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As Relações diplomáticas entre a República Portuguesa e a República da Coreia remontam à década de 60 do século XX[1]. Contudo, existem registos da presença de portugueses na península da Coreia durante o século XVII, quando o comerciante português João Mendes se torna o primeiro português a pisar solo coreano, em 1604[2]. Atualmente Portugal e a República da Coreia mantêm relações próximas e amigáveis, cooperando bilateral e multilateralmente, no âmbito das diversas organizações internacionais a que pertencem.
História
[editar | editar código-fonte]Navegadores portugueses foram os primeiros europeus a viajar para a península da Coreia, quando o comerciante português João Mendes, ao realizar uma viagem pela Ásia Oriental, passando por Macau, e com o objetivo de expandir a sua atividade comercial, após ser feito cativo juntamente com outros membros da sua tripulação numa batalha com um navio pertencente a uma missão comercial japonesa, desembarca na Costa Sudeste da Coreia[3]. Para comemorar este acontecimento, a cidade de Tongyeong construiu um monumento em sua homenagem.[1]
Contudo, ainda durante o século XVI, tanto a cartografia portuguesa como os textos escritos por padres jesuítas portugueses continham já um número significativo de referências à Coreia. Luís de Fróis, na sua História do Japão (que dedica dez capítulos à Coreia), Tomé Pires, na sua Summa Oriental, Fernão Mendes Pinto, o famoso autor de A Peregrinação, Fernão Vaz Dourado, Gaspar Vilela, ou o padre Manuel Teixeira, constituem alguns dos autores e cartógrafos onde se podem encontrar numerosas referências à Coreia.[3]
Portugal e a Coreia podem assim traçar a origem das suas relações até à era das explorações portuguesas, e à primeira vaga de globalização. No entanto, durante os séculos seguintes, as políticas isolacionistas dos governantes da Coreia, a distância geográfica entre os dois países, bem como a maior preocupação de Portugal com outros territórios na Ásia de Leste, nomeadamente a China e o Japão, levaram a um reduzido contacto entre os dois povos até ao século XX.
Em 1948 é formada, no Sul da Península da Coreia, a República da Coreia, bem como a República Popular Democrática da Coreia, no norte da península. Após a conclusão da Guerra da Coreia em 1953 a divisão da península entre as duas nações é consolidada, mantendo-se até aos dias de hoje. No entanto, o governo português apenas viria a estabelecer relações oficiais com a República da Coreia em 1961, com a abertura de relações diplomáticas em abril desse ano.
Após a transição democrática portuguesa as relações entre os dois países intensificam-se, registando-se a abertura da Embaixada da República da Coreia em Portugal a junho de 1975, e a acreditação do primeiro representante diplomático português na Coreia do Sul, que ocorre a 14 de maio de 1977, com a acreditação do Embaixador de Portugal ao Japão como Embaixador não residente na Coreia do Sul[4]. Em agosto de 1988, Portugal abre a sua embaixada em Seul.[1]
Desde então registam-se diversas visitas oficiais entre governantes de ambos os países, após a visita do então Primeiro-ministro português Mário Soares à Coreia do Sul em junho de 1984, que viria a ser correspondida pela visita do Primeiro-Ministro Sul Coreano Shin Young Noh a Portugal em janeiro de 1987[1]. Mais recentemente o então Presidente da República Portuguesa, Aníbal Cavaco Silva, realizou uma visita oficial à Coreia do Sul em julho de 2014.[5]
O Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva, juntou a sua voz aos protestos internacionais aos testes nucleares realizados pela Coreia do Norte em janeiro de 2016, demonstrando a sua preocupação com a escalada de tensões na península da Coreia, apelando para a condenação unânime da comunidade internacional aos referidos testes, bem como à adoção de medidas que possam garantir a segurança e estabilidade regional na Península da Coreia.[6]
Acordos Bilaterais
[editar | editar código-fonte]Desde o estabelecimento de relações diplomáticas entre os dois países verifica-se a assinatura de diversos acordos bilaterais entre as duas nações, incluindo um Acordo de comércio, assinado em 1977; um acordo de cooperação económica industrial e técnica, celebrado em 1984; um Acordo cultural, firmado em 1990, um Acordo sobre a promoção e proteção mútua de investimentos, datado de 1995, e uma convenção para evitar a dupla tributação e prevenir a evasão fiscal em matéria de impostos sobre o rendimento, concluído em 1996.[4]
Visitas de Estado e oficiais
[editar | editar código-fonte]Após o estabelecimento de relações diplomáticas entre os dois países verificam-se diversas visitas oficiais entre os governantes de ambos os países, seguindo-se uma lista não exaustiva das referidas visitas:[1]
Visita de Governantes Coreanos a Portugal:
[editar | editar código-fonte]- janeiro de 1987: Shin Young Noh, Primeiro-ministro
- janeiro de 1996: Jong Ha Yoo, Ministro dos Negócios Estrangeiros
- junho de 1999: Jong Pil Kim, Primeiro-ministro
- janeiro de 2001: Sam Nam Yoo, Ministro do Mar, Pescas e Floresta
- junho de 2002: Sung Hong Choi, Ministro dos Negócios Estrangeiros
- junho de 2006: Myung Sook Han, Primeira-ministra
- abril de 2009: In Chon Yoo, Enviado Especial do Presidente
- julho de 2009: Myung Hwan Yoo, Ministro dos Negócios Estrangeiros
- novembro de 2009: Seung Soo Han, Enviado Especial do Presidente
- julho de 2010: Hee Tae Park, Presidente da Assembleia da República
- abril de 2011: Geun-hye Park, Enviada Especial do Presidente
Visita de Governantes Portugueses à República da Coreia:
[editar | editar código-fonte]- junho de 1984: Mário Soares, Primeiro-ministro
- outubro de 1993: Mário Soares, Presidente da República (Participação na Exposição de Taejeon)
- outubro de 2000: António Guterres, Primeiro-ministro (Participação na Cimeira da ASEM)
- junho de 2002: Martins da Cruz, Ministro dos Negócios Estrangeiros
- setembro de 2005: Mariano Gago, Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
- fevereiro de 2006: Manuel Pinho, Ministro da Economia e Inovação
- abril de 2010: Luís Amado, Ministro dos Negócios Estrangeiros
- fevereiro de 2011: Teixeira dos Santos, Ministro das Finanças
- setembro de 2012: Assunção Cristas, Ministra da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território
- abril de 2014: Rui Machete, Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros
- julho de 2014: Assunção Cristas, Ministra da Agricultura e do Mar
- julho de 2014: Aníbal Cavaco Silva, Presidente da República
Relações Económica
[editar | editar código-fonte]A Coreia do Sul e Portugal possuem uma robusta relação económica, registando-se a presença de diversas empresas coreanas em Portugal, destacando-se a Samsung, Hanon Systems Portugal, Yudo EU, e LG Portugal, entre outras[1]. A Coreia do Sul é um parceiro comercial relevante de Portugal no continente asiático.
Com efeito, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística, em 2019 a Coreia do Sul era o 47º cliente das exportações portuguesas de bens, com uma quota de 0.2% do total, enquanto ocupava a 24ª posição a nível das importações (0.6% do total). Ao longo do período de 2015 a 2019 verificou-se um crescimento ao nível do crescimento de bens entre os dois países, tendo as exportações de Portugal para a Coreia crescido em média 2.9% durante este período, enquanto as importações cresceram 11.8% no mesmo período. Estes dados indicam também que a balança comercial entre estes dois países é tendencialmente desfavorável para Portugal, tendo este país registado um défice de 415 milhões de euros em 2019 nas trocas comerciais com a República da Coreia.[7]
Em 2020 o valor das exportações portuguesas para a Coreia foi de 178 milhões de euros, enquanto o valor total das importações de bens da Coreia foi de 394 milhões de euros. Nesse ano verificou-se uma diminuição no comércio entre os dois países, justificada sobretudo pela situação pandémica causada pela Covid-19, e os seus efeitos na economia mundial.
Na estrutura de exportações portuguesas para a Coreia do Sul destacam-se os Plásticos e Borracha, Máquinas e Aparelhos, Metais Comuns, Matérias Têxteis e o Calçado. Por outro lado, os principais grupos de produtos importados foram os Veículos e Outro material de Transporte, os Plásticos e Borracha, as Máquinas e Aparelhos, os Metais Comuns e os Combustíveis Minerais.[8]
Relações Culturais
[editar | editar código-fonte]O Instituto Camões, responsável pela promoção da língua e cultura portuguesa no estrangeiro, encontra-se presente na República da Coreia, possuindo um Centro de Língua Portuguesa em Seul, e mantendo um Protocolo de Cooperação com a Universidade Hankuk de Estudos Estrangeiros. Registam-se igualmente diversas iniciativas de promoção cultural entre os dois países.[9]
Missões Diplomáticas
[editar | editar código-fonte]- Portugal tem uma Embaixada em Seul. Portugal dispõe ainda de um consulado honorário em Pusan.[10]
- A República da Coreia tem uma Embaixada em Lisboa. A Coreia do Sul dispõe também de 2 Consulados Honorários em Portugal, nas cidades do Porto e de Faro.[11]
Referências
- ↑ a b c d e f «Relações Bilaterais 상세보기|Relações BilateraisEmbaixada da República da Coreia em Portugal». overseas.mofa.go.kr. Consultado em 11 de maio de 2021
- ↑ «Mensagem do Embaixador». Embaixada de Portugal na Coreia do Sul. Consultado em 11 de maio de 2021
- ↑ a b «Embaixada de Portugal em Seul». web.archive.org. 27 de agosto de 2016. Consultado em 11 de maio de 2021
- ↑ a b «República da Coreia». Portal Diplomático. Consultado em 11 de maio de 2021
- ↑ «Visitas de Estado e Oficiais». anibalcavacosilva.arquivo.presidencia.pt. Consultado em 11 de maio de 2021
- ↑ «Portugal critica teste nuclear ″condenável a todos os títulos″». www.dn.pt. Consultado em 11 de maio de 2021
- ↑ «My AICEP». My AICEP. Consultado em 11 de maio de 2021
- ↑ «South Korea (KOR) and Portugal (PRT) Trade». oec.world (em inglês). Consultado em 11 de maio de 2021
- ↑ «Coreia do Sul». Camões, I.P. 23 de junho de 2016. Consultado em 11 de maio de 2021
- ↑ «Informação geral». Embaixada de Portugal na Coreia do Sul. Consultado em 11 de maio de 2021
- ↑ «Corpo Diplomático em Portugal». Portal Diplomático. Consultado em 11 de maio de 2021