - Revolução de 30 - iG». Último Segundo
- ↑ a b Os edifícios Saldanha Marinho: relações entre representação, projeto e obra - ALMEIDA, Eneida de
- ↑ «Anos 30: uma arquitetura consolidada pelo modernismo». Hometeka. 22 de outubro de 2015
- ↑ Correia, Telma de Barros (1 de dezembro de 2008). «Art déco e indústria: Brasil, décadas de 1930 e 1940». Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material. 16 (2): 47–104. ISSN 0101-4714. doi:10.1590/S0101-47142008000200003
- ↑ «Secretaria de Estado da Segurança Pública - Governo do Estado de São Paulo». www.ssp.sp.gov.br. Consultado em 3 de novembro de 2016
- ↑ «Folha de S.Paulo - Tinta descaracteriza prédios paulistanos em estilo art déco - 21/11/2010». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 3 de novembro de 2016